COISAS QUE APRENDI COM: FRANK MILLER
Uma nova e mamilesca sessão se inicia! E nada melhor que começar com o senhor Frank Miller, mestre da arte sequencial, autor de grandes sucessos e grande influência de vários artistas da 9ª arte. Nos anos 80, pelo menos…
Mas, o mais importante: Suas obras nos trouxeram ensinamentos que podemos facilmente levar para a vida! Comecemos, pois, as analises:
1) Quer ser fodão? Seja um maluco amargurado!
Se tem uma regra básica em toda as histórias de Frank Miller é que TODO personagem principal tem que ser um cara amargurado com a vida, do tipo que bebe Cachaça do Barril ouvindo Waldick Soriano e fumando um Eight. Além de amargurado o sujeito tem que ser completamente maluco, no nível de jogar pedra em avião, dar beliscão em azulejo, chamar urubu de meu loro e ter longos diálogos contemplativos sobre a vida, o universo e tudo o mais consigo mesmo.
Por vezes, Miller até recicla o mesmo personagem em histórias diferentes! Um exemplo? Marvin da série Sin City e o Batman de O Cavaleiro das Trevas:
Um é um grandalhão psicótico que se mete em uma série de desventuras após perder a pessoa que ele julgava ser o amor de sua vida. Em seguida, ele sai em uma jornada de vingança que envolve violência excessiva, problemas com pessoas nos altos escalões do poder e visões do que parece ser o seu grande amor ainda vivo. Porém, ciente de ser um perturbado que já viu coisas estranhas antes e que pode estar vendo coisas outra vez, ele tem um lapso de sobriedade e percebe que, na verdade, aquela pessoa não é o amor de sua vida, apenas alguém com todos os trejeitos e a feminilidade da sua amada que se foi. Depois de por as ideias no lugar, ele volta a sua espiral de vingança e violência por uma cidade cheia de corrupção e pecados em cada esquina, o que culmina com sua trágica e violenta morte. O outro é só o Marvin.
Isso por que não citei Matt Murdock na Queda de Murdock, o detetive Hartigan de Sin City, o Batman (de novo) em Ano Um, e o Batman genérico do Holy (shit) Terror
2) Ninjas: Lambadeiros das Trevas.
Ninjas são criaturas das sombras. Seres assassinos que usam a escuridão a seu favor para trazer o medo, horror e desespero ao coração de suas vítimas. Perceber a presença de um ninja é quase impossível, pois suas vestes se mesclam com as trevas. No entanto, tal habilidade fica um tanto mais complicada quando tais guerreiros resolvem que é uma boa ideia se vestir como um fã clube do Beto Barbosa.
No mundo de Frank Miller os ninjas mais letais são aqueles menos discretos. Sendo assim, dificilmente você verá um ninja trajando uma veste tradicional. Afinal, por que vestir uma roupa preta BREGUÉÉÉÉRRIMA, se você pode ousar usando um look vermelho encarnado ou um roxo hematoma com um mix de sandália gladiadora e sapatilha “adocica, meu amor”?
Outro bom exemplo é a ninja Elektra, que traja um nada chamativo modelito que a deixa com um visual de cigana stripper fazendo teste para o filme Flash Dance. Isso, claro, tem uma explicação lógica que apenas o mestre Miller, como visionário que é, poderia nos prover! As roupas extravagantes também servem de arma, pois enquanto o oponente se pergunta “What porra is this…?”, a ninja terá um longo espaço de tempo para executar seu estupefato oponente!
3) Um golpe é duas vezes mais letal quando aplicado no solo.
Se você já leu qualquer história desenhada pelo mestre Miller, atente para esse fato: Os personagens estarão devidamente em pé, conversando, trocando farpas e ameaças e estudando um ao outro. Porém, quando a luta começar, um deles irá prontamente se jogar ao solo para desferir um mortífero golpe!
Bem, talvez para você, leigo leitor, isso não faça o menor sentido. No entanto, Frank Miller não é só um artista completo, ele também é um profundo conhecedor da arte da guerra! Ao se jogar no chão, o guerreiro assume uma vantagem sobre seu oponente pois este estará isento de uma lei básica que poderia limitar seus mortais movimentos combativos: a lei da gravidade! Afinal, se você já está no chão, pra onde mais pode cair?
4) Flexão lateral com sobrepeso.
O mundo dos super-heróis é um mundo de testosterona, virilidade e músculos, MUITOS MÚSCULOS! Totalmente ciente deste fato e preocupado em passar realidade em suas histórias, Frank Miller fez uma extensa e profunda pesquisa afim de descobrir quais tipos de exercícios seriam os mais objetivos para se atingir um físico perfeito. Assim sendo, Miller acabou criando a sua própria série: A Flexão Lateral com Sobrepeso.
O exercício consiste se por lateralmente rente ao solo e, com uma das mãos, você erguerá o peso de seu corpo acrescido de mais uns 180 kg provenientes de uma barra de supino que você estará segurando com a outra mão. Tudo muito simples!
5) Golpes absurdos são potencialmente mais letais.
Por que se apegar as tradicionais artes marciais milenares se você pode não só quebrar seus dogmas como também surpreender o inimigo com golpes estranhos e totalmente esdrúxulos, como dar golpes de ponta a cabeça?
6) Coreografia é para os fracos.
Ainda no quesito combate, outra forma de surpreender o inimigo (e o leitor) é começar o golpe de uma maneira e termina-lo de outra totalmente diferente e ilógica.
7) Elefantíase, a deformidade dos campeões!
Com a modernidade dos (não tão modernos) anos 90, Miller decidiu que era hora de instaurar uma nova regra anatômica para os heróis: O poder pertencia aqueles com pés e mãos maiores que suas cabeças! Esta regra foi iniciada em Sin City mas pode ser melhor apreciada em sua obra suprema, O Cavaleiro das Trevas 2, HQ com roteiro irretocável, arte sublime e colorização primorosa de sua azarada ex-mulher (sim, pois ELE deve ter achado que ela não era digna de sua genial e seduzente presença) Linn Varley.
8) Narre TUDO em off!
Quando você estiver olhando para o nada, teça uma narração mental. Quando você estiver fritando um ovo, teça uma narração mental. Quando estiver no troninho lendo aquela edição merda do Batman dos Velhos 52, TEÇA UMA NARRAÇÃO MENTAL!
Eis a regra suprema e absoluta do ás da arte sequencial, Frank Miller: Tudo que puder ser narrado, será! E o que não puder… também será! Explicar tudo com desenhos objetivos é coisa de amador. Tudo fica melhor se tiver uma narração. Nenhum de seus personagens usufrui de um minuto de silêncio. É tipo o Galvão Bueno quando alguma pessoa envolvida com o mundo do futebol falece e é pedido um minuto de silêncio no estádio e, na TV, só se ouve a voz dele falando coisas do tipo “Olha, que bonito…um minuto de silêncio…numa linda homenagem…”.
Então é isso, jovos e jovas, se você lembra de mais algum fato importante que você aprendeu com o “teacher” Frank Miller, deixe aí nos comentários e divida com todos. E no próximo “Coisas Que Aprendi Com:”…eu não faço ideia! Até lá!