Resenha – Tolkien

Em um buraco na internet vivia um site…

 

A influencia e o alcance dessa influencia, exercida por J.R.R. Tolkien na assim chamada cultura é qualquer coisa de extraordinária.

Nunca foi a intenção do Velho Professor dizer ser “totalmente original”, sendo que ele nunca negou ou escondeu suas influencias, a velha mitologia das ilhas britânicas. Então pare de dizer “Mas ai Zuervi! Ele copiou o Anel dos Nibelungos!”. Você não fica parecendo mais esperto dizendo isso, principalmente porque sei que provavelmente você nunca leu O Anel dos Nibelungos ou mesmo chegou perto desse livro. E de boas, tem passagens bem chatas em boa parte do livro. Tá, quando resolve tocar o terror, realmente é bom.

 

E não. Assistir a Fase de Asgard não conta como conhecer O Anel dos Nibelungos.

 

Mas enfim. O filme.

Mas antes disso, outra coisa. Há anos, uma das minhas várias reclamações com o cinema nacional é que, quando resolvem fazer um filme sobre alguém, geralmente é um documentário que vai passar em alguns festivais e poucas salas. Por razões várias, o cinema brasileiro tem poucas cinebiografias, o que é outra razão para ele ser uma bosta. Uma de muitas.

Diabos. Vamos ao filme.

O filme foca principalmente, e de forma alternada na vida de Tolkien, com um pouco de sua infancia e principalmente, seus anos de estudante, alternando com algumas passagens na Primeira Guerra.

Embora não tenha sido ali que Tolkien começou a escrever, foi onde ele criou o primeiro conto daquilo que viria a se tornar o trabalho de sua vida, seu Legendarium, a história da queda da cidade elfica de Gondolim.

O filme então mostra como Tolkien, embora tenha vindo de uma família humilde conseguiu entrar na prestigiosa Oxford e ali reuniu um pequeno grupo de amigos que iriam acompanha-lo por anos.

E mostra também seu contato com Edith Bratt. Foi Edith que o motivou a seguir escrevendo, e escrever suas coisas e sua importancia foi certamente algo que não pode ser diminuido de forma alguma.

O tumulo de Edith e Tolkien.

Embora o filme seja bom, ele falha em alguns pontos. Durante as sequencias da Guerra, nós, e possivelmente Tolkien, vemos imagens de dragões e Cavaleiros Negros, dando a entender uma possivel analogia entre esses fatos. E Tolkien detestava historias alegóricas, chegando a descrever como seria O Senhor dos Anéis se fosse, como diziam na época, e na verdade até hoje, uma alegoria à Segunda Guerra. E é absolutamente diferente da obra que conhecemos.

Outra foi abordada de forma um tanto superficial, que é a questão religiosa. Tolkien era catolico ( já que passou a infancia na Africa do Sul) e embora, como já disse, não gostasse de alegorias e tals, esse fato teve um peso significativo em sua obra, não tanto quanto na de seu amigo C.S. Lewis, o autor das Cronicas de Narnia, a quem Tolkien até criticou por isso.

 

 

De toda forma,  o filme consegue não ser chato por contar uma direção competente e permite ver como foi se moldando a vida e a visão de Tolkien até que ele possa dizer: “Em uma toca no chão vivia um hobbit.”