Reciclando posts – 20 (agora 21) anos de Vulgar Display of Power

Outro texto enviado a quase exatamente um ano atrás para o Baile dos Enxutos. Tristemente esse texto é posto no ar novamente em dezembro.

 

Salve, enxutos! Atormento mais uma vez os donos do site para discorrer sobre uma das minhas maiores paixões: a música, mais especificamente Rock e Metal. Mas antes um pequeno aviso: se você, incauto leitor, for um garotinho juvenil, criado a leite de pera e ovomaltino na geladeira, apreciador de músicas como Marisa Monte, Maria Gadú, Restart, Boss(t)a Nova e tem nojinho de bandas que usam guitarras distorcidas, não gosta do barulho excessivo machucando seus lindos ouvidinhos, CAIA FORA DAQUI IMEDIATAMENTE!!! O assunto hoje é papo de macho ( e macheza não é opção sexual, tá aí Rob Halford pra provar isso)!

Vulgar
Em 1992 o cenário musical internacional estava tomado pelo movimento grunge, encabeçado pelo MTV Nirvana. O metal que até pouco tempo atrás era a música do momento estava meio mal das pernas. Ainda haviam bons lançamentos como Ozzy Osbourne e seu “No More Tears” e o Anthrax se reinventando com “Sound Of White Noise” e o Megadeath  com “Countdown to Extiction”, mas a coisa tava prestes a degringolar, a maior prova disso é o sofrível “Fear Of The Dark” do Iron Maiden. Entretanto, no meio dessa quizumba toda, havia uma banda que estava cagando pro que era moda e concentrada em lançar o mais puro metal. Essa banda, senhoras e senhores, era o Pantera.

Pantera 1
Após um início de carreira bizarro como uma banda de Hair Metal (Metal Bicha, em inglês leonórdico), a banda havia se reinventado com a entrada do vocalista Phil Anselmo e lançado o clássico “Cowboys From Hell”(seu 4º disco), que possui a única música da banda que os jogadores de Guitar Hero conhecem. Então em 92 eles resolveram ir mais longe do que foram no álbum anterior. Mais pesado! Mais agressivo! Mais violento! MAIS! MAIS!

É lançado então “Vulgar Display Of Power”. E o que temos durante todo o álbum é o que está demonstrado na capa do disco, porrada do início ao fim. Iniciando pela espetacular “Mouth For War”, um dos vários clássicos presentes na bolacha.Cadenciada, com uma bateria sem firulas, uma linha de baixo no lugar certo, Dimebag arregaçando as cordas da guitarra e o vocal móthafócka de Phil Anselmo. A banda segue acelerando e atropelando tudo até a balada “This Love”, mas antes somos presenteados com “A New Level”, “Walk” e o tiro no pé do ouvido chamado “Fucking Hostile”.

Pantera 3
A segunda parte do disco é composta por “Rise”, “No Good (Attack The Radical)”, “Live In A Hole”, “Regular People (Conceit)”, “By Demons Be Driven” e termina com a “calma” “Hollow”. Algum destaque? Nenhum, o disco mantém-se em alto nível durante toda a execução, um verdadeiro clássico do chamado Thrash Metal Conteporâneo, camado também de “é Metal e pronto, porra!”. Particularmente eu tenho uma preferência por “Mouth”, “Hostile”, “Rise” e “No Good”.

Esse disco foi o responsável por transformar o Pantera de grande promessa do metal para a banda mais influente do metal dos anos 90, uma das maiores até hoje, mesmo com o fim da banda, além de ter se tornado a única banda de metal a alcançar o nº1 no top da Billboard com “Far Beyond Driven”, de 1994. Os desgastes entre os membros da banda, principalmente por causa do vício de Phil Anselmo em heroína levaram a banda ao seu fim em 2001. Os membros seguiram para outros projetos, sendo os mais conhecidos o “Damageplan”, capitaneado pelos irmãos Abbot, e  “Down” e “Superjoint Ritual”, ambos de Phil.

Pantera 4
A coisas iam relativamente bem, sempre rolando um boato na imprensa sobre o retorno do Pantera, até que oito anos atrás esse que vos escreve é tomado de assalto pela notícia no Jornal da Globo de que um idiota invadiu o palco durante a apresentação de uma banda de metal no Estados Unidos e matou 4 pessoas, entre elas o guitarrista. Logo depois a notícia foi seguida pela opinião mais preconceituosa e carente de informações já feita por Arnaldo Jabor.

No dia 8 de dezembro de 2004, durante uma apresentação do Damageplan, um fanático, com um sério problema mental e agraciado por lei com a liberdade de comprar uma arma, sobe ao palco e vai em direção ao guitarrista Dimebag Darrel visivelmente alterado e falando “Você acabou com o Pantera. Você arruinou a minha vida. E quanto a Phil? Ele precisa de dinheiro para comprar heroína.”. Ele então deu cinco tiros em Dimebag, se voltando para Vinnie, que não foi atingido. O assassino ainda matou uma pessoa da plateia, uma empregada do local e um segurança da banda antes de ser morto pelo policial James Niggemeyer. O Metal acabara de ganhar seu próprio John Lennon, e ninguém ficou feliz com isso.

Pantera 2
Na casa do assassino foram encontrados planos para matar o Pantera por tirar as suas músicas, matar o Pantera e não um integrante específico. E mais uma vez todas as nuances e demais fatores foram postos de lado, afinal, já havia um bode expiatório perfeito, o verdadeiro causador de delinquência juvenil, assassinatos e o que mais você conseguir encaixar na lista. Nesse momento ninguém lembra que a música não comprou a arma, não puxou o gatilho e não deu assistência psiquiátrica a esse lunático.

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O Rock e o Metal sempre estiveram em vários momentos da minha vida, fossem bons ou ruins. Ele pode te desestressar, consolar, encorajar, descarregar a sua raiva, inspirar, influenciar, mas nunca fazer algo por você. A música é uma companheira de viagem, mas ela nunca vai conduzir o barco pra você. Pra onde você rema é responsabilidade sua.

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