Chatô – O Rei do Brasil
“O dinheiro e o ouro de nada valem se uma sociedade não for governada pela inteligência”
Os filmes nacionais se dividem inevitavelmente em duas categorias. Os bons e o lixo absoluto. Estranhamente não parece haver um meio termo.
Chatô acaba caindo na categoria dos bons, apesar de que todo o universo tentou impedir que o filme fosse concluido.
A história da produção do filme já mereceria um filme por si só. Tanto que vale uma pequena menção.
Quanto ao filme, Chatô (Marco Ricca) é contado em forma de flashbacks, sem muita ordem cronológica, durante um avc/derrame, do próprio Assis Chateaubriand, em que ele delira estar sendo julgado pelas suas ações e sua vida em geral.
E a verdade seja dita Jimmy, poucos sujeitos foram mais moralmente ambiguos e escroques do que Assis Chateaubriand.
Fundador dos Diários Associados, foi o primeiro magnata das comunicações do Brasil, e em certos momentos tinha um nivel de poder e influencia que só os mais malucos acreditam que a Globo tenha. Do tipo de realmente ditar leis e coisa e tals. “Se a lei é contra mim, vamos ter que mudar a lei” foi uma de suas frases mais famosas. E ele realmente fez isso.
Foi pioneiro em muitas coisas relacionadas a comunicações, como fundar a TV Tupi, a primeira emissora de Tv do país e alterar parte da forma como os jornais noticiavam as manchetes.
O filme mostra partes de sua infancia, o começo como jornalista e posteriormente suas ligações com a politica nacional, como o apoio a Getulio Vargas e as brigas com sujeitos como Francisco Matarazzo. Há um grande destaque a sua agitada vida sexual, já que Chateaubriand era um fodeur de nivel internacional.
Profundamente inspirado/chupinhado/coisado de Cidadão Kane, o filme de Guilherme Fontes tem uma produção esmerada, com um ótimo elenco, sendo que alguns morreram nos vinte anos de produção da bagaça. Não teve um lançamento muito grande. na realidade foi pífio, em apenas 19 salas, já que poucas distribuidoras queriam proximidade com o filme.
Chatô acaba sendo um filme muito bom, que quase, quase, conseguiu transmitir na essencia o sujeito que ia entregar um chapéu de cangaceiro para a rainha da Inglaterra. O filme pode ter visto nada menos que dois renascimentos do cinema nacional (outra constante no cinema nacional são os seus inumeros renascimentos, a cada punhado de anos), mas pelo menos é incrivelmente melhor do que filmes produzidos em tempo muito menor (coff, coff Porta dos Fundos coff arrg coff).