Bangue bangue à italiana
Nós vamos te dar um julgamento justo…. seguido por um enforcamento de primeira classe.
Para colocar na vibe segue a trilha sonora do post. Deixem tocando.
O western foi um dos maiores gêneros do cinema e isso porque tem um apelo irresistível. Há tantos tipos de faroeste quanto tipos de cinema em si, até alguns bastante estranhos como O Pistoleiro e o Samurai, onde um samurai (vivido pelo fodassa Toshiro Mifune, o famoso Chinês de Tóquio) vai até o oeste americano para recuperar uma importante katana roubada. Lá ele encontra um pistoleiro vivido por Charles Bronson e ambos tem que enfrentar um perigoso criminoso.
Esse tema foi revivido, com bastante acerto no primeiro filme da série Bater ou Correr, isso porque haviam muitos imigrantes chineses no oeste, em principalmente nas construções das estradas de ferro.
Houveram três grandes fases do faroeste. A primeira é a americana clássica, com atores como John Wayne sendo dirigidos com caras como John Ford e Howard Hawks em filmaços como Jake Grandão, Rio Bravo, Nos Tempos das Diligências, O Homem Que Matou o Facínora e outros. Já haviam abandonado boa parte da ingenuidade dos primeiros westerns, por exemplo com Bravura Indomita onde John Wayne interpreta um ex xerife bebum. Em particular, Howard Hawks era muito mais do lado “humano e errado” dos westerns do que John Ford.
John Wayne, o Duke, ainda parece ser o epitome do cara do oeste. Era um sujeito meio velho, barrigudo e que passava a impressão que poderia arrebentar a sua cara com espantosa facilidade. Isso se não resolvesse te meter quatro tiros. Ele fez vários tipos de filmes, mas ficou famoso principalmente pelos faroestes e de guerra. O Duke parecia ter noção de suas limitações como ator, ou é porque era tão foda que acabava fazendo papeis parecidos, caras durões. Sabemos das falhas de caráter e como produtor ele não se deu bem. Mas isso não importa.
Antes houveram westerns mas era uma coisa mais utópica, e meio “Beto Carreiro” modo de dizer, com Roy Rogers e tal.
A segunda grande fase veio da Itália. E não dá pra falar do western spaghetti sem lembrar de Sergio Leone e sua trilogia.
Os filmes italianos eram mais “crus” por assim dizer. Mostravam um oeste ainda menos utópico, mais realista e com maiores tons de cinza nos personagens. Esses filmes foram o começo da carreira de sujeitos casca grossa como Clint Eastwood e Charles Bronson (um cara tão foda que consegue fazer o nome “Charles” soar másculo). A Trilogia dos Dólares, Era Uma Vez no Oeste, Sete Homens e um Destino, Sabata, entre outros, às vezes contando com a trilha sonora mágica de Ennio Moriconne.
Clint Eastwood é conhecido por ser Clint Eastwood e por prestar décadas de bons serviços no cinema. Sua carreira nos westerns é marcada por clássicos. Quando jovem, fez o Estranho Sem Nome na Trilogia dos Dólares. O primeiro filme Por um Punhado de Dólares . o segundo O Dólar Furado e fechando com chave de ouro, O Bom, o Mau e o Feio. Era uma presença na tela. Um cara alto pra cacete, com um poncho poeirento e os olhos apertados. Já velho fez Os Imperdoáveis. Ficou ainda mais apavorante com todas aquelas rugas lhe dando o aspecto de um sujeito mais perigoso que a morte.
A carreira de faroeste de Charles Bronson foi curta, mas com filmes como Era uma Vez no Oeste, onde fez um sujeito só conhecido como Harmonica, por que ficava tocando uma gaita e mata todo mundo e Sete Homens e Um Destino onde faz… é o bastante para ter seu lugar gravado na historia dos westerns. Ele podia ser Charles Bronson em outros gêneros com tranquilidade. Lembrando que além de um pistoleiro ele interpretou um índio no clássico do SBT, O Grande Búfalo Branco.
O frio e mortal Sabata, sempre vestido de preto e ouvindo uma pequenina caixa de música, era interpretado pelo homem com o olhar de satanás, Lee Van Cleef. Ele parecia ser um sujeitinho magrelo para quem você não daria a menor pelota, mas bastava olhar para os olhos demoníacos de Van Cleef para ver que subestima-lo seria seu ultimo engano.
Os americanos contra atacaram com alguns filmes como Meu Ódio Será sua Herança do papa da violencia, Sam Peckinpah. Mas esse segundo folego durou pouco e só nos anos 80 os western deram uma volta.
O maroto Quentin Tarantino ficou muito tempo dizendo que queria fazer um faroeste e resolveu refazer Django. O personagem de Franco Nero andava sem rumo pelo oeste arrastando um caixão. Dentro, havia uma metralhadora gattling. O Django de Tarantino é de uma época um pouco anterior, um ex escravo interpretado por Jamie Foxx em busca de sua noiva e vingança.
Terence Hill e seu chapa Bud Spencer faziam os pilantras Trinity e Carambola em varios filmes e faziam a alegria da galere misturando ação e e comédia.
Apesar de possivelmente ser confundido com outra coisa, o filme Um Homem Chamado Cavalo gerou duas continuações, O Retorno do Homem Chamado Cavalo e O Triunfo do Homem Chamado Cavalo, estrelados pelo primeiro Professor Dumbledore.
A terceira fase do western é a moderna por assim dizer. Há vários filmes bons como Os Imperdoáveis, Bater ou Correr, Jovem Demais para Morrer (em especial o segundo filme) Soldados Bufalos, Tombstone, as refilmagens de Django e Bravura Indomita e outros. Os lançamentos são esparsos e apesar de as vezes contarem com atores famosos é mais comum não fazerem grande sucesso.
Talvez justamente para tentar buscar sair da formula do western (desnecessário na minha opinião, se bem feito) essa fase é a que mais conta com variações do tema, as vezes variações demais, como Cowboys e Aliens, As Loucas Aventuras de James West (ruim, muito ruim) e outros. Mesmo o que seguem a formula mais fielmente como O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford não se deu muito bem nas bilheterias.
A exceção são os filmes do Tarantino, como o já mencionado Django Livre e no fim do ano vai ser lançado o segundo western de Tarantinho, Hatefull Eight, Os Oito Odiaveis. Só o elenco já bastaria para ver esse filme. Samukas, Batman Nazista e Snake Plisken são parte do elenco. É aquele filme que roubaram o roteiro e o Tarantino deu chilique, dizendo que não ia filmar mais nada e coisa e tal.
Avatar Dança com Lobos do chatão Kevin Costner é um bom exemplo de como o western podia ser ruim nesse momento, com um branco ficando amigo dos indios. Clint Eastwood foi mais sincero. Indio leva bala, como realmente levava.
Outro excelente filme é a maluquice de Takashi Miike, Sukiyaki Western Django. Assistam. É do caralho e tem uma participação especial justamente do Tarantino.
Os games sempre tiveram representantes de western , desde os primórdios do Atari com Outlaw e Gunfight. Wild Gunman ficou famoso por aparecer em De Volta para o Futuro II na cena que Martin mostra como é fodão e os guris do futuro dizem ser um jogo de bebês por usar as mãos.
Outros faroestes de destaque eram Wild Guns, uma variação futurista, só que bem feita e Sunset Riders da Konami quando valia alguma coisa.
A Rockstar tentou com Red Dead Revolver e teve certo sucesso até criar Red Dead Redemption, o verdadeiro western jogável. Muita gente pediu que esse jogo virasse filme e apesar da imensa qualidade , fui e sou contrário. Pra que? Com tantos bons westerns, uma adaptação seria redundância.
O Brasil também teve algumas tentativas com O Pistoleiro chamado Papaco, o melhor western brasileiro e até o Legião Urbana tentou difamar o gênero com Faroeste Caboclo. Que gerou, sem surpresa nenhuma, um filme horroroso .
Antes do mundo se tornar frouxo, o famoso Cowboy da Marlboro usava espertamente a imagem de um cowboy fumando enquanto fazia o trampo de conduzir gado e outras atividades relacionadas. Era uma imagem poderosa e faz sentido que tenha ajudado a vender muitos cigarros.
Pra quem se lembra, o nome do post era um programa que passava na Record. O Bangue Bangue à Italiana mostrava filmes italianos principalmente, mas também americanos das fases mais clássicas.
O western também rendeu boas comédias como Banzé no Oeste de Mel Brooks ou Cannibal o Musical dos malucos de South Park. Um Milhão de Maneiras de Morrer no Oeste (foda-se o titulo nacional) também é legal, mas os dois anteriores são melhores.
Há muitos, muitos westerns por aí. Não é dificil encontrar algum que lhe agrade, pois há tantos tipos de westerns quanto tipos de lagartos no deserto. Inclusive em animação, mas isso é para outro dia.