Esqueça Matrix

Sempre quis usar essa frase em um post, é a única coisa que lembro do filme Equilibrium, e sempre me faz rir.

O primeiro Matrix em 1999 foi um filme revolucionário na sua época, lembro de alugar pra ver com meu pai e assim que o filme terminou nós nos olhamos e dissemos, “Vamos ver de novo”, de tão absurdo que foi o impacto de tudo aquilo que vimos.
Os outros filmes não nos marcaram tanto, não lembro muita coisa do segundo e o terceiro pra mim parece que foi só uma grande luta entre Neo e Agente Smith. Então eu não tinha grandes expectativas para um novo Matrix, era algo desnecessário na minha opinião.
Mesmo assim, quando a letras verdes começam a descer da tela e uma cena clássica se repete a nostalgia bate forte.

Sem dar muitos spoilers, o filme nos mostra que a guerra contra as máquinas não teve o desfecho que todos esperavam e Neo (Keanu Reeves) e Trinity (Carrie-Anne Moss) estão de volta a Matrix vivendo vidas que não são deles.
Thomas Anderson sente que tem algo errado com sua vida, mas toda a história de Matrix foi convertida em uma trilogia de games de sucesso criada por ele mesmo, e agora ele pensa que foi tudo fruto da sua imaginação. A chegada da notícia de um novo episódio na franquia de games faz ele começar a repensar o que é real ou não.
Essa pra mim foi a melhor sacada do filme, o tempo inteiro eles jogam na sua cara que essa é uma continuação desnecessária de uma história que já acabou, usando o jogo como metalinguagem, mostrando os produtores discutindo sobre o que é a Matrix e como deveriam recomeçar uma nova história.

E cabe aos novos personagens Bugs (Jessica Henwick), Morpheus (Yahya Abdul-Mateen II) e companhia, ajudar Neo a acordar, se ele quiser é claro, pois tudo isso pode ser só coisa da cabeça dele.
Sobre o resto do elenco, reconheci pelo menos uns 4 atores de Sense 8 (criado pelas irmãs Wachowskis) no filme, temos também Neil Patrick Harris no papel do analista do Neo. E para quem se perguntava, existe uma razão para a troca de ator do Morpheus e faz sentido dentro desta história, assim como o Agente Smith (Jonathan Groff) que retorna em outra forma.

Acredito que Matrix Resurrections vai dividir as opiniões entre gostar muito ou achar péssimo, de um modo geral eu curti bastante o que eu vi, tem muita cena de ação (nada muito revolucionário), tem aqueles questionamentos sobre a vida real ou ficção, se temos alguma escolha no final das contas ou é tudo programado, temos atores bem a vontade em seus papéis. Mas está longe de ser bom igual ao primeiro e o filme tem total noção disso no que se propôs, Lana Wachowski praticamente fez uma continuação sobre não fazer continuações, mas esse me divertiu bem mais que Reloaded e Revolutions na época. Ele é uma espécie de reboot/remake se auto referenciando o tempo todo enquanto tenta contar uma história não tão nova, e ainda deixa aquele final em aberto para possíveis continuações, que Lana Wachowski já declarou não ter planos, mas acho que falaram a mesma coisa quando saiu o primeiro Matrix.

Por fim, esse filme me deixou com vontade de assistir ele novamente, não daquela mesma forma que eu fiz com meu pai em 99, mas para absorver melhor esse filme, que referencia algo que me fascinou tanto a mais de 20 anos atrás.