Leia esta merda! – Justiceiro: Bem Vindo de Volta, Frank
Fechando a trilogia iniciada aqui e aqui.
Era uma vez um personagem de hq’s simples de ser trabalhado. Sua história era muito simples: um veterano da Guerra do Vietnã e ex-Forças Especiais que fica doido depois que sua família é assassinada e resolve tocar o terror no crime organizado. E o personagem acabou fazendo sucesso, afinal, como errar na história de um cara super treinado que usa trabucos mil?
Só que o pior aconteceu. Chegou uma hora que o personagem caiu na mesmice segundo aqueles que contavam sua história. E o que fazer? Simples! Vamos dar poderes para esse personagem!
E aí começou a enxurrada de bosta. Ele morreu, foi levado aos céus (mesmo tendo matado dezenas de pessoas) e de lá ele retornou com armas celestiais para fazer o serviço dos anjos. Sim, meu caro, aconteceu com o personagem o que acontece com aquele maravilhoso pernil da ceia de Natal depois de algumas horas passeando pelo seu sistema digestório, aquilo mesmo que você deu descarga.
Executivos vem e vão, autores, desenhistas, editores vem e vão, alguns deveriam ir pra nunca mais voltar, mas um dia se deram conta da cagada que tinham feito com um dos personagens mais cativantes e fáceis de trabalhar da editora.
“E agora? Ah, chama o Garth Ennis e ele que se foda!”
Bem, na minha cabeça eu imagino que foi assim que aconteceu.
Bem Vindo de Volta, Frank é o nome da minissérie em doze edições criada por Ennis e Steve Dillon para trazer o bom e velho Castle à sua forma original. O plot é bem simples: depois de um bom tempo fora do negócio, Frank Castle está de volta a Nova York e precisa passar uma mensagem de boas vindas. Nada melhor pra tal intento quanto desmantelar (leia-se trucidar) a família Gnucci, capitaneada pela cruel mama Gnucci.
Só que as coisas não são mais tão simples como antes. Inspirado no original, surgem novos vigilantes: o Santo, um padre latino da uma paróquia da periferia da cidade, que após confissões e mais confissões violentas de bandidos locais surta e resolve limpar os pecados de suas ovelhas com sangue; Elite, um burguês de merda que resolve matar os póbre que incomodam a elite dominante de merda; e Sr Troco, um operário comunistinha de escola pública que resolve matar os industriais filhas das putas.
Além disso a polícia resolve montar uma força especial para deter o vigilante. Na verdade não a polícia, os superiores que estão na mão dos Gnuccci. Pra isso nada melhor que convocar o detetive mais depressivamente ridículo da força policial de Nova York
Bom, e por que essa hq é boa? Porra, é o Garth Ennis livre pra matar tudo o que vier na cabeça dele! Mortes criativas, diálogos clássicos, o Russo, que é um dos melhores vilões do Justiceiro, só não tem peitinhos!
Quanto à arte, nem falo nada. Sei que muita gente não gosta do Dillon, mas eu sou fã do cara. O desenho é fraquinho, mas o cara ganha na narrativa.
A Salvat vai relançou esta minissérie (compre aqui) e a Panini tem um encadernado porquinho e baratinho (a versão que possuo). Recomendo, é uma leitura bem divertida e nunca perde a graça ao reler.