Código de Honra/Puncture

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Um filme incrível e que é estrelado pelo Chris Evans.

E eu não tenho nenhum problema com o Chris Evans, só quis deixar esse começo de post mais sensacionalista, :D.

Enfim, estava de bobeira (pra variar) pelo Netflix e acabei achando esse filme. Depois de assistir, logo pensei em escrever sobre. Mas ao invés de fazer uma análise padrão, resolvi seguir exatamente a mesma ordem que descobri as coisas. Talvez esse seja um dos motivos pelos quais eu adorei o filme mais do que deveria gostar? Talvez.

Na obra, Evans vive o sr. Mike Weiss. Weiss é um jovem e brilhante advogado. É parceiro de um outro advogado, Paul Danzinger (Mark Kassen), com quem possue uma firma e estão subindo no ramo. Eles não são ricos, não são mega famosos e não são os melhores do ramo, mas estão em ascensão. Danzinger é uma pessoa mais centrada, direita, contida e focada. É um funcionário ordinário (palavra muito importante pro decorrer do filme, acreditem). Weiss é o, quase, completo oposto. Weiss é drogado, impulsivo, disperso e obssessivo. É o tipo de funcionário que faz a diferença…. quando faz.

E a partir daí, temos o começo de tudo. A advocacia (relativamente pequena) acaba por pegar um caso de uma funcionária de um hospital que acabou se infeccionando acidentalmente com AIDS. A infecção em questão ocorreu após o contato com uma agulha já contaminada. Após uma primeira investigação, descobriram que a alguns anos esse tipo de acidente poderia ser evitado, já que uma agulha própria existia. Weiss e Danzinger logo percebem que esse é um caso muito maior do que eles imaginaram. Enorme. Gigante. Ambos sabem que será complicado.

Essa é a premissa básica do filme. Se interessou e quer ver? Pare de ler por aqui. É o que eu faria se fosse você. Se não se importar, vai em frente. Não que vai ter muito efeito no resultado final, mas eu sempre fico relutante em ter opiniões alheias, especialmente pra sentimentos e impressões. Enfim, não importa. Bora continuar.

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Como disse, aquela é toda a premissa básica do filme. Não demoramos muito para nos ver tão determinados quanto o Weiss, em busca de uma solução para um problema. Em busca de uma solução para salvar centenas de milhares de vidas anuais. E quanto mais Weiss cava o assunto, mais podridão ele encontra, chegando próximo de um esquema de monopólio de seringas descartáveis, envolvendo lucros pesados, propinas e coisas do tipo. Juntamente com seu progresso, Weiss está cada vez mais afundado nas drogas. E aqui temos aquela regra de que os fins não justificam os meios (é uma regra pra mim… sorry). Vemos que apesar de ser um ótimo advogado, atrasos constantes, aparência péssima e uso conínuo de drogas (inclusive nos momentos de reuniões e/ou julgamentos) tem afetado sua imagem para com as outras pessoas. Sem contar com a dificuldade financeira que ambos os advogados estão passando. Sem contar com o boicote que a gigantesca empresa farmacêutica está empregando. A vida não estava fácil. E Weiss estava disposto a sacrificar qualquer coisa para trazer a justiça a tona.

Durante o filme, algumas coisas importantes aconteceram, como um episódio em que Weiss se viu forçado a largar as drogas e, em profunda abstinência, foi internado. Algum tempo depois voltou a usar, mas por motivos que não precisam ser descritos aqui. Nem faz muito sentido, na realidade.

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Em momentos finais, já não me podia segurar de tensão. Não por ser algo assustador ou perturbador, mas por simpatizar com toda a vida de Weiss e ver que tudo não estava andando como deveria. Danzinger e seu cliente (Jeffrey Dancort, um engenheiro brilhante e que desenvolveu a tal das vacinas seguras) acabaram aceitando um acordo e Weiss foi deixado de lado. O problema é que seu ímpeto por justiça estava mais apurado do que nunca. E isso o levou para um caminho sem volta. No filme nunca fica claro se Weiss foi morto por alguém, por algum acidente ou pelo consumo das drogas. É claro que dá pra perceber o tom crítico como foi retratado, mas isso é apenas um ponto de observação, caro colega.

E finalmente, Dancort acaba se sensibilizando com toda a situação, entende o ponto de vista de Weiss e assume sua luta, adquirindo ajuda de um gigantesco escritório de advocacia e com a missão de trazer um pouco de conforto para mais pessoas. Isso deu certo? Nos créditos descobrimos que não. Durante o filme mesmo temos várias dicas de que a burocracia é tão grande, que os conflitos e interesses políticos e pessoais são tão pesados que uma diferença significante não ia rolar tão cedo. Mas essa diferença não ia rolar nunca se ninguém tentasse.

E é agora que falo sobre o Código de Honra que vi. Eu tenho o costume de gostar de coisas sentimentalistas. De procurar cada interpretação possível pros elementos e dar um significado totalmente aceitável pra mim. E com Código de Honra eu nem precisei fazer isso. O filme inteiro exala uma coisa que eu sempre passei e que sempre vou passar: a questão de que aparência importa e que os fins justificam os meios. Eu sou um cara com uma barba enorme, com uma porrada de tatuagens, com piercings e que não se importa com a opinião dos outros, em geral. Eu sei, exatamente, como o Weiss se sente. Sei como é fazer a diferença, exceto quando estou ocupado demais fazendo qualquer outro tipo de coisa, muitas vezes inúteis. Sei como é acreditar em alguma coisa que muitos não enxergam. E eu nem quero dizer que eu estou certo em acreditar. Eu só acredito primeiro e vou atrás disso em seguida. Eu sei como é viver o mesmo tipo de vida que Weiss vivia. Eu sei. Inclusive, li uma frase (no próprio filme) linda, uma das mais emblemáticas que já vi, algo como “Pelo menos eu tenho a coragem de perder pelo que é certo. E você?”.

E antes de terminar esse texto extenso, só queria falar que Código de Honra teve uma boa adaptação de título, mas o original (Puncture, que significa algo como picada, furar, perfurar e tudo mais) é muito mais sóbrio e expressa exatamente aquilo que senti no filme. Não só tratando do esquema das drogas de Weiss e do caso da agulha, mas nos sugere uma superficialidade absurda pra coisas e, como no filme, tudo o que fazemos parece não ser mais que um simples furo em uma pele já toda picada.

Puncture é um filme de drama do ano de 2011 e dirigido por Ariel Vromen. Foi exibido em apenas 5 salas de cinema e teve um rendimento de, aproximdamente, 68 mil dólares. É um filme independente e foi feito em memória de Mike Weiss, que morreu em 1999. Ninguém sabe ao certo como morreu, mas os laudos indicam que foi durante o sono. Provavelmente algum tipo de relação com as drogas que consumia. Sim, é um filme baseado em fatos reais.

Bom…. Acho que isso é Puncture pra mim. Obrigado por ler até aqui. Obrigado mesmo. E lembre-se de que algumas vezes as luzes mais brilhantes vem dos locais mais escuros.