Review coletivo de mangás aleatórios (parte 1)
Esse post não vai fazer sentido pra um monte de gente…
…mas FOLODA-SE!
Seguinte, quem já acompanha esse site há algum tempo já deve ter me ouvido falar ou lido em algum post meu que se eu vejo um quadrinho muito barato, eu compro! Quer conheça a obra ou não! Mas quando eu digo “barato” eu não quero dizer “barato” de hoje em dia, que a galera acha que uma HQ de R$59,90 é uma pechincha! Quando eu digo “barato” quero dizer de R$2,00 a NO MÁXIMO R$15,00 e olhe lá! E graças ao conceito de que “quadrinho é coisa de criança” somado ao jeito bronco da galera do local onde moro, já calhou de eu encontrar HQs a preços ridiculamente baixos, muitas das vezes na feira.
Só que nos casos dos mangás que falarei hoje a coisa foi bem diferente. Foram encalhes de uma comic shop aqui da cidade que estavam a tanto tempo nas prateleiras que o dono primeiro colocou 30% desconto…depois 50% de desconto…depois por R$4,00 qualquer um…depois R$3,00…e, por fim, R$2,00 qualquer um! Nessa época a Panini, JBC, Mythos e New Pop não estavam publicando nada que me interessasse e então resolvi comprar alguns desses mangás em promoção unindo o fator “preço ridiculamente baixo” ao fator “vamos conhecer esse mangá pelo qual e NUNCA pagaria preço de capa”, o que resultou em vários mangás avulsos com numerações aleatórias. E aqui darei a opinião de quem leu poucos números desses mangás baseados nas impressões que eles me passaram. Comecemos esse cabaré de xola sem nexo:
1- Genshinken
O mangá conta a história de um clube universitário de otakus e mostra o dia a dia deles e como amam seus hobbies, que vão de fazer cosplay até montar e pintar model toys, aqueles action figures ou veículos que vem desmontados e pregados a um “esqueleto” de plástico que você precisa destacar peça por peça. Obviamente no meio de tudo isso temos desencontros amorosos e muito humor.
Comprei Genshiken movido pela curiosidade mórbida, pois não sabia patavinas da história e apenas a capa do volume 3 (comprei 3 dos 9 volumes que completam a obra porque…bem…só tinham 3 volumes na loja) me deu alguma pista sobre o que se tratava, que era uma garota vestindo um cosplay em frente a uma máquina de costura.
Li…e adorei! É divertido ver essa visão nerd do ponto de vista do povo japonês. E se você, nerd/otaku deste meu Brasil varonil, é tímido…calcule um nerd/otaku japonês, que já é um povo travado por natureza! As vezes pra tentar chegar na moçoila que o cara gosta, ele tenta trazê-la pro seu hobbi. Uma estratégia que só pode dar certo, claro…
O ponto de destaque mesmo fica pra personagem Saki Kasukabe, que é uma moça que não entende nada de anime, mangá, games, cosplay, model toys…enfim, não entende lhufas de NADA disso, mas entra no clube por causa do namorado. o resultado é a identificação imediata de quem acha estranho o amor tresloucado de um fandom por algo e também o reconhecimento desse fandom que certamente conhece alguém que entrou no grupo por ser parente, amigo(a) ou namorado(a) de alguém. Esse eu fiquei com vontade de ler completo! Ah, o traço é muito bacana! E , aparentemente, ganhou varias séries em anime e OVA. Talvez eu procure por elas…
2- Kekkaishi
Conhecido no Brasil como “Kekkaishi: Mestres de Barreiras” a história narra as aventuras de Sumimura Yoshimori, um jovem Kekkaishi de 14 anos, que protege a cidade de Karasumori ao lado de Yukimura Tokine, uma Kekkaishi de uma família rival (rivalidade que eles não levam a sério porque é algo que só seus avós parecem nutrir). Ambos tem a missão de impedir que os ayakashis, que são monstros espirituais, de tomarem a cidade, pois algo muito importante e poderoso está enterrado abaixo dela.
Esse foi um dos mangás que mais volumes tinha disponível na “xepa” da loja e foi o que mais números peguei (acho que tenho 8 volumes dos 19 lançados no Brasil) e foi uma das boas surpresas! A história é divertida, tem personagens carismáticos, uma história pra lá de bacana e arrisco a dizer que se o anime fosse exibido no Brasil correria o risco de virar sucesso entre a molecada! Não sei se chegaria ao nível de sucesso de um Naruto ou One Piece, afinal não tem SEICENTOS ZILHÕES DE EPISÓDIOS, contando apenas com “míseros” 52, o que não deve cobrir muita coisa do mangá e deve adaptar tantas outras, já que o mangá chegou a 35 volumes no Japão.
O desenho é muito bacana e a trama, pra traçar um paralelo com algo conhecido pra quem nunca ouviu falar, lembra um Blech MUITO melhorado numa cruza de leve com Yu Yu Hakusho e Naruto. Tá, falando assim parece uma salada de coisas, mas não é! Tudo é bem organizado e a mitologia interna se sustenta muito bem por si só, além de contar um ótimo desenvolvimento de personagens sem ficar chato em momento algum! Mais um que eu leria inteiro. Mas isso nunca vai acontecer porque ele entrou em hiato, segundo a Panini, no volume 19 brasileiro…e esse hiato já pode ser considerado eterno. Possivelmente deve ter vendido bem abaixo do esperado (ou eu não teria comprado 8 volumes a R$2,00 cada…)
3- Bem-vindo a N.H.K!
Rapaz…esse é pesaaaaaado!
Apesar de ter comprado dois volumes dos 9 que compõem a série, li apenas um deles e estou esperando um momento onde a vida esteja mais tranquila pra ler o outro, porque…meus amigos e minhas amigas…que historinha desgraçada! E sabe o que é pior? ERA PRA SER UMA COMÉDIA!
O N.H.K do título é a sigla da emissora de TV japonesa Nippon Hoso Kyokai, mas dentro da história tem outro significado. Segundo o protagonista da trama, Tatsuhiro Sato de 22 anos, a sigla refere-se a uma grande conspiração perpetrada pela própria emissora e na verdade significa “Nippon Hikikomori Kyokai” que pode ser traduzido como “Associação Japonesa dos Hikikomori”. Pra quem não sabe, Hikikomori é o nome dado a jovens japoneses que ficam reclusos em suas casas ou quartos por longos períodos de tempos. E eu não falo de horas. Falo de dias, meses e até ANOS! E Tatsuhiro é um Hikikomori que largou a faculdade, não tem emprego e vive sustentado pelos pais. Segundo sua tese, ele faz parte do plano da emissora N.H.K. de criar um grupo gigante de Hikikomoris pelo país. A história avança quando ele conhece uma garota por quem se apaixona e o vizinho, que o introduz ao universo otaku e lolicon.
Como eu disse, o mangá é uma comédia. Mas se você está passando por um momento difícil de sua vida, onde nada dá certo e seus planos não parecem ter futuro…PASSE LONGE! Esse mangá pode ter dar gatilhos infinitos! Tatsuhiro é um poço de fracasso e seu objetivo pra sair da fossa, seu plano mestre que vai mudar o jogo…é fazer um ero-game! Sim, um jogo erótico onde você precisa conquistar meninas e “funrunfar” com elas! Mas nem isso ele sabe como começar direito. E acompanhar os fracassos de Tatsuhiro, seja no campo profissional, pessoal e amoroso, se torna algo bem indigesto, sobretudo se rolar uma identificação em algum momento. Aí você já é tomado pelo espirito de um Juão Paulo.
É um mangá ruim? Não! Vai causar essa mesma sensação em todo mundo? Não! Mas em mim causou e por isso eis um mangá que eu não leria inteiro.
4- Zone-00
Vou confessar que esse eu peguei mais pelo visual que pela história. História que, aliás, eu nem lembro direito como é…
Tudo que eu lembro é que tem a ver com um jovem exorcista tendo que impedir que uma entidade demoníaca venha a nosso plano enquanto investiga a tal droga Zone-00 e, no meio de tudo isso, vamos conhecendo youkais que vivem disfarçados entre os humanos e vivem praticamente como famílias mafiosas.
Do mesmo autor de Tinity Blood (que eu também comprei 3 volumes na “xepa” mas ainda não li), o mangá é LINDO! O traço é maravilhoso, os personagens são todos bonitos e eu não sei se é um shoujo ou um shonen, pois tem elementos de ambos. Esse eu teria mais pelo desenho mesmo, confesso.
5- Utena: Uma Aventura Mágica
Shoujo Kakumei Utena é um dos mangás/animes dos anos 90 que eu vivia lendo sobre em revistas especializadas e que sempre era coberta por elogios. Sempre fiquei curioso mas não tinha internet pra ir atrás à época e não haviam mangás nas bancas brasileiras. O tempo passou e minha curiosidade também, sobretudo porque o mangá foi lançado pela JBC em formato meio tanko em 2008, ano em que os mangás em formato tankobon já eram comuns em banca. Nunca entendi essa decisão da JBC.
E foi na “xepa” da comic shop que encontrei dois números de Utena também da JBC mas que não faziam parte das 10 edições com a série principal. Intitulado Utena: Uma Aventura Mágica, o mangá em duas partes adaptava o longa animado de mesmo título lançado em 1999 no Japão e que chegou ao Brasil também. Tanto o filme quanto o mangá (óbvio, já que é uma adaptação do filme, dããã…) recontam de forma resumida e com várias mudanças a história da série original. Confesso que apesar do começo meio apressado e atolado em alguns clichês, a trama que não trata apenas de romances tabus mas também de misoginia, preconceitos de classe, objetificação feminina, incesto e traições de todos os tipos, me pegou de jeito! Adorei o mangá!
Obviamente fui ver o filme logo depois de terminar de lê-lo e devo dizer que apesar de LINDO, com character design bonito, animação espetacular e visual arrebatador, o longa tem momentos que ficam meio confusos e sem explicação e talvez quem só assistiu a série de TV ou tenha lido o mangá regular vá entender, isso sem falar em alguns momentos meio non-sense, sendo o mais gritante o final do filme onde a Utena se…transforma em um carro! Sim, foi isso mesmo que você leu! Graças a Odin, o mangá que adapta o filme corrige muitas dessas falhas e dá um final INFINITAMENTE MELHOR a trama, sem pessoas se transformando em carros de corrida rosa em uma metáfora maluca de fuga pra liberdade.
Acabo de me tocar que não dei a sinopse do mangá! Seguinte: Utena Tenjou é o novo aluno de um colégio de elite onde só pessoas com objetivos elevados ( e FEDORENTAS de rica) podem entrar. Todos as alunas caem de amores pelo rapaz, que acaba conhecendo a misteriosa porém desinibida Anthy Himemiya. O que Utena não sabia é que Anthy é “A Noiva da Rosa”, uma jovem que é escolhida como prêmio para rapazes que duelam em lutas de espada pelo direito de ficarem com ela e, com isso, fazerem o que quiserem com ela sem que Anthy tenha sequer o direito a opinar ou recusar. Obvio que Utena fica puto da cara, sobretudo porque na verdade Utena…é uma garota! Meio que acidentalmente ela acaba vencendo o duelo com o atual “proprietário” da Noiva da Rosa e tem o direito de ficar com ela. Agora Utena vai tentar empurrar na cabeça de Anthy, que parece mais que passou por uma lavagem cerebral pra levar tudo aquilo numa boa, que isso tudo é errado e que ela deveria mandar todo mundo tomar no c* e viver livre. Tudo isso enquanto tenta achar a pessoa que veio originalmente procurar nessa escola e que tem uma forte ligação com seu passado.
Confesso que fiquei com vontade de ler o mangá regular, apesar do filme e do mangá que o adapta terem um tom bem mais “sombrio”.
Bem, como o post já ficou mais longo do que eu previa, vou ficando por aqui. Voltarei na parte 2 com mais mangás lidos aleatoriamente e com um manhwa que eu DESEJO FERVOROSAMENTE ter completo um dia de tão maravilhosamente bem desenhado que é! Então, até a próxima!