Review Sanguinário- Rambo: Até o Fim

Ou “Rambo: Busca Implacável”.

Eis que chega aos cinemas a quinta parte de segunda franquia mais famosa estrelada por Sylvester Stallone. Rambo: Até o Fim (Rambo: Last Blood) é um filme que tenta ser diferente, trazer algo novo a franquia já que não temos uma guerra escancarada desde 2003 no Iraque e não fazia muito sentido colocar um septuagenário pra vencer uma guerra sozinho. Só que é aí que o “trazer algo de novo” falha, já que o filme nada mais é que um “Busca Implacável” só que com um idoso diferente estrelando.

O roteiro base é quase o mesmo: John Rambo é um ex-fuzileiro que agora vive em um rancho junto de sua sobrinha e a avó da menina (Rambo não tem vínculo sanguíneo real com elas, era amigo da mãe e da avó da garota, creio que elas sejam da família do amigo que ele descobre que morreu de câncer no primeiro filme). A menina é órfã de mãe, falecida devido a um câncer, e seu pai as abandonou quando ainda era pequena. Decidida a conhecer o pai, a garota atravessa a fronteira e vai até o México a convite de uma amiga que diz que sabe onde encontrar o sujeito. Lá chegando, ela descobre que o que sua vó e Rambo vinham dizendo por 20 minutos de filme era verdade, seu pai era um pau no cu arrombadaço que não tava nem aí pra ela. Triste, cabisbaixa e sem vontade de cantar uma bela canção a menina é levada pela amiga pra uma boate, onde acaba sendo drogada e vendida pra uma rede de prostituição. Agora John Rambo irá ao resgate de sua sobrinha e as consequências desse ato o levará a uma guerra particular.

Antes de mais nada, assim como 99% da molecada nascida nos anos 80, eu sou FANZAÇO da franquia Rambo, desde seu primeiro e sóbrio filme  ( o qual é baseado em um livro onde o Rambo mata 3 vezes mais e morre no final), até as 3 sequencias galhofas, sendo a quarta uma das melhores surpresas dentro da franquia pois essa sim trazia algo novo, uma violência extrema e quase cômica que fazia total sentido dentro da proposta do personagem. E aqui não é diferente, a violência é gráfica, exagerada e divertida. O problema é que demora mais de UMA HORA pra começar em um filme de apenas uma hora e meia, e isso é um baita de um problema.

Olha, que bonitinho!

Lento, arrastado, com um roteiro cheio de clichês previsíveis e com um plot mais que batido, Rambo: Até o Fim acaba sendo o mais fraco de todos os 5 filmes. Stallone tenta retomar o lance dos traumas de guerra que o personagem tinha no primeiro filme, com flashbacks e afins afim de dar um ar mais dramático a coisa toda, mas acaba não funcionando muito bem, e isso já fica evidente numa das primeiras cenas do filme onde ele conversa com a avó da garota após ter realizado um resgate nas montanhas onde duas pessoas acabaram mortas e a senhora fala algo do tipo “Eu soube o que aconteceu. Duas pessoas morreram, mas você não pode se culpar. fez o que pôde.” ao que Rambo responde “Eu não os salvei, assim como não consegui salvar meus irmãos no Vietnam”  e com isso a impressão que dá é que se você passar pelo Rambo e disser “Bom dia, John!” ele vai responder algo como “Sabe quem não teve um bom dia? Meus irmãos que morreram no Vietnam e eu não pude salvar”. Soa meio “expositivo mas forçado”.

Ei…essa cena NÃO TÁ NO FILME!

As poucas cenas de ação são boas, com destaque pra os 20 minutos finais de filme que é onde a ação começa de verdade (antes disso só temos um espancamento a nível de interrogatório levado a cabo por Rambo). As armadilhas que o personagem fazia nos filmes anteriores estão lá, com algumas atualizações interessantes. Só que o filme toma mais contornos de “Esqueceram de Mim: Uma Aventura no Asilo” do que de Rambo. Mas isso é ruim? Não, é divertido por demais ver os traficantes sexuais mexicanos caindo nas armadilhas e o rambo metendo bala nos cadáveres afim de garantir que morreram. O problema mesmo está no lance dos bandidos serem mexicanos…

“No me mate, senõr! Soy apenas um campesino!”!

O personagem John Rambo é descendente de índios, isso é fato. A sua sobrinha bem como a avó e a falecida mãe dela também o são, até aí tudo normal. E, sim, obviamente existem cartéis de drogas e traficantes sexuais no México, não há como negar. Só que eu acho que esse não era  melhor momento pra usar esse plot, politicamente falando. Com Trump e seu muro e seu plano de deportação de mexicanos vivendo ilegalmente nos EUA, mexer com esse tema certamente trará problemas pra um filme que já é problemático como filme. E alguns momentos do filme não ajudam, como uns takes no muro que separa o México dos EUA pra deixa bem claro que os mexicanos não são lá muito bem vindos, e a cena final, onde após transformar um monte de mexicanos em mingau, Rambo me larga a frase ” Esse é meu lar e vou defendê-lo até o fim” num tom de “FIQUEM DO SEU LADO DO MURO, MEXICANAIADA FEDIDA!” e isso não é nada legal…

Enfim, Rambo: Até o Fim, ou Rambo: Last Blood, título que faz a ponte como primeiro First Blood dando a ideia de fechamento da franquia, é um filme lento, com uma mensagem que resvala na xenofobia e que só empolga nos 20 minutos finais. Ainda assim, é um filme que talvez divirta quem é fã da franquia.  A mim, que me encaixo nesse time, conseguiu entreter mas não conseguiu mascarar os defeitos.

Nota:7,0