Quando li a resenha pensei que fosse uma merda colossal.

E não é que o bagulho até que presta. A história, escrita e ambientada pouco tempo após o ataque de 11 de Setembro, mostra um Steve Rogers quebrado, tentando reunir forças em meio ao desespero para combater um inimigo que utiliza do terror como arma, como era de se  esperar de uma história escrita naquela época. Mas mesmo sendo cheia daquele sentimento patriótico, o roteirista fez questão de não abordar a história de maneira unilateral, o que é realmente louvável, visto que na época isso não seria apenas o mais fácil, mas também a atitude esperada.

O sofrimento do povo e a covardia que envolveu os atos de 11 de Setembro são inegáveis, mas quando paramos pra pensar a respeito, o que aconteceu em território estadunidense é uma amostra do que eles próprios fazem em outros países. Pessoas morrem vítimas da guerra em outros lugares, não apenas soldados, mas família inteiras, crianças que não tem nada a vem com o conflito. A frase ‘tempo de desespero levam à medidas desesperadas’ não existe por acaso, e nessa data ela provou ser real.

Essa resenha não foi feita para expressar uma opinião política ou fazer panfletagem, essa é a visão que a hq nos apresenta. Não se pode chamar a perda de vidas de casualidade de guerra em um lugar e catástrofe em outro, não é tão difícil chegar a esta conclusão. Outro ponto importante abordado na história é como o terror, o medo causa mais dano do  que as bombas. O medo se transforma em ódio, em intolerância, transforma uma sociedade. A onda de xenofobia (que já  não era pequena) que assolou os EUA pós ataques é a prova disso. Pena que heróis cada vez mais existem apenas na ficção, pois uma figura que transmitisse esperança e coragem como nessa hq fez falta na vida real.

Mudando do roteiro pra arte, esse é sem dúvida o melhor trabalho que  eu já vi  do John Cassaday, não sei se ele também estava tocado demais com os acontecimentos ou se precisava mostrar serviço pra Marvel e conseguir um aumento, mas o cara tava nos cascos quando desenhou essas revistas. O trabalho de cores do Dave Stewart também está sensacional.

Enfim, uma boa história do Capitão e um bom registro da época, pode não traduzir com fidelidade os acontecimentos, mas traduz muito bem o sentimento daquele período. Se deveria fazer parte dessa coleção da Salvat ou se vale o preço que está sendo cobrado, isso eu não sei dizer.

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