Batman – Sina Macabra
Batman encontra Lovecraft.
No ano de 1928, o magnata Bruce Wayne embarca com seu fiel mordomo Alfred Pennyworth e seus pupilos Jason Todd, Dick Grayson e Tim Drake em uma missão de resgate que os leva ao Cabo Vitória, na Antártica. A expedição do Dr Oswald Cobblepot parou de se corresponder com o continente há semanas, e é muito difícil que ainda haja algum sobrevivente. O diário de Cobblepot, que estava estudando pinguins, relata de maneira errática uma descoberta assustadora em uma caverna, além de uma crescente insanidade do professor.
Da expedição, apenas um homem é encontrado com vida, se é que pode chamar o seu estado de vida. Completamente insano, o homem está a semanas empenhado em retirar de dentro de um esquife de gelo uma enorme criatura tentacular. Contido e levado para a embarcação, o sujeito começa a apresentas um progressivo estado de putrefação em vida, que só é parado quando colocam-no em uma câmara refrigerada. Após vinte anos tentando fugir de seus traumas, Bruce Wayne precisa retornar a Gotham City para procurar respostas.
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Rapaz, que história boa! Já é de conhecimento geral que eu não sou muito chegado nas histórias do Batman, mas quando aparece algo bom a gente tem que dar o braço a torcer. Não sei até que ponto vai a caneta de Richard Pace no roteiro, já que o co roteirista (e capista) é ninguém menos que Mike Mignola, que fez o seu nome como roteirista em Hellboy. Se você já leu alguma coisa de Lovecraft, vai ficar óbvio o quanto essa história é uma homenagem a um dos maiores escritores de horror que já existiu, tanto na ambientação quanto nos clichês.
Ao pegar o encadernado em mãos, logo fiquei com altas expectativas, afinal, a capa foi desenhada pelo Mike Mignola. Não sabia que a arte interna seria obra de outro desenhista, no caso Troy Nixey, um nome o qual nunca tinha ouvido falar. O que poderia ser o ponto fraco acabou não sendo, visto que a arte de Nixey casa muito bem com a ambientação da história. Seu estilo sujo e imperfeito não ficaria bom em uma revista típica de super heróis, mas em um quadrinho mais adulto e sinistro acaba caindo como uma luva. Outra coisa que contribui muito com o clima é o trabalho do colorista Dave Stewart, parceiro de longa data de Mignola.
Essa edição possui dois extras. O primeiro é a curta história Usina de Gás, que saiu na sério Batman Preto e Branco e, excepcionalmente aqui, Vermelho também. Roteiro de Mignola com arte de Nixey, 8 páginas apenas, bem interessante, renderia um curta legal. Porém a grande cereja do bolo de extras fica por conta da republicação de The Demon #1, de 1972, roteirizada e escrita por Jack Kirby. Não é à toa que muitas pessoas apontam a fase de Kirby pela DC Comics como a mais criativa de sua carreira. Será que não rola uma republicação disso por aqui não?
Saldo Final: Sina Macabra é uma ótima história, tanto do Batman quanto de terror, e a revista como um todo vale a pena ser lida, aguardem uma promoção e comprem.