Arqueiro Verde – Ano Um
De vez em quando tem algo bom por aqui.
Oliver Queen é um jovem milionário, dono de uma herança astronômica, em outras palavras, uma pessoa detestável. Inconsequente, sem nenhum objetivo na vida, quando não está excitando o seu cérebro com altas doses de adrenalina em escaladas e safáris, está nublando o mesmo com doses cavalares de qualquer coisa que tenha álcool na composição. Até mesmo o arco, uma paixão de infância, foi um talento desperdiçado. Não possui nenhum amigo com exceção de seu guarda costas, Hackett.
Durante uma viagem no iate de Oliver, Hackett confessa que planejou pegar uma enorme quantia de dinheiro do rapaz na forma de ações e fugir com elas, mas insistência de Queen em acompanhá-lo durante a viagem lhe deixou sem escolhas além de matá-lo. Após um curto embate, Hackett arremessa Queen inconsciente em alto mar, certo de que o oceano faria o resto do serviço, porém ele sobrevive. Confuso, ferido e abandonado à própria sorte, Oliver acorda na praia de uma ilha no meio do pacífico e se vê obrigado a enfrentar condições extremas para sobreviver.
Porém o destino quis que o playboy chegasse na mesma ilha onde Hackett, junto com a mafiosa chinesa Chien Na-Wei coordenam uma mega operação de produção de heroína. Chien escravizou os habitantes do local e os controla através de abusos físicos inimagináveis e terror psicológico. Após ser salvo por uma das escravas da ilha, Oliver se vê diante da oportunidade de finalmente fazer algo pelo bem de outras pessoas, ao ao menos morrer tentando.
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Ok, temos duas histórias na coleção focadas no Arqueiro Verde até o momento (a anterior é Espírito da Flecha) e o índice de aproveitamento é de 100%, o exato oposto de Batman e Superman, mas com uma equipe criativa composta por Andy Diggle nos roteiros e Jock na arte fica meio difícil sair algo ruim. A minha experiência com a dupla se deu anteriormente na leitura da ótima e perturbada Hellblazer: Pandemônio, então as minhas expectativas estavam altas. Falando inicialmente sobre o roteiro, Diggle consegue construir muito bem as personalidades dos atores principais durante o desenvolvimento da trama, que em nenhum ponto se torna maçante ou desnecessária e que conclui de maneira extremamente satisfatória.
Os desenhos de Jock são bons, seguem uma linha mais estilizada, até mesmo “suja” em alguns quadros, me agrada mas não é nada que mereça muitos louros (com exceção das capas, onde o estilo do cara brilha). O ponto forte pra mim dele acaba sendo a narrativa, muito fluida, além dos ângulos de câmera e das cenas de ação bastante dinâmicas. É nesse ponto que caras como Jock ou o falecido Steve Dillon me ganham mais do quê um Alex Ross, por exemplo, pois não adianta muito uma sucessão de quadros maravilhosos se a transição entre eles é meio deficiente.
Voltando à revista como um todo, quando eu terminei a leitura fiquei um bom tempo com a seguinte questão na cabeça: por que não adaptaram essa joça pro cinema? Essa revista é um roteiro pronto, é só chamar uma meia dúzia de atores decentes e filmar, era bem capaz de tirar a DC desse buraco cinematográfico. E não me venham nos comentários com o argumento de que “Arqueiro Verde não é conhecido do grande público” porquê tem um cara na outra editora que todo mundo cagava e só tinha história chulé chamado Homem de Ferro, e olha o que virou.
A história extra fica por conta de uma reprodução parcial de More Fun Comics 73, de 1941, onde o Arqueiro Verde e seu parceiro mirim, Ricardito, aparecem pela primeira vez. Como toda história de Era de Ouro, não sobra muita coisa além de curiosidade histórica. O interessante aqui é o fato de que o herói já aparece dando chute na porta e soco na cara, sem nenhuma explicação sobre origem ou coisa que o valha. Mas tem uma coisa que me chamou muito a atenção nessa parte da primeira página a imagem colocada logo abaixo.
Sem nenhuma censura, tem um cara metendo uma azeitonada à queima roupa na nuca dum maluco! Isso num gibi voltado para o público infantojuvenil, se um bagulho desses sai hoje em dia, imagina a treta que ia dar? Fora isso não tem mais nada muito interessante não.
Saldo final: Arqueiro Verde – Ano Um seria uma ótima aquisição por um preço mais justo. Se você mora na cidade de São Paulo ou do Rio de Janeiro, vale a pena esperar um daqueles bota fora de livrarias vendendo os encalhes da coleção a 20 pila.