Reciclando posts – Conan: A Filha do Gigante de Gelo
Usando o finalzinho do recesso pra postar os mais alguns textos enviados em uma época distante para os nossos parceiros do Baile dos Enxutos. Publicado originalmente em 03/2013, ou não, vai saber.
Olá, cambada de viaduss, bichass, enxutuss. Baseado na resenha do King sobre a revista do Conan que eu nunca tinha ouvido falar, resolvi fazer uma análise do encadernado lançado pela Mythos em setembro do ano passado.
Esse encadernado marca o início da revitalização do personagem promovida pela Dark Horse em 2003. Para tal, a editora chamou o fodão do Kurt Busiek para os roteiros e Cary Nord para os rabiscos, com eventuais participações do desenhista Thomas Yeates. Dave Stewart ficou responsável pelas cores. Um detalhe muito importante: para tal projeto, a Dark Horse veio com a diretriz básica de que os roteiros deveriam ser baseados nos textos de Robert E. Howard, o pai do Gigante de Bronze. Essa diretriz era a mesma usada na fase mais memorável do personagem, na parceria Jonh Buscema/Roy Thomas.
A história se passa em um futuro bem distante da Era Hiboriana, onde um príncipe mimado de uma distante nação encontra uma catacumba recheada de ouro, antigos registros e uma estátua do cimério já como o rei da Aquilônia, o maior reino da Era Hiboriana. A partir de então somos apresentados a lenda do bárbaro.
Iniciamos a saga com o jovem Conan, então com 16 anos, recém saído da Ciméria em direção à Hiperbórea, vendo-se impelido a salvar uma jovem aesir de um ataque dos vanires à sua aldeia. Vemos um jovem guerreiro agindo de maneira brutal, apesar de sua pouca idade. A história evolui para a aliança de Conan com os aesires em sua vingança contra os vanires. No meio da aventura somos brindados com seu encontro com a bela Atali, a ninfa filha do Deus Ymir, o Gigante de Gelo. Com a progressão da história vemos que o belo reino da Hiperbórea, narrada por seu avô, pode não ser exatamente um paraíso.
Em relação ao roteiro, Kurt Busiek é um cara muito mais que competente, o seu trabalho está sensacional. A personalidade do cimério é bem trabalhada ao longo da história, como uma pessoa impulsiva em certos momentos, curioso, inteligente e sábio, apesar de sua pouca idade. As histórias correm naturalmente, se não fosse as capas das revistas intercaladas entre os capítulos, a mudança ente eles passaria naturalmente.
Em relação à arte, a escolha de Cary Nord caiu como uma luva. Seu traço consegue ser ao mesmo tempo uma homenagem ao Buscema, uma homenagem ao Frazetta (principalmente as mulheres) e algo só dele. A narrativa do cara é muito boa, seu traço é bem dinâmico e as cores de Dave Stewart são ótimas, deixando tudo mais Frazettaniano (uia!) ainda.
E por último, quanto ao encadernado. A Mythos fez um trabalho ótimo com o encadernado. A parte interna da capa e contracapa possui o mapa da Era Hiboriana, que não é nada demais mas dá um charme a obra, e pra quem já viu, é uma versão melhorada ao minimapas que vinham nos antigos A Espada Selvagem (QUE DELÍCIA, CARA!) de Conan. O papel interno e o formato da publicação privilegiam muito a arte. Sobre o material extra, o prefácio escrito pelo Busiek em 2004 para o encadernado americano não acrescenta muito, mas a biografia do Robert E. Howard ilustradas pelos rascunhos do Nord e o teste feito pra desenhista são muito bons.
Agora só uma ressalva: apesar da qualidade do produto, 70 reais no encadernado é muito caro. Esse tipo de preço afasta o leitor que não conhece, e o preço das histórias individuais que a editora lançou no Brasil também não ajudam a atrair os leitores. Sinceramente se eu já não tivesse conhecimento da obra através de “material digital gratuito não oficialmente distribuído pela editora”, eu não teria comprado.
É isso aí, galera. Recomendo a aquisição, apesar do preço salgado. E sinceramente espero que a Mythos lance os outros volumes e relance o encadernado “Nascido no Campo de Batalha” outro compilado de histórias sensacional.
Nota 10.