Marvel Comics A História Secreta
Quem diria que a melhor e maior saga da Marvel seria justamente a história da própria Marvel?
Escrito por Sean Howie, Marvel Comics A História Secreta é a biografia da editora, contando sua história, e histórias, desde a Timely láaááá nos anos 40 até recentemente (o livro saiu lá na civilização em 2012).
O livro conta como a pequena Timely começou como parte de um grupo editorial e suas primeiras criações, o Tocha Humana e Namor. E foi criando outros heróis, absorvendo alguns com o tempo, enfrentando a concorrencia da poderosa National Comics (posteriormente DC Comics) e conquistando seu lugar ao sol, as vezes com picaretagens bem Quesadianas, mesmo antes do cara nascer (As duas editoras combinaram um aumento de preços. E assim foi no primeiro mês. No segundo a Marvel, sem avisar nada, BAIXOU para o preço original e assumiu a liderança pela primeira vez em, o que, quarenta anos?). E claro, trazendo um pouco mais de humanidade para os quadrinhos, cortesia dos, pra época, avançados dialógos de Stan Lee.
Uma coisa que Stan Lee fez bem, e isso sempre é apontado como uma das razões do sucesso da Marvel foi dar “pés-de-barro” aos heróis. E rapaiz, nesse livro o herói com mais defeitos é o próprio Stan Lee. Do tempo que ele cagava pros quadrinhos (ele tava afim é de fazer cinema), mas adorava ser conhecido como o criador deles, e para isso ficou com o crédito devido a gente como Jack Kirby e Steve Ditcko. Ou como foi legal empregando um dos criadores do Super Homem, depois que a DC cagou na cabeça dele.
O livro tem dois momentos especificos, pelo que notei. E eles ficam misturados em certos momentos, mas dá pra notar quando se separam. Uma parte, em particular no começo do livro, até mais ou menos a metade, se fala muito da historia em si, da parte criativa e tals. Quando a empresa passa a ser “serious business” é um tal de vendas pra cá, assimilação pela corporação tal, investidor trambiqueiro fulano e por aí vai. Mas acredite, toda essa papagaiada de negócios é absolutamente vital para mostrar como a Marvel chegou onde está e o mar de merda que teve que atravessar.
É interessante notar como a trajetória da Marvel até agora é meio que uma história de super herois. O começo humilde (meia dúzia de sujeitos), os primeiros passos com o poder, os erros cometidos, as surras dos adversários e circunstancias ( da DC, do Código de Ética, do mercado de quadrinhos que incha e emagrece igual gordo), a terrivel era das trevas (final dos 80 e quase todos os 90, a falência, e como as práticas safadas de mercado da Marvel quase fuderam o mercado dos quadrinhos como um todo, como um bando de funcionários que “manjam” de quadrinhos, num certo momento tiram sarro da arte de Kirby, provavelmente achando “datada”) e finalmente o renascimento, ou como a Marvel sempre faz, um reboot que não é, nas palavras de Stan Lee nos anos 60 “Os leitores não querem mudanças, querem ter uma ilusão de mudança.”
O que nos trás aos dias de hoje. A cronologia unificada, algo no qual a Marvel se destacava e era pioneira, se tornou uma amarra na maioria das vezes, um mal recorrente que causa aberrações como One More Day, Franklin Richards (no mínimo seis anos mais velho que a irmã, hoje parecem ter uma diferença de no máximo dois anos), Marvel Now, NEW Marvel Now, New Marvel Now Champion Edition e por aí vai.
Enfim. O livro vale a pena e é muito interessante como bastidores da Marvel e da industria em geral, mesmo que seja da editora que não publicou Cavaleiro das Trevas, nem Watchman, nem Crise das Infinitas Terras, nem A Piada Mortal, nem Reino do Amanhã, nem Ano Um, nem nada da Vertigo, nem….