Hokuto no Ken – Fist of The North Star
Omae wa mou shindeiru…
Há muito tempo atrás, quando o mundo estava em plena guerra fria surgiu um mangá desenhado por Tetsuo Hara e escrito por Buronson. Escrito por um cara com um nome desses não podia dar errado.
E mais, não poderia deixar de ser a coisa mais máscula já produzida e conseguentemente, os japoneses não conseguem mais produzir tanta testosterona, o que explica o fato de animes mais recentes serem povoados de lixeiros ninja, séries com nome de produto de limpeza e piratas que não chegam a lugar nenhum. Há apenas alguns espasmos de masculinidade restantes na produção cultural daquele lugar.
Mas estou divagando.
Hokuto no Ken acompanha a história de Kenshiro, um praticante da escruciante arte marcial chamada Hokuto Shin ken. Essa arte marcial foca em atingir pontos vitais do corpo humano e liberar sua energia nos golpes. Aí o cara explode. Simples assim.
Abaixo uma divertida amostra do golpe Hokuto Hyakuretsu-ken.
https://www.youtube.com/watch?v=YSgpU70MZno
Há muitos outros efeitos divertidos como controlar o momento que o inimigo vira do avesso ou controlar seus movimentos enfiando dedos na cabeça do sujeito. E isso é o que o HERÓI da história faz.
A história se passa num mundo onde a Guerra Fria acabou quando Ronald Reagan estava totalmente senil e mandou o dedo no Botão Vermelho. Cogumelos atômicos aqui e ali e tudo que resta é uma terra devastada e desertica.
Kenshiro vaga por esse desertão em busca de sua amada, Yuria, que foi sequestrada por Shin, praticante do estilo Nanto Koshuken, também simpático. Não foi muito agradável o acontecimento. Kenshiro leva uma surra de Shin, que crava os dedos no peito de Kenshiro, fazendo, de sarro, um desenho da constelação Ursa Maior (Hokuto). Em troca de Shin poupar a vida de Kenshiro, Yuria aceita ser sua esposa. Kenshiro é largado no deserto.
Um ano depois, ele encontra uma pequena aldeia sendo saqueada pela praga que infesta mundos desérticos pós-apocalípticos, punks. Lá ele acaba conhecendo Bat e Lynn. Bat poderia ser um moleque que pensa ser foda, quase um Scooby-Loo, mas é inteligente demais para isso e sabe que se bancar o machão naquele lugar vira adubo. Mas está na cadeia da aldeia por roubar e causar problemas. Lynn é uma menina, muda desde que viu os pais sendo mortos na frente dela. Considerando como crianças naquele lugar devem ver morte com frequencia, para traumatiza-la assim, a morte dos pais de Lynn deve ter sido qualquer coisa de especialmente horrivel.
Mas é uma menina doce que leva comida para Kenshiro na cadeia, onde colocaram ele por confundi-lo com um dos punks. Quando os verdadeiros punks atacam e começam a punkalizar, Kenshiro simplesmente arrebenta as barras e sai para espalhar justiça e entranhas.
Depois daí, acompanhado por Bat e Lynn, que perceberam que o lugar mais seguro era ao lado dele, Kenshiro continua sua jornada. Tal jornada inclui encontros com gigantes, militares malucos, seus outros irmãos, aliados inesperados e por aí vai. Ele encontra Yuria eventualmente, e não é muito legal.
Hokuto no Ken, com sua arte marcial, violencia, guerreiros com ligações à estrelas e constelações foi a inspiração para Cavaleiros do Zodiaco, lançado 3 anos depois. Mas como os niveis de masculinidade no Japão ainda não haviam se recuperado, acabamos tendo que ver o Shun esquentando o Hyoga com o calor de seu “cosmo” e o Shiryu dormindo com o Kiki.
Os personagens são bastante bem construidos desde Kenshiro que é um sujeito caladão, mas com ótimo coração. As crianças inclusive, não são aquelas crianças geniais e mesmo Bat você só tem vontade de bater nele um pouco. Os vilões mais importantes também são interessantes e com backgrounds elaborados e por vezes trágicos. O que nos leva à um ponto interessante.
Você já deve ter ouvido a expressão “lágrimas masculinas”, que se refere aqueles momentos que mesmo o mais másculo dos homens derramar lágrimas, como quando seu melhor amigo, canino ou não, morre, quando alguma nave espacial é destruida, ou quando você assiste Pequena Miss Sunshine. Pois bem, essa expressão é inspirada em Kenshiro, um sujeito tão bom que derrama lágrimas ao perceber que seu inimigo tinha algum motivo para ser cruel. Isso não o impede de mata-los no entanto.
Outro ponto são as analogias religiosas da série vão desde até um novo messias e os mistérios como, de que forma Kenshiro consegue repor suas camisas após rasga-las com sua fúria.
Hokuto no Ken surgiu como mangá, com 245 capitulos e foi adaptado para anime, com 109 episódios na primeira fase e 43 na segunda, mais alguns OVAs e até um inevitavelmente lamentável filme live action. E claro, games. Desde o NES e principalmente, Last Battle do Mega Drive, que era uma adaptação da segunda fase do desenho e Black Belt do Master System também era originalmente Hokuto no Ken.
E claro, Fist of the North Star: Ken’s Rage que segue o modelo da franquia superior, Dinasty Warriors, a melhor forma de adaptar a sanguinolencia de Hokuto no Ken.
Hokuto no Ken tem uma história bastante elaborada para uma série cujas raizes são o mangá shonen, onde iria seguir aquele esquemão de Kenshiro enfrentar um inimigo mais forte que o anterior até o final. Mas logo se diferenciou o suficiente para se afastar da formula. O que é interessante, uma das primeiras séries do tipo foi também uma das primeiras a se afastar da formula shonen e se tornar seinen, com uma temática mais adulta. A série de anime, como foi exibida na TV teve que dar uma amenizada nas cabeças explodindo e tals. Não que tenha cortado, apenas colocaram nas sombras e uns efeitos de luz para dar uma disfarçada na sangreira. Mas não é preciso muita imaginação para sacar o que está acontecendo.
Um detalhe pessoal. Conforme o tempo foi passando, fui perdendo a paciencia com animes ou mangás muito longos, e creio que seja pelo excesso de fillers, arcos que não levam a lugar nenhum e personagens descartáveis. Hokuto no Ken, embora longo não cai com nessas armadilhas de forma que posso assistir sem ficar de saco cheio.
Você tem uma irmã que não gosta? Faça-a assistir Hokuto no ken. A masculinidade exalada irá transforma-la num lenhador canadense. Transexuais operados tiveram seus pênis regenerados e engravidaram mulheres por toda parte. E toda mulher que olhou para a capa do mangá engravidou instantaneamente de trigêmeos. O efeito que teve quando reassisti essas semanas foi que minha barba ficou mais espessa por ter crescido uma barba nela.
Mas mesmo o envenenamento testosterônico da série não impede que a poesia surja.
Rosas são vermelhas
Violetas são azuis
Omae wa mou
shindeiru…
Acompanhem a abertura.
https://www.youtube.com/watch?v=HDmELx2q3LE
E agora uma parodia sensacional.
Agora busquem Hokuto no Ken. Agora. Já. Não deixem para quando vocês já estiverem mortos.