A Ilha do Tesouro
Hora de ler seus cães sarnentos!
Já a algum tempo, nosso amiche Godoka tem exercido seus poderes interioranos para obter um monopolio sobre a literatura no site, talvez porque é o unico alfabetizado.
Não mais.
A Ilha do Tesouro é um daqueles chamados clássicos, pouco lidos, mas influentes pra caralho.
Robert Luis Stevenson escreveu a bagaça em 1881 e deu inicio a muitas da tradições desse genero, como “o X marca o local” e até a aparencia tipica de piratas. Incluindo os papagaios.
Um garoto chamado Jim Hawkins trabalha na estalagem dos pais, na costa da Inglaterra, quando um velho marinheiro aparece por lá. É um cara grosseiro e aparentemente perigoso, mas se hospeda no lugar e começa a pagar Jim com moedas de prata para que o garoto o avise se aparecer um sujeito de uma perna só.
Em certo momento um velho cego aparece, discute com o marinheiro que morre pouco à seguir e a estalagem é atacada por piratas, mas Jim e sua mãe conseguem escapar com alguns objetos do baú de viagem do marinheiro, entre eles, um mapa.
Quem o ajuda são dois fidalgos, o doutro Livesey e lord Trelawney, que identificam o velho marujo como o pirata Billy Bones e o mapa como pertencente ao infame e notório capitão Flint. E resolvem fazer uma expedição para buscar o tesouro.
Durante as preparações da expedição, Trelawney contrata um simpatico cozinheiro, Long John Silver, que os auxilia em tudo. E sob o comando do capitão Smollett, partem no navio Hispaniola para a ilha.
A historia segue com muitas traiçoes e batalhas, com os protagonistas se livrando graças a mistura de audácia e sorte que segue Jim Hawkins.
A Ilha do Tesouro também gerou um dos melhores personagens da literatura e certamente um dos melhores vilões. Silver é um filho da puta magnifico, traiçoeiro e carismático de tal forma que, mesmo com tudo que ele faz, é dificil não ter alguma simpatia pelo calhorda.
Como toda boa literatura mais antiga colocada como “juvenil” ou “infanto-juvenil” o que não faltam são mortes, pragas e outros elementos esclarecedores, para dar às crianças uma boa noção de como a vida não é um campo de rosas perfumadas.
A quantidade de adaptaçoes e influencias dessa historia, publicada inicialmente em capitulos é um demonstrativo do alcance dela.
Entre elas eu destacaria a versão de 1950, da Disney, meio amenizada na violencia, mas ainda boa e que popularizou a “fala de pirata” com grunhidos e a hilária pra caralho versão dos Muppets em filme. É boa pra cacete mesmo.
Stevenson sabe escrever bem, e transmitir a ambientação dos locais, em particular a Ilha, que é vista pelos olhos do narrador de boa parte da história, Hawkins, e absolutamente diferente do cinzento litoral inglês aonde ele cresceu.
Há uma quantidade absurda de versões nacionais do livro, o dificil é apenas encontrar as menos “infantilizadas”, mais próximas ao texto original. Tenho uma edição muito boa, bem traduzida, com muitas informações sobre a época e navios e várias coisas legais nas laterias das páginas. Não encontrei e nem procurei muito. Mas é boa.
Enfim, tire um dia pra ler esse livro e não vai se arrepender.