Banzé no Oeste
Mongo só é um peão… no jogo da vida.
Banzé no Oeste é um titulo que se tornou obsoleto, datado, não pela relevancia do filme, mas por que “banzé” é uma palavra que caiu em desuso. Se é que já foi usada antes. Significa algo como “bagunça”. Mas poderia ser pior, Blazing Saddles poderia acabar com um nome como “Oeste muito Doido” ou “Oeste da Pesada”.
Enfim.
Em 1874, durante a conquista do Oeste americano, uma ferrovia terá seu trajeto alterado e passará perto da pequena Rock Ridge. Sabendo disso, o escroque Hedley Lamarr resolve abocanhar as terras da cidade, e para expulsar os moradores, incentiva que criminosos ataquem incessantemente o lugar.
Roubos, assaltos, mortes, estouro de mulheres e estupro de gado se tornam comuns, desesperados, os habitantes pedem ao governador um novo xerife, já que o ultimo foi morto pelos bandidos.
E o estupido governador atende o pedido. Mandando um cara negro que estava para ser morto. Isso foi planejado por Lamarr para que a população matasse o cara ou fosse embora de uma vez. O novo xerife, Bart, resolve fazer seu trabalho e alista a ajuda de algumas pessoas, entre elas o pistoleiro Waco Kid e a cantora Lili Von Shtupp.
O filme de 1974 é de uma fase excelente de Mel Brooks e foi escrito com ajuda de Richard Pryor, que não pode assumir o papel do xerife Bart por problemas de agenda. E foi Pryor que colocou todos aqueles “nigger” no roteiro.
Nesse ponto ainda, Brooks queria John Wayne como Waco Kid. O Duke recusou, pois não queria afetar sua imagem de cinema de “familiar” mas que estaria na primeira fileira pra assistir. E parece que fez isso mesmo.
E é um puta absurdo, com motoqueiros aparecendo entre os criminosos recrutados por Lamar ou a fuga pelos estudios mais pra frente no filme.
Uma sequencia de ótimos dialogos e cenas esdruxulas vai seguindo o filme todo e é até dificil escolher uma cena favorita. Os caras comendo feijão no acampamento? O recrutamento dos bandidos? O começo com a velhinha apanhando?
O fato de Bart ser negro é pivotal (riscar “pivotal” da lista de palavras que aprendi na escola e achei que nunca iria usar) para a trama, em particular no começo. Ele tem que ralar para ter aceitação na cidade. Diabos, o governador manda ele lá na esperança que o matem!
Não que não houvessem homens da lei negros. O lendário Bass Reeve foi certamente um dos filhadaputa mais durões daquelas paragens e não aceitava merda de ninguém. Leiam um pouco mais sobre Reeves aqui.
Mas Bart resolve fazer seu trampo de toda forma e não deixa o colocarem pra baixo.
Algo parecido aconteceu de verdade, na cidade de Punta Gorda, na Flórida. Um sujeito negro foi indicado como chefe dos correios por um cara que tinha raiva dos fundadores da vilinha.
Como convém, não é uma “comédia do bem”, é tremendamente politicamente incorreta, mas escrita com genialidade até em detalhes, como o chefe indio que fala ídiche e tem letras judaicas no cocar. Entre muitas outras pérolas.
O tema é cantado por Frankie Laine, um cantor de muito sucesso por décadas por lá, mas obviamente não por aqui e que havia feito as canções para vários westerns como Sem Lei e Sem Alma e Matar ou Morrer. O fato é que Brooks queria alguem que cantasse como Laine e acabou conseguindo o proprio. Quando Laine entregou a musica, Brooks achou fantástica e não teve coragem de dizer para o cara que o filme era uma comédia.
https://www.youtube.com/watch?v=z-HRbsejTyw
É um daqueles filmes que passavam com frequencia na Sessão da Tarde, sem cortes claro, e que não está a toa nas primeiras posições de quaiquer lista de melhores comédias. E não é dificil de encontrar poraí.
Então não perdam tempo.