Review Coisado: Vingadores Selvagens.

Ignorem o “coisado” no título. Só não consegui pensar em algo melhor.

Recentemente Vingadores Selvagens, título que deu o que falar por ter uma formação dos Vingadores só com os personagens carniceiros da Marvel mais o Conan, finalmente aportou nas bancas a Amazons do Brasil. Como não tenho um puto no bolso por uma sequencia fodida de acontecimentos merdas que exigiram minhas economias e empréstimos pra não deixar pessoas e bichos falecerem, eu li em scan mesmo. Se achou ruim, foda-se! Eu compraria se pudesse, o encadernado tá barato com relação as facadas cada vez mais comuns da Panini, custando R$23,90, mas tenho prioridades na vida e não sou YouTuber de quadrinhos que compram pilhas e pilhas de todas porcarias que aparecem custando mais de R$100 e chama de “investimento”. Enfim…

Edição da Panini. Compre 7 de uma vez e vingue a editora por eu ter lido em scan.

A história é basicamente essa: Conan está na Terra selvagem por acontecimentos que ocorreram em alguma história anterior ao título e que eu não li porque não acompanho a Marvel recente há uns bons 2 ou 3 anos (nem DC). Lá ele é confrontado por ninjas do Tentáculo e em meio a peleja conhece Wolverine. Ambos, ÓBVIAMENTE, trocam sopapos, ficam amigos e descobrem que apesar de estarem procurando coisas diferentes (Logan procura um amigo sequestrado e Conan um amuleto mistico), descobrem que as pistas levam pra um mesmo sujeito, um feiticeiro chamado Kulan Gath, escondido na Cidade das Foices junto com sua seita em parceria com outros grupos misticos, incluindo o supracitado Tentáculo, e que quer ressuscitar uma antiga entidade cósmica chamada Jhoantu Lau, o Deus Essência ( que a Panini aparentemente traduziu como “Deus Medula”, sabe-se lá porque…). Pra isso, ele precisará do sangue das pessoas mais sábias e talentosas e também do sangue de guerreiros, e é aí que está a desculpa pra que essa equipe de Vingadores Selvagens se una.

Quando o título foi anunciado, eu imediatamente fiquei interessado, pois gosto dessas formações loucas mesmo que apelando para o massavéio puro, como é o caso aqui. Com o anuncio de Mike Deodato nos desenhos, esse interesse só aumentou, afinal o sujeito se reinventou através dos anos e deixou de lado aquele lance do “quero ser Jim Lee” dos anos 90 ( que era mais imposição das editoras que decisão dos artistas) e criou um uso de hachuras único, o que deixou seu novo traço sensacional. Só que temos problemas tanto no roteiro quanto na arte aqui.

Desenho massavéio do Wolverine passando na sua telinha.

O problema do roteiro do Gerry Duggan é que ele é basicão. Mas é tão basicão que tem uma hora que você precisa colocar a suspensão de descrença no máximo pra aceitar algumas situações, como o fato da Elektra aparecer literalmente do nada na trama depois de ter simplesmente desaparecido no prólogo da edição zero. Fora isso, apesar do time contar com Conan, Wolverine, Justiceiro, Elektra, Venom e Irmão Vodu, a história se foca fortemente no cimério e no baixinho canadense, transformando o resto do elenco em coadjuvantes de luxo quase sem importância pra trama. Venom mesmo cai de paraquedas na coisa toda e fica ali só porque não tem nada melhor pra fazer.

A história tem muita ação e correria mas seria bom ter um momento pra vermos o time interagindo e se bicando por suas diferenças, mas isso não acontece em momento nenhum, a não ser entre Conan e Wolverine no comecinho da história. O humor também está presentes, mesmo em pequena escala, mas rende bons momentos como Conan se apresentando como “Conan da Ciméria” ao que Wolverine responde com ” E eu sou Wolverine de Pabst” que é uma marca de cerveja americana e, pelo que eu ouvi, a Panini abrasileirou pra “Sou Wolverine das brejas” ao que Conan leva muito a série e o chama assim algumas vezes. Em outro momento, sem sua espada e com Wolverine desmaiado e com as garras armadas, Conan literalmente o usa como porrete…ou melhor, como espada e ADORA a eficacia das garras de adamantium largando um ” Precisa me dizer onde conseguiu essas lâminas” em meio a gargalhadas sádicas.

Já quanto aos desenhos, eles sofrem um downgrade a medida que as edições avançam. Na primeira edição eles estão ótimos, com um Deodato beeeeem diferente do que era visto nos próprios Vingadores alguns anos atrás. Só que já na terceira edição você nota que a arte dele volta a ser o que era antes. Não sei se o que ele fez na primeira edição era uma experimentação que o desagradou ( se esse for o caso, não entendo o porque) ou se foi uma questão de prazo e ele voltou ao básico pra correr mais rápido o serviço, só sei que, no geral, a arte não fica ruim, mas tem umas derrapadas.

Arte da primeira edição.
Arte da quarta edição com uma arte final mais rabiscada e pesada, lembrando mais os trabalhos atuais do Neal Adams. E isso não é um elogio nesse caso…

A que mais chama a atenção está na anatomia de alguns personagens, que ficam com a musculatura meio disforme em alguns momentos (e isso é mais comum nos braços do Wolverine, não sei se pelo fato do Deaodato tentar fazê-los menores já que o personagem é baixinho) e em outros momentos eles parece modelos em CG saidos de Souten no Ken, com ombros e mãos gigantes e uma postura meio dura.

Tem também o Conan fazendo a pose da vitória do Scorpion em Mortal Kombat 4 mas aí pode ter sido só homenagem. Só que essa musculatura do Conan do peito pro braço erguido tá bizarra…

Enfim, Vingadores Selvagens não alcançou minhas expectativas mas também não foi uma decepção total. É só um quadrinho divertido pra se ler despretensiosamente. Não tem novidades nem grandes destaques a se ressaltar. Não maravilha mas também não ofende. Pegue em uma promoção, talvez.

Nota: 7,0

PS: Ah, e pra quem comprou ou vai comprar só pelos desenhos do Mike Deodato Jr. e está ansioso pra comprar o próximo volume por conta dele também, já aviso que a partir da sexta edição ele não desenha mais o título. Esse arco de 5 edições foi o ultimo trabalho do paraibano pra Marvel. E se você também espera ver mais da dinâmica do Conan com o Wolverine…esqueça! A equipe de Vingadores Selvagens também muda, sendo o Conan o único personagem constante em todas as edições. Ou seja, ele é o Batman aqui.

PS2: Um pedido especial pra galera que faz scan: PAREM DE COLOCAR TODA MALDITA CAPA VARIANTE QUE SAI JUNTO COM A EDIÇÃO! Fui ler o número 1 de Vingadores Selvagens e tive que passar por DEZESSETE capas variantes antes! Incluindo aquelas capas brancas pra pegar comissinos só com o título da revista! PRA QUE? PRA LEVAR PRA UM EVENTO E VER SE O DESENHISTA ANDA COM UMA MESA DIGITALIZADORA DEBAIXO DO BRAÇO PRA DESENHAR NO SEU SCAN? Porra…