Review Traumático: Ghosts of War

Um baita de um conceito simples mas pra lá de interessante.

Desperdiçado em um filme HORROROSO como esse! Assim é Ghosts of War, filme estrelado por Brenton Thwaites , o Robin/ Asa Noturna da série dos Titans e que ainda conta com Alan Ritchson, o Rapina também dos Titans (e o Aquaman em Smallville antes disso), e o eterno vilão do Titanic, Billy Zane. Mas antes de falar porque o filme é um pedaço de cocô fedorento, uma breve sinopse:

Um grupo de cinco soldados americanos precisa passar alguns dias em uma velha mansão onde aparentemente uma família judia havia sido brutalmente assassinada por soldados nazistas. Porém barulhos estranhos, estranhas visões e a certeza de que não estão sozinhos tornarão esses poucos dias um verdadeiro pesadelo.

Sim, a premissa é bem básica e simples e quando o Vinnie me mandou o trailer do filme pelo Whatsapp eu só conseguia pensar “CARAMBA! COMO NINGUÉM PENSOU EM FAZER ALGO ASSIM ANTES? É TÃO ÓBVIO E AO MESMO TEMPO TÃO GENIAL! UMA MANSÃO ASSOMBRADA POR FANTASMAS DA GUERRA DURANTE A SEGUNDA GUERRA!”. Porém, uma coisa já me incomodava no trailer: Os fantasmas Playcenter!

“Fantasmas Playcenter” é um termo que eu uso pra denominar os fantasmas genéricos de filmes de terror que se sustentam apenas em jump scares. E por que eu os chamo assim? Porque TODOS são pintados de branco com sombra preta ao redor dos olhos trajando roupas de época e parecem mais manequins velhos que espíritos malignos. Eu sei que tem gente que MORRE DE MEDO dessa representação genérica de fantasma baixa renda, ou a cini-série Sobrenatural (Insidious) não teria rendido quatro filmes que só decaíram em qualidade culminado no OFENSIVO Sobrenatural: A Última Chave. Lembro que na cena final do primeiro Sobrenatural, quando o personagem do Patrick Wilson faz a viagem astral pra encontrar o filho e ao invés de parecer estar passando por almas penadas parecia estar passando pelos integrantes do grupo musical O Teatro Mágico. Eu só consegui fazer um facepalm e lamentar profundamente aquela patacoada…

O Playcenter fechou em 2012 mas a tradição seguiu no Mirabilandia em Recife.
O Teatro Mágico.
Os fantasmas genéricos do filme.

Mas, voltando ao filme. Ghosts of War ABUSA IRRITANTEMENTE dos jump scares vagabundos, as vezes duas ou três vezes seguidas matando o impacto que o primeiro deveria ter, suas aparições são mais do mesmo, gente com a cara pintada de branco, usando roupas de época, com os olhos negros e que só sabem gritar o tempo todo sempre que surgem em um jump scare nojento. E o desfecho do filme…nossa…essa foi a pior parte…mas falarei mais disso na parte com spoilers. E, acreditem, não saber o que vai acontecer ao fim do filme vai te surpreender…MUITO NEGATIVAMENTE!

Mas ainda falando dos problemas do filme, em dados momentos ele acaba com tons de Scooby-Doo, com mistérios sendo desvendados pela Velma do grupo, que é um soldado mais cheinho e de óculos tal qual a personagem do supracitado desenho, e sendo didaticamente explicados para o expectador a la Dora: A Aventureira. Em dados momentos essas explicações acabam ficando sem sentido, já que muitas das informações ele lê de um diário que, a principio, pensa-se ser de alguma das pessoas da família morta, o que não faria o menor sentido já que…como diabos alguém escreve os detalhes de sua morte se já estava morta? Em outro momento você percebe que é o diário de um dos nazistas que participaram da execução da família, mas você só consegue pensar que baixou o Tolkien nele pra descrever as mortes de forma tão desnecessariamente detalhada. Outro problema está na hora em que o filme tenta te confundir pra você não saber o que está havendo. E o filme acaba dando uns 3 giros no plot pra cair no menos esperado e mais HORROROSO DE TODOS! Mas, calma…vou chegar lá…

A Velma do filme.

A trilha sonora também tem um probleminha no começo do filme. Acontece que quando chegam na mansão, os soldados começam a ouvir barulhos pela casa. O grande problema é que a trilha, por alguma razão, tem batidas de bateria, coisa incomum em trilhas de filmes de terror, o que acaba confundido o expectador pois não se sabe o que é som de trilha e o que é som de espirito sapateando pelos corredores. Se foi proposital, passou do ponto e ficou confuso, se não foi proposital, foi mal feito pra porra.

O elenco é competente e seus personagens convencem. São os velhos esteriótipos dos filmes de guerra: o líder sempre tentando manter a calma, o brucutu esquentado, o sádico que esconde um trauma, o tradutor que sempre explica tudo, e o cara que está sempre preocupado que vá dar merda e vive sempre desconfiado. Sendo justo, a parte que corresponde a “filme de guerra” é ok, e até rende uma cena de embate na mansão bem bacaninha, o problema mesmo é na parte do terror. E agora, vamos aos spoilers!

ATENÇÃO: DAQUI POR DIANTE O TEXTO ESTARÁ COALHADO DE SPOILERS DE UM FILME HORRENDO DE RUIM! LEIA POR SUA CONTA E RISCO! SE LER, TALVEZ ESTRAGUE SUA EXPERIÊNCIA DE TERMINAR O FILME PUTO COMO EU TERMINEI! ESTEJAM AVISADOS!

Durante uma cena em que o personagem de Brenton Thwaites é afogado em uma banheira ele tem a visão de soldados nazistas o segurando e tentando perfurá-lo com uma furadeira. De repente, enquanto se debate, temos um rápido flash de que parecem ser enfermeiras modernas com jalecos vermelhos tentando sedá-lo. O flash dura uns 2 segundos, mas eu já comecei a pensar “Não…eles não vão fazer isso…”. Mas eles fizeram!

Acontece que em dado momento do filme, quando tentam abandonar a mansão após a morte de um dos seus amigos que gritava desesperadamente “ISSO NÃO É REAL! ISSO NÃO É REAL! LEMBRE-SE! VOCÊ PRECISA SE LEMBRAR!”, os quatro sobreviventes começam a andar em círculos e ver acontecimentos se repetindo com pequenas alterações mostrando que apesar da repetição, eles já estiveram lá e influenciaram o local de alguma forma. Um dos soldados já manda um “Estamos mortos! E aqui deve ser o inferno.”, o que seria até manjado…mas MUITO MELHOR DO QUE A REVELAÇÃO FINAL!

Vendo a cena, me ocorreu essa ideia. BEIJO, VINNIE!

Acontece que o personagem do Brenton Thwaites ( que passarei a chamar de Robin) começa a achar que as almas da família estão presas a casa porque os nazistas os sacrificaram em um ritual satânico (fato que um pentagrama escondido sob um tapete corroboraria) e acredita que precisa dar um enterro decente aos corpos pra acabar com a maldição. Ele começa a tentar se comunicar com os defuntos, até que um dos defuntos o pega pelo colarinho, o arrasta para um mausoléu onde encontra os corpos, os enterra e…agora o diário diz que isso lhes daria mais poder, além de agora estar escrito em árabe. Agora o filme deixa de ser um terror com espíritos e vira Resident Evil, com os soldados saindo literalmente na porrada com os fantasmas!

Aí, quando você acha que não poderia piorar…os fantasmas começam a apresentar um tipo de glitch. É quando descobrimos que o Robin e seus amigos não estavam na segunda guerra, coisa que eu já tinha matado na cena da banheira que citei antes. O problema é que eu não estava preparado pra descobrir que ele e seus amigos estavam presos numa mistura da Matrix com o Animus de Assassin’s Creed. E o pior, em uma cena de efeitos especiais dignos de série de TV dos anos 90. A explicação pra isso só consegue piorar o rolê todo que já estava ruim.

Acontece que Robin e seus amigos estavam no Afeganistão e foram a casa de um informante que estava ajudando o exército americano. Eles iriam escoltar o informante e sua família para fora do país, mas exatamente nesse momento soldados islâmicos aparecem cobrando explicações do porque todo os comboios que o informante vistoriava acabavam sendo destruídos por drones americanos. Sem uma boa desculpa, o informante e sua família começam a ser torturados e quando os soldados americanos, que estavam escondidos em uma parede falsa, iam impedir, Robin vê por uma fresta que mais soldados chegaram lá fora e aborta o ataque, deixando o informante e seus filhos morrerem cruelmente. Quando estavam saindo da casa, a esposa do informante, unica sobrevivente, investe contra eles segurando uma bomba, furiosa pelos americanos não terem impedido a morte de sua família. Todos saem gravemente feridos, perdendo partes do seus corpos, mas por alguma razão a mulher, que estava ABRAÇADA COM A BOMBA, sai com o corpo intacto da explosão e joga uma velha maldição árabe nos soldados moribundos e depois morre (possivelmente de desgosto, já que a bomba nem a arranhou, né…) .

De volta ao presente, Robin acaba revelando aos médicos que a maldição se infiltrou no programa como um vírus e por isso eles estão presenciando acontecimentos sobrenaturais na simulação. E aí vem a explicação mais IMBECIL do filme até agora. Nos é revelado que o personagem do Billy Zane, que aparece como um nazista no começo do filme, é o médico/ cientista chefe desse projeto que visa induzir um coma numa simulação pra ajudar na melhora dos pacientes com ferimentos muito graves. Segundo ele, a simulação da SEGUNDA GUERRA MUNDIAL É A MAIS ADEQUADA POIS EVOCA VALORES COMO COMPANHEIRISMO! ENTÃO PORQUE ESTE CORNO NÃO SIMULOU UMA PARTIDA DE FUTEBOL, UM AMBIENTE DE TRABALHO OU MESMO FÉRIAS PRA GALERA? ONDE QUE UMA GUERRA VAI SER RELAXANTE E AGRADÁVEL E FAZER O COMPANHEIRISMO SE FORTALECER ENQUANTO SE MATA PESSOAS A SANGUE FRIO E SE TEME A MORTE A CADA SEGUNDO? Se bem que não eram pessoas, eram nazistas… MAS AINDA ASSIM É UMA PÉSSIMA ESCOLHA DE CENÁRIO!

A cena final é o Robin pedindo a enfermeira pra colocá-lo de volta na simulação pra avisar seus companheiros. Após muita insistência ela obedece, só que a última frase que o Robin escuta é a JUMENTA da enfermeira dizendo “Eita…esqueci que quando tu volta tu perde a memória daqui. Se fodeu…” e o filme termina repetindo a mesma cena do inicio.

Quando o filme terminou eu fiquei me perguntando porque diabos não fazer um filme comum de guerra ambientado DE VERDADE durante a segunda guerra mundial? Eu, por exemplo, deixaria o filme nessa época mesmo, faria a casa ter presenças mas não as mostraria de maneira escancarada e vagabunda, ao invés disso eu trocaria pelo clichê dos piores medos se manifestando, com a aparição dos cadáveres que eles mataram ou viram morrer pelo caminho de maneira violenta (como a cena onde um dos personagens descreve ter jogado cama de gato com o cadáver de um menino sem cabeça, que foi a melhor história do filme e renderia uma cena FODA) trazendo mais o terror psicológico que jump scare vagabundo e, ao final, revelaria que os nazistas haviam aberto um portal para o inferno na casa e que os demônios atormentariam quem entrasse nela até a morte e aprisionaria suas almas lá pra sempre. Sim, seria outro clichê, mas seria MUITO MELHOR QUE ESSA BAGUNÇA DO CARALHO QUE FOI ESSE FILME!

FIM DOS SPOILERS DESSA MERDA!

Enfim, fui com muita sede ao pote e descobri que tinha água de esgoto dentro. Uma premissa tão boa embrulhada em um roteiro tão lixo. Aliás, Brenton Thwaites precisa ter uma conversa MUITO SÉRIA com seu agente! O sujeito só entra em barca furada! O coitado esteve em bombas como Lagoa Azul: O Despertar e Deuses do Egito (não vou falar de Titans porque há quem goste). O saldo final é um filme entupido de clichês que pros fãs dos enlatados do James Wan pode ser que agrade, mas com certeza o final vai causar pelo menos estranheza se não a total revolta pela mudança brusca de tom.

NOTA: 5,0