Depois do nosso amiche Hellbolha resolvi assistir a curta, extremamente curta série do Netflix.

Na verdade ia ver de toda forma, mas o contexto é esse. E ao contrário de nosso emputecido colega, não achei aquela coisa toda de ruindade.

É, ao final, um desenho aceitável, com boas partes. Já vi coisa bem pior.

Uma coisa que me incomodou foi aquela trama toda da igreja. Isso porque nos jogos menções sobre a igreja são mantidas em niveis minimos. Os Belmont não foram excomungados e degradados, Leon Belmont abandonou seu titulo e terras por exemplo, e ficou nisso. Sim, a igreja se recusou a ajudar o cara, mas não se pôs no caminho dele.

Foi justamente o casamento de Trevor com Sypha que transmite poderes mágicos para a linhagem Belmont. Sophia Belmont não aconteceu, sorry.

E, pasmem, nos jogos Sypha Belnades é mostrada como uma agente da igreja, mandada lá para a Valaquia pra ver aquela merda toda. E curiosamente, a igreja mostrada na série é claramente Catolica, estranho, considerando que a Romenia é predominantemente Ortodoxa. Mas deve ser aquela obsessão estranha com a igreja catolica. Os Oradores foram claramente criados por Ellis para evitar dar algum crédito para a já mencionada igreja. Exceto aquele padre no episodio 4.

Fora os padres usando armas ou queimando eles mesmos a esposa do Drácula (os acusados de bruxaria eram entregues para as autoridades seculares).

Só há um responsável por isso.

Warren Ellis é um ótimo autor, mas é 8 ou 80. Ou produz excelência como Transmetropolitan, ou lixo como RED, que só ficou bom no filme. Conhecendo seu trabalho, e com temas como Drácula e o período histórico da historia, não deixaria de passar a chance de criticar a religião.

Aquela coisa do sal destruindo demonios foi de foder. Sim, essa é uma lenda muito antiga, mas atualmente é coisa mais associada à aquela porqueira de Supernatural.

A caracterização dos personagens é bem feita, apesar de alguns dialogos bem vergonhosos.

A animação é tremendamente inconsistente. Bons momentos, como a luta contra Alucard ou o ciclope alternando com outros bem ruins, como a briga no bar.  E aquela longa piada sobre o cara fodendo ovelhas é outra besteira pra colocar na conta do Ellis.

Agora, os momentos em que Drácula resolve botar pra fuder e manda um Tweet de fogo do inferno pro pessoal ficaram do caralho. E o montante de gore e mesmo crianças e bebês virando ração de demônio é provavelmente a justificativa da classificação R.

Apesar da animação com problemas e até da trilha sonora insossa, uma heresia verdadeira em se tratando de algo ligado à Castlevania, conhecida por suas trilhas fodas, a produção teve cuidado com detalhes como a paleta de cores emulando as artes da época de Castlevania III ou o brasão dos Belmont, vindo direto de Lords of Shadow.

Todos os personagens jogáveis da franquia, incluindo a unica que esteve em quase todos os jogos, Sara.

Falando em Lord of Shadow, achei bom o tempo passado com Drácula, explicando a situação toda com Lisa e porque ele resolveu que todos eram cusoes, mesmo tendo consumido tempo precioso em uma série tão curta. Dar algum background para o vilão evita que ele fosse raso como um pires como se fosse vilão de filme da Marvel.

Não achei ruim então. Naturalmente poderia ser bem melhor, mas longe de ser um desastre como outras obras do Ellis. Esse costume de lançar as animações em conta-gotas, como Rick e Morty, é uma bosta e desnecessário. Mas fazer o que? A segunda temporada, em especial se corrigir os erros da primeira, será bem vinda.

Eles disseram que eu era louco. Eles riram de mim. Mas sim, eu venci Dark Souls 3 com um Belmont. BWAHAHAHAHAHAHA