Casal Improvável [RESENHA]

Seth Rogen ficando com Charlize Theron é representatividade.

Kevin Smith recentemente esteve em turnê pela Grã-Bretanha com seu podcast Hollywood Babble-On e, em um dos dias de show, como tinha a tarde livre, resolveu ir ao shopping e pegar um cinema. Pensou em ver Casal Improvável (Long Shot, no original) e comentou com o atendente da bilheteria, que prontamente o informou que esse era um “Seth Rogen ruinzinho”. Kevin, intrigado com a opinião do rapaz, perguntou o que, então, seria um “Seth Rogen bom”. O jovem respondeu “Neighbors… Neighbors é um bom Seth Rogen”. Kevin, insatisfeito, seguiu com o assunto: “E qual seria outro Seth Rogen ruinzinho?”, para o que o rapaz respondeu, após pensar um pouco, “Hmm… Zack and Miri…?” (Zack and Miri Make a Porno, filme de 2008 escrito e dirigido pelo próprio Kevin). Não ficou claro se o atendente de fato reconheceu Kevin e falou isso de propósito, ou se ele era uma dessas pessoas que não fazem ideia de quem é quem e quem dirigiu o que, mas esse cara não pode estar mais errado. Em ambos os “Seth Rogen ruinzinhos”.

Eis que eu realmente assisti a Casal Improvável e é Seth Rogen trazendo sua personalidade para dar um twist à fórmula clássica da comédia romântica, com todos os clichês da estrutura desse tipo de filme. Mas aí é que está: para mim, comédias românticas são mais interessantes não tanto pelo caminho trilhado – pois as coisas que acontecem nele são sempre as mesmas -, mas pela cara dos elementos usados para povoar esse caminho. Não entendeu? Deixa eu tentar explicar…

Casal Improvável é uma daquelas histórias impossíveis de acontecer no mundo real. Seth é Fred Flarsky, um jornalista talentoso, com um ponto de vista ácido, que trabalha para um jornal que acaba de ser comprado por um conglomerado de mídia corrupto, comandado pelo milionário Parker Wembley (Andy Serkis, irreconhecível). Fred pede demissão e sai com seu melhor amigo Lance (O’Shea Jackson Jr.) para afogar as mágoas e acaba parando em um evento político só porque o Boyz 2 Men está fazendo um show lá. Nessa festa, dá de cara com Charlotte Field, a secretária de estado dos EUA (Theron), que foi sua babysitter na pré-adolescência, seu primeiro “crush” e alvo de uma das suas memórias mais traumáticas e envergonhantes.

Charlotte, que está realizando uma campanha pelo meio-ambiente e pensando em sua candidatura à presidência americana, o reconhece e acaba o contratando para escrever seus discursos. Fred então propõe que os dois se conheçam melhor, para facilitar seus textos, e, com isso, conquista a moça e todas as situações de conflito do filme partem daí.

A maneira como tudo acontece é típica de uma comédia romântica padrão. Tem o momento da descoberta, em que os dois ficam juntos, o desenvolvimento da relação (que precisa ser escondida, por ela ser uma figura pública), o conflito que os separa e abre caminho para a hora em que tudo se resolve, trazendo o final feliz. É uma receita de bolo como toda e qualquer comédia romântica. Mas o efeito “Seth Rogen” preenche essa receita com ingredientes muito engraçados, como Charlotte negociando o resgate de um soldado americano totalmente drogada, vindo direto de uma noitada, ou uma sex-tape de “amor próprio” que é usada para chantagear o casal. Charlize, inclusive, está muito mais engraçada no filme do que Seth. Não tem o que essa mulher não faça com excelência. Ela destrói em qualquer papel!

No fim das contas, Casal Improvável é uma dessas histórias bonitinhas que a gente sabe que não aconteceriam, mas que são confortáveis de ver. Só que com uma pequena dose de baixaria, pra te puxar das nuvens e trazer pro mundo real. Improvável mesmo, é tu não rir assistindo.

Estreia hoje nos cinemas.