Fantasma na Concha – Vigilante do Amanhã
“Ninguém sabe o que é Ghost in the Shell” disse a produtora.
Então a versão gringa de Ghost in the Shell heim?
Visualmente, está do caralho. Há cenas do filme original quase recriadas quadro-a-quadro. Os olhos cibernéticos do Batou e até a roupa de invisibilidade-que-faz-parecer-pelada está ali, e o que é melhor, grudada em Scarlett Johansson.
E é sobre isso que quero falar na verdade. Mais ou menos. Mas antes, outro trailer de um live action de anime que chegou a pouco de fora.
Fullmetal Alchemist e esse também está com um ótimo visual, guardadas, claro, as devidas proporções de produção e valores. Agora o que está acontecendo é o já costumeiro bafáfá sobre o chamado “white washing”, o hábito das produções de Holywood de escalar atores brancos para papeis de outras etnias, no caso óbvio, a muito caucasiana Scarlett Johansson no papel da japonesa Motoko Kusanagi.
Não é um costume recente, vem desde lá do inicio do cinema americano, então tivemos absurdos como o Mickey Rooney usando uma dentadura e apertando os olhos para interpretar o sr. Yunioshi em Bonequinha de Luxo ou John Wayne no papel de Genghis Khan em Sangue dos Bárbaros. E nunca parou ai.
A desculpa mais comum é que “atores de outras etnias não vendem tantos ingressos”. Claro, essa desculpa é a mais sincera e por isso mesmo a menos usada. A mais comum é que “essa é a pessoa certa pro papel”. Como se esquecer do mais infame exemplo atual, o elenco de O Ultimo Mestre do Ar? Que supostamente, deveria ser de chineses.
Já há algum tempo se tem feito o contrário, num esforço, canhestro, na minha opinião de reverter esse quadro. Ai, é claro, no afã de estar “do lado certo da História” temos coisas estranhas como o afro deus nórdico Heimdall. Mas é uma iniciativa.
O que tenho visto é gente reclamando que no filme de Fullmetal, o elenco é japonês, quando os personagens não são. O mesmo aconteceu com o live de Attack on Titans, onde o fato da Mikasa ser praticamente a ultima japonesa viva tem algum destaque.
É preciso dizer que a reclamação faz um certo sentido nesse caso, mas havemos de convir que, é mais fácil para um estudio americano encontrar atores de outras etnias do que um estudio japonês fazer o mesmo. A lingua e o fator financeiro certamente seriam dois empecilhos imensos.
Mas na verdade, o que está me deixando mais preocupado com o filme é as mudanças que parecem estar surgindo no roteiro. Pelo que deu a entender, a Major é um androide. Nas obras originais, o mangá e os animes, ela era uma mulher que teve o corpo substituido, um procedimento não tão incomum ali.
O “fantasma na concha” é justamente isso, a mente humana num casco metálico. O questionamento é sobre uma pessoa não ser mais feita de carne ser ou não uma pessoa ainda. A abordagem parece que será outra.
A escolha da Scarlett Johansson, chamada apenas de Major no filme, até que não ficou ruim. Ela parece ter o mesmo “ar” digamos assim, da major Kusanagi no filme de 1995, bem mais sisuda que a do mangá. O elenco do filme, inclusive parece ter muitos orientais, inclusive o fodão Takeshi Kitano como o chefe Aramaki.
O problema é o diretor, Rupert Sanders, fazedor de Branca de Neve e o Caçador. Ai fodeu, mas parece que dá para esperar com menos medo do que uma continuação de Dragon Ball Evolution ou, o Imperador nos defenda, Robotech.