A Ilha do Dr. Moreau: Uma Análise em 3 Partes pt.1 – O Livro
Mas antes aquela explicaçãozinha marota. Na verdade não tem explicação coisa nenhuma, a explicação tá to título, se fode aí.
A Ilha Do Dr. Moreau é um livro de ficção científica e aventura escrito por H. G. Wells (também conhecido por obras como O Homem Invisível, A Máquina do Tempo e Guerra dos Mundos) e lançado originalmente em 1896. De modo sucinto, o livro é uma história contada por Theodore Pendrick, sobrevivente de um naufrágio e resgatado à beira da morte por um homem chamado Montgomery. Com o decorrer da trama descobrimos que Montgomery é um ajudante de Moreau e responsável por adquirir suprimentos e cobaias para seu chefe, que nunca deixa a ilha onde realiza suas experiências.
Moreau era um grande cientista, com trabalhos célebres na área de transfusão sanguínea e vivissecção que caiu em desgraça por causa de suas experiências no mínimo eticamente questionáveis. Para que pudesse seguir com sua pesquisa em paz, ele se muda para a ilha e se isola quase que completamente da humanidade. Com o tempo Pendrick descobre que Moreau molda animais através de plásticas e enxertos até transformá-los em algo próximo à forma humana, e que isso vem acontecendo naquela ilha há 11 anos. A ilha está povoada de homens fera das mais variadas formas e origens, e que seus instintos animais são reprimidos através de um distorcido código chamado apenas de A Lei.
O povo animal vê Moreau como uma espécie de divindade, um Deus que pune todos aqueles que desobedecem a lei. Um ser que não sangra, não morre e que tem o dom de dar a vida e de trá-la. Uma das regras mais fundamentais desse povo é que eles não devem comer nenhum animal ou provar seu sangue, e o ponto chave é justamente quando tal coisa ocorre.
A Ilha Do Dr. Moreau utiliza do cenário fantástico para fazer o leitor pensar em uma série de questões quanto à natureza do homem e suas ações. É impossível não identificar estereótipos humanos em certos homens animais. Outro ponto interessante é em relação ao código de conduta chamado de A Lei, uma série de ações e comportamentos aceitáveis para o ser humano civilizado de hoje, mas incompreensíveis pro povo animal, que as cumpre apenas por medo da punição. Mas apesar de cientes das consequências de seus atos, nem sempre A Lei é obedecida, o que leva a outro ponto que encontramos na nossa sociedade, pois o ser humano também encontra dificuldade e questiona as regras que ao seu ver parecem absurdas. Seria esse nosso comportamento animal, o comportamento primitivo de nossos ancestrais que ainda persiste? Ou será que a evolução nos permite questionar um código moral inalcançável ou até ultrapassado?
Falando um pouco de história (foi mal Gariba, tô roubando seu expediente), o comportamento dos 3 homens “de verdade” da ilha pode são parecidos com os relatos e ações dos descobridores e missionários que procuraram levar a “maravilha da civilização” a povos indígenas nas Américas, nas tribos africanas ou na Índia. A inserção de leis e condutas por meio da dor e do medo, a animalização e a inferiorização do que é apenas culturalmente diferente.
Se você nuca leu, eu sugiro que vá atrás. Não é um livro grande, muito pelo contrário, e além disso a leitura te prende de uma tal forma que você não percebe o tempo e as páginas passando. Como o livro está esgotado na Cultura, você pode encontrá-lo nesse link de graça.