DC comics – Guia dos Clássicos da Editora Superior parte 1
Cgui leu algo da DC? ” E eis que quarto anjo tocou a trombeta e…” Um tempo atrás, um dos Marvecos mais recalcitrantes desse site/blog/covil, Cgui, me sugeriu sugerir quais obras da DC uma pessoa tem que ler para se tornar um humano melhor. Como é mais fácil escolher grandes histórias premiadas e tals da DC, julguei essa uma tarefa digna. Não é um Top Amiches, pois não coloquei em ordem nenhuma.
Acho então que devemos começar tirando os mais clássicos do caminho.
O Cavaleiro das Trevas.
Antes de ficar maluco, Frank Miller era um escritor aclamado e escreveu uma história que, mais do que ser uma das histórias definitivas do Batman ( e dos quadrinhos) pavimentou um modo de criar quadrinhos, modo de dizer. Essa coisa toda de herois sombrios e rangendo os dentes, se não veio diretamente daí, foi influenciada dessa história.
Resumo simples. O Bátima tá velho, o pinto não sobe mais, e se aposentou da vida de Morcego, depois da morte de Jason Todd (lembrando que essa história foi antes do segundo Róbi ser votado pra morrer). Mas depois de notar que o mundo está na mesma merda, o velho Wayne volta a surrar criminosos, o que cria uma reação em cadeia de imensas proporções.
Muito já se falou da importãncia dessa hq, da sátira politica e do posicionamento na época, análises mil e tals. Foda-se isso. Fiquem com o fato de que, é consenso que, o único cara foda o bastante para interpretar o velho Batman era Clint Eastwood. Essa história não fica competindo com Watchmen pelo titulo de “Melhor HQ já feita” em todas as listas à toa.
Watchmen
E falando nisso Allan Moore, escreveu a outra história considerada “Melhor HQ já feita” . Ele queria originalmente usar os herois de uma editora menor adquirida pela DC, a Charlton. Mas após uma lida na história que o malucão inglês iria contar, sugeriram que ele mudasse os personagens. Então ao invés do Besouro Azul, o Coruja. O Capitão Átomo virou o Dr Manhattan e assim vai.
Resumo ainda mais simples. Usando a premissa “E se existissem heróis no nosso mundo e tals?” Moore cobriu um tenso periodo da história, a guerra fria e como a existencia dessas pessoas, em particular o poderoso Dr Manhattan afetaria o mundo e a politica dele.
É muito mais complicado que essa frase. E muito melhor, claro. Mas eu sou o rei da sintese. Leiam, porra. É obrigatório. Vou jogar a real e ser sincero. Não gosto muito. Exceto pelas passagens do Dr Manhattan, não curto muito e é um problema que tenho com várias obras do barbudão. Prefiro meus heróis sendo heróis. É pessoal isso e reconheço a importancia da obra. Apenas não me faz muito a cabeça. Seguindo.
Superman: Red Son
É um Elseworld ( a versão DC de O que Aconterecia Se… da Marvel, a diferença é que, nas séries da Marvel pega-se um ponto da cronologia, altera e segue-se dai mostrando as consequencias. A série Elseworld é uma outra continuidade, auto contida). Enfim.
Nessa historia de Mark Millar, o foguete vindo de Krypton cai na Rússia soviética e o Super Homem é criado no regime comunistão, praticamente como filho do ditador boa praça, Josef Stalin. As implicações disso são profundas na politica mundial. Vários personagens aparecem numa leitura diferente, como os inevitáveis Lex Luthor e Lois Lane, entre outros.
Millar conduz muito bem a história, com boas surpresas e um ótimo final. É, falei isso mesmo.
Crise nas Infinitas Terras
Essa precisa de uma contextualizada maior. Quando mega sagas não eram uma praga constante, Crise nas Infinitas Terras foi gerada para colocar ordem, ou ao menos tentar, na zona que era o universo DC. Ou melhor, o multiverso DC. A confusão começou quando houve o encontro do Flash da segunda guerra (Joel Ciclone) e o, na época, novo Flash (Barry Allen). Ao invés de apenas dizer que era um velocista de umas décadas antes, Joel Ciclone foi apresentado como sendo de uma Terra de outra dimensão. Foi o começo da bagunça. Conforme a DC foi adquirindo outras editoras ia acrescentado seus heróis em outras Terras paralelas (Terra 2, Terra S e por ai vai). O problema é que haviam constantes crossovers e até troca de personagens entre as Terras. Isso gerou uma bagunça danada. Então aproveitando para limpar a casa e simplificar uma enorme cronologia, Crise foi concebida. Escrita por Marv Wolfman e desenhada pelo único cara capacitado para desenhar tantos personagens juntos, George Pérez, a premissa de Crise é relativamente simples para algo tão grandioso.
Uma onda de antimatéria está destruindo um universo após outro. Um ser cósmico O Monitor (que havia aparecido algum tempo antes como um misterioso vilão menor) reúne um grupo de heróis de diversas Terras para se opor a isso, os vilões se aproveitam do caos, e por aí vai.
Crise não foi perfeita em seus objetivos, pois algumas revistas de sucesso na época (como Os Jovens Titãs) continuaram com sua cronologia, apenas levemente alterada. Alguns personagens como o Gavião Negro e a Moça Maravilha tiveram suas origens uma bagunça que levou anos a resolver. Entretanto fez o que se propôs a fazer, abriu espaço para uma DC mais enxuta e organizada, e ao contrário de mega sagas atuais, teve relevancia duradoura.
O Reino do Amanhã
Após o sucesso de Marvels o desenhista/pintor/careca Alex Ross procurou a DC com uma idéia. Ele havia feito o passado da Marvel e agora queria desenhar o futuro da DC. O ano era 1996 e estávamos no meio da lamentável era Image nos quadrinhos, com heróis de “atitude” descendo porrada em historias pifias. Era contra esse pensamento que Alex Ross, aliado ao escritor Mark Waid pretendia lutar.
Ambientada no alguns anos no futuro, cerca de dez anos, o Super Homem está aposentado, forçadamente, após notar que as pessoas estão mais dispostas a tolerar, torcer e incentivar uma nova geração de “heróis” de atitude agressiva e até homicida. O afastamento do Super Homem levou outros heróis mais antigos a se afastarem ou a se tornarem menos ativos ou visiveis. Gotham se tornou praticamente um estado policial. Central City uma estranha utopia, já que o Flash patrulha a cidade em supervelocidade constante, tendo se tornado mais uma presença que um homem. Um homem comum, o pastor Norman McCay, desiludido com o estado das coisas é escolhido pelo todo poderoso Espectro para ser sua visão humana dos chocantes fatos que irão se iniciar.
O Reino do Amanhã é uma ode a figura do super heroi e esse espirito e a melhor resposta ao escroto “espirito Image” da época. Infelizmente, a DC acabou adquirindo muitos desses maus hábitos. Vindos certamente por infecção adquirida, já que estão com Jim Lee entre os editores e mentores dos Novos 52.
Por hoje é só apenas isso. Em breve continuarei com essa humilde listinha, talvez colocando arcos ou encadernados relevantes. Até lá.