Harley Quinn – a série animada.

Não mais falando “Mistah J”

 

Acho que todos concordamos que a Arlequina é uma personagem profundamente saturada. Ela teve um começo digamos humilde, como personagem de apoio para, originalmente, um unico episodio do desenho do Batman.

Ela se mostrou suficientemente popular para aparecer em outros episodios, se desenvolver e anos depois ser transplantada com sucesso para os quadrinhos.

 

 

Foi sua aparição no jogo Arkhan Asylum que marcou sua mudança de visual e retorno aos holofotes, uma posição que não deixou desde então, sofrendo da chamada, por mim, Sindrome Deadpool. A editora passou a enfia-la em tudo quanto é coisa para fazer a personagem render e ficar popular. Esse tipo de atitude geralmente não é bem sucedida, haja vista as tentativas da Marvel com Os Inumanos e a Capitã Marvel.

Seja pela insistencia, seja pela qualidade, ou por algum fator exotérico aí, o qual ninguém consegue prever, e quem fizer isso vai ganhar um caminhão de grana, deu certo. Até demais.

Quer dizer, estou tão animado para o vindouro filme quanto para um tratamento de canal.

Por isso acabei dando uma chance para o desenho em um domingo de tedio tão profundo que fiquei dividido entre ver o desenho ou ler Kierkegaard de novo. E uma vez na vida já basta.

Aqui, Arlequina (dublada pela ótima Kaley Cuoco) acaba de cair em si sobre como seu relacionamento com o Jóker é, na falta de uma expressão melhor, totalmente fodido.

Nada me deixa mais perplecto do que as pessoas que acham “lindo”….

Mas ela não está disposta a abandonar a vida de crime e quer realizar seu maior sonho, entrar na Legião do Mal.

Para isso ela começa a reunir uma equipe disposta a acompanha-la nessa caminhada.

O treco, como não podia deixar de ser, é uma comédia. E é ótimo.

A começar pela equipe da Harley.

 

 

O vilão da Mulher Maravilha, o anãozinho psiquico, Dr. Psyco, que só aceita por ter caido em desgraça com a midia, o publico e o resto da Legião do Mal por xingar a Mulher Maravilha de “cunt” durante uma luta. Usar a tradução como “vadia” é aproximado, mas não muito bom, porque também há uma conotação de falta de inteligencia e inutilidade que essa expressão em portugues nao tem. Mas a gringaiada acha tão ofensivo se referir a uma mulher como “cunt” quanto usar o temido “nigga”, tanto que é a unica vez que rola uma censura com “beeep” no desenho. Ou seja, o Dr Psyco está ferradão.

Depois temos Cara de Barro, na sua encarnação mais famosa, o ator Basil Karlo. E é um sujeito extremamente dramático e um ator que não fará falta aos palcos, por assim dizer.

Há também a melhor encarnação do Tubarão Rei, como um tubarão gorducho enorme, com jeito de nerd e que fala como se fosse o filho do Cleveland de Family Guy.

Meio que ajudando está a melhor amiga de Harley, Hera Venenosa, que na verdade está sempre tentado dissuadir Harley da ideia.

A propria Harley é mostrada mais como se fosse a DeeDee do Laboratorio de Dexter adulta. Ou seja, ela não bate bem, mas não é insuportável como ela costuma ser retratada. Eu gosto dessa Arlequina como não gostava muito de nenhuma desde sua aparição original. E aqui finalmente há uma boa progressão da personagem como, por exemplo, porque ela abandona o visual original para o que tem agora.

Há toda uma classe de absurdos, como a Legião do Mal ter acessoria de imprensa e até mesmo aquele capacetão que é a base da Legião estar no meio de uma cidade, como se fosse um museu normal.

 

 

Como mencionei, a comédia é excelente, cheia de easter eggs legaizins, também como é animação para adultos não poupa certos aspectos como gore, piadinhas de duplo sentido e umas sutilezas ótimas, como a razão de porque Bane faz parte da Legião por exemplo.

Ou o que o senhorio da Hera pensa quando vê toda a equipe com camisetas do Esquadrão Suicida (o velho  acha que eles são um culto).

 

 

É meio como se Teen Titans Go! e Justiça Jovem tivessem um filho que fosse uma união de seus melhores aspectos, sem os piores virem junto.

Acho plenamente válido e até necessário dar uma assistida nesse desenho, não é dificil de achar nos locais que todos sabem quais são.