Dos Tempos do Formatinho: Grandes Heróis Marvel Nº49

Func, func…sente o bouquet? É um autêntico Larsen, safra 1992!

Se você leu meu post anterior sobre Homem-Aranha Anual Nº03: A Volta do Sexteto Sinistro, viu que eu falei mal pra cacete (e justificadamente) do roteiro FEDORENTO do David Michelinie e disse que Erik Larsen ainda não era o Erik Larsen que conhecemos e amamos em sua totalidade, correto? Deve se lembrar também que eu falei que as coisas mudariam na terceira reunião do Sexteto, não é? Pois bem, foi em Grandes Heróis Marvel Nº49 da editora Abril que esse terceiro encontro se deu e as coisas melhoraram um bom bocado. Por que? Simplesmente porque deram um pé na bunda do Michelinie e disseram ao Larsen “Toma que o filho é teu!” deixando-o a cargo do roteiro e da arte. O resultado? Uma história tão divertida quanto ruim!

Fonte da imagem: Guia dos Quadrinhos

Mas vamos a uma breve sinopse: Tudo começa com o Homem-Aranha e o Motoqueiro Fantasma (nessa época seu alter-ego era Danny Ketch e não Johnny Blaze) saindo na mão com um ciborgue que está espalhando destruição e caos pela cidade e parece estar confuso, falando frases desconexas e atacando quem tenta se aproximar. Após pensarem que abateram o tal ciborgue, ambos se separam sem saber que o bicho continuava vivo. Enquanto isso, Dr. Octopus ganha novos tentáculos de adamantium, o metal mais raro do universo Marvel que não parece tão raro assim já que todo mundo arruma a porra de uma arma, escudo ou armadura dessa merda. Agora, “muito mais poderoso” graças a seus novos tentáculos, o Dr. Octopus vai reunir o Sexteto Sinistro (de novo…) afim de invadir uma dimensão alternativa e conseguir armas avançadas e um novo membro para o time, já que o Homem-Areia foi traído por Octopus e foi transformado em vidro ( de novo…). Agora o Homem-Aranha vai se unir a Deathlok para tentar descobrir mais sobre o misterioso ciborgue assassino do inicio da trame e ainda vai receber convidados muitos especiais pra quebrar o pau com o Sexteto Sinistro no processo.

Antes de mais nada é preciso dizer que Erik Larsen como roteirista é um ótimo desenhista! Sua  trama é básica e parece mais uma grande propaganda pra uma linha brinquedos, tendo em vista que toda hora ou o aranha ou o Sexteto Sinistro aparecem com armas novas acopladas ao corpo tais quais essas edições especiais de bonecos do tipo “Homem-Aranha com seus Super Lançador de Teias”. O que, aliás…A TOY BIZ FEZ DE FATO!

 

Além disso, Larsen usa seu fiapo de roteiro pra enfiar o máximo de personagens Marvel que puder pra ajudar o Aranha. Assim sendo, temos a participação do Hulk PERDENDO um combate pros tentáculos de  adamantium do Dr. Octopus (parece que a forçação de barra do Michelinie respingou no Larsen) , temos Nova, Detahlok, Motoqueiro Fantasma, Quarteto Fantástico, Solo e um tal de  Sonâmbulo que eu nunca vi mais gordo. Alguns plots são jogados na trama do nada, como o lance da viagem dimensional, e alguns plots são deixados de lado da maneira mais simples possível, como o tal ciborgue maluco que o Aranha acaba descobrindo que é coisa da SHIELD e deixa pra lá por motivos de “porque sim” e pronto. No campo da vida pessoal de Peter Parker, ao contrário de Michelinie, que fazia questão de enfiar 70 problemas de uma vez pra encher os pacovás de Peter Parker, Larsen só coloca um e bem meia boca, diga-se de passagem. Acontece que Mary Jane recebe um convite pra integrar o elenco de uma superprodução de um grande astro de ação, mas ela precisaria aparecer nua. Ela não vê problema mas Peter vê problemas demais. E é isso! Só! Nada mais que isso! Mas como Mary Jane não carrega uma super-arma pra vender brinquedos, esse plot é meio deixando de lado até o fim da aventura.

Sério…quem diabos é esse tal de Sonambulo??? Parece o Waldemort depois de roubar a roupa do Duende Verde…

“Peraí…com esse roteiro de merda e esse monte de problemas que você citou, tio Hellbolha…por que essa história é melhor que as do David Michelinie?” vocês devem estar perguntando, leitores e leitoretes. A resposta é muito simples: Ao contrário de Michelinie, Larsen não tenta fazer da história um novelão digno de uma série Marvel/Netflix que se arrasta por plots chatos e desnecessários. Ao invés disso, ele prefere nos entregar ação ininterrupta e massavéismo puro e simples, o que resulta é uma história que não apenas FEDE a anos 90 mas é justamente uma baita paródia a essa época, sempre focando nos exageros das armas gigantescas e pochetes desnecessárias e que é divertida demais justamente por ser tão propositalmente descerebrada!

Essa página respinga anos 90 de suas bordas.

Outro fato que faz essa HQ ser tão divertida são os desenhos de Larsen. Se em Homem-Aranha Anunal Nº03 ele ainda ostentava um traço redondinho meio que aos moldes de Todd McFarlane (talvez por imposição da Marvel, que obrigava todo mundo a ser Jim Lee depois que o rapaz estourou em X-Men), aqui é Larsen puro! Os traços são mais angulares, as cenas de ação são mais dinâmicas bem como o modo que o Aranha se move. E se isso não foi o bastante pra te convencer, foi nessa história que o Larsen criou o Homem-Aranha com a cara mais anos 90 de todos os tempos!

E TAMBÉM GANHOU BONECO!!!

Pra fechar com chave de ouro, a história termina com um quebra pau gigante envolvendo todos os personagens que estampam a capa tripla da edição da Abril e que você viu no inicio do poster.

Sério, eu me diverti DEMAIS lendo esse gibizinho! Velho, que saudades eu tava de ler algo assim, sem cérebro nem pretensões de ser um referencial para os quadrinhos. Só gente de pijama trocando sopapos com pequenas pausas de duas páginas para diálogos explicativos para plots rasos feito um pires e depois voltando a trocar sopapos de novo. Isso quando não estão explicando os plots enquanto trocam sopapos sem parar! O fato é que essa HQ só não conseguiu me divertir mais que outro formatinho com uma história em duas partes envolvendo um certo marombeiro verde e um certo doido da porra que gosta de atirar em gente. Mas isso é assunto para um próximo post, agora é a hora de dar notas e a nota para esse gibizinho é:

 

Nota:8,0

 

PS: Assim que folheei esse gibi pela primeira vez fiquei todo animado por ver a imagem do Aranha com o braço biônico, pois sempre me perguntei de que tipo de história algo tão bizarro teria saído. Ah, e pra quem acha que o Aranha perde mesmo um braço e um olho na história (assim como eu acha antes de ler), podem ficar tranquilos. É só uma cyber-tala pra segurar o braço quebrado do Aranha sem ele precisar ficar sem usá-lo e o tapa olho biônico era só pra tapar um buraco no visor da máscara. Tudo colocado ali por um cientista que é a cara do Richard Nixon.