Como treinar o seu dragão 3 [RESENHA]

A melhor franquia de animação pra quem tem gato!

O primeiro filme foi sobre Soluço encontrando em Banguela a si mesmo.  Sobre como o menino mais fraco e medroso daquela aldeia viking e o dragão mais temido do mundo eram, na verdade, mais parecidos do que imaginavam. E aquele menino fraco, na verdade, tinha toda a força e coragem dentro de si. E os dragões passando de ameaça a aliados, mostraram que a gente teme o que não entende, mas só precisamos abrir os olhos um pouquinho para perder o medo. O segundo filme levou isso além e fez de Soluço o líder que ele sempre esteve destinado a ser.

Mas este terceiro filme, meus amigos, é um coming of age. Tem tanta coisa ali… Ele é sobre o menino virando homem. Sobre entender que amor é, muitas vezes, deixar ir. E sobre perceber que toda a força e coragem que a gente precisa não está no outro, e sim em nós mesmos, e outro só está conosco porque já as temos.

Neste terceiro – e possivelmente último (mas nada é impossível) – capítulo, Berk virou uma espécie de refúgio de dragões. E a gente vê Soluço, Astrid e sua turma resgatando alguns logo no início. Dragões sequestrados por piratas que nos levam ao vilão do filme, Grimmel, aquele maluco padrão, que quer matar os Fúria da Noite – sabe-se lá por quê – e montar seu próprio exército de dragões pra “dominar o mundo”. O povo de Berk é forçado a abandonar a cidade e se realocar, enquanto Soluço tenta encontrar o mundo escondido dos dragões, onde ele acredita que todos – humanos e dragões – estarão a salvo. Mas essa é a parte da trama que a gente releva, pois é a que menos importa, pois todo mundo sabe que o vilão vai atrapalhar até o ponto da história em que Soluço entende que ele é um líder por conta de seu próprio valor e não porque ele tem um dragão. Como eu escrevi ali em cima, o dragão só está com ele por conta desse valor. Como bem disse Tony Stark em Spiderman Homecoming, “Se você é nada sem esse traje, você não o merece”.

O legal mesmo no filme é ver a amizade de Soluço e Banguela – que é baseado nos movimentos dos gatos e realmente se comporta como um – passando por um desafio ainda inédito: o aparecimento de uma fêmea Fúria da Noite (carinhosamente apelidada de Fúria da Luz). Banguela se apaixona e Soluço fica com o pé atrás, temeroso pelos sentimentos do amigo. Quem nunca se sentiu assim quando um brother se apaixonou? O que isso vai significar para a amizade? Será que a gente vai passar tanto tempo juntos como passávamos quando ele não tinha alguém? E se a gente se afastar, será que o sentimento vai morrer?

O filme responde a todas essas perguntas. É incrível como a franquia Como treinar o seu dragão consegue colocar em uma animação divertida e cheia de piadas todo esse conteúdo existencial, que fala conosco e sobre nós, arranca lágrimas e nos faz lembrar dos nossos gatos.