Review de R$9,90- A Lenda do Batman: Batman e Filho

Um produto Planeta Deagostini que, estranhamente, não leva o nome Planeta Deagostini…

Como todo mundo bem sabe, a Salvat encerrou suas coleções Marvel e, talvez por isso, a Planeta Deagostini aproveitou o espaço  vago nas bancas (e nas prateleiras dos lombadeiros) para começar a investir em coleções no mesmo estilo. A editora já havia lançado a coleção de encadernados Star Wars mas agora parece querer adentrar ainda mais nesse nicho. Para tanto, lançou a coleção do Príncipe Valente e agora se une a Eaglemoss para colocar nas bancas A Lenda do Batman, uma coleção em 100 volumes só com “o melhor” do Cavaleiro das Trevas. Esse “o melhor” entre aspas eu explico depois…

Olha, honestamente eu tiraria o “in” de “indispensável”…

O grande diferencial da Planeta Deagostini com relação a Salvat e a própria Eaglemoss é que com ela não tem esse lance de “Ain, vamos lançar em alguns estados pra fazer o teste e ver se vale a pena lançar no resto do Brasil”, pensamento esse que fez com que a Eaglemoss decidisse lançar sua coleção da DC apenas a partir do volume 4 na demais regiões que não faziam parte do teste por motivos de “fodam-se vocês”. Com a Planeta Deagostini o teste é GERAL, se der certo, deu, se não der…fodeu! E é graças a essa falta de enrolação que a primeira edição de A Lenda do Batman já estava em bancas nordestinas essa semana e é por isso que resenharei esse volume 1 neste post.

O primeiro volume, intitulado Batman e Filho, traz as primeiras histórias do roteirista Grant Morrison a frente da revista do Homem Morcego. É nessa história que, se aproveitando dos eventos contados na graphic novel O Filho Do Demônio de 1987, ele introduz Damien Wayne, o filho de Bruce Wayne com Talia Al Ghul. Morrison teve uma passagem memorável no título do Batman, com coisas boas, coisas ruins e coisas bizarras. A quem ame, a quem odeie e a quem pense “que porra é essa, Morrison”. Eu confesso que passei por essas 3 fases lendo parte da passagem do sujeito pelas revistas do Homem Morcego, mas vou me focar em falar desse inicio, já que é, de fato, o assunto em pauta, e devo dizer que…véi…eu sempre achei que esse inicio seria algo épico, apoteótico e cheio de momentos de dizer “AÍ, SIM, MORRISON!”…mas me pareceu só um roteiro dos anos 90 que viajou no tempo e parou nos anos 2000…

Tudo começa com o comissário Gordon infectado com o gás do riso caindo de um prédio, o Coringa espancando o Batman com um pé de cabra em frente a um bando de crianças amarradas ao seu helicóptero gritando que finalmente matou o Batman e em frente a…bem…um bando de crianças amarradas ao seu helicóptero. Isso, até o Batman revelar que não estava morto e…DAR UM TIRAMBAÇO A QUEIMA ROUPA NA CARA DO CORINGA!

Claro que o verdadeiro Batman aparece depois, pois o Morrison não estava muito cheirado (ainda) pra fazer uma barbaridade dessas logo no inicio da trama, derruba o Batman falso, leva o Coringa nos braços até os paramédicos que dizem que ele está vivo, apesar de TOMAR UMA BALA NO CUCURUTO A MENOS DE 15 CM DO ROSTO, o que faz nosso herói heroicamente…arremessar o moribundo coringa numa caçamba de lixo!  Um verdadeiro antro de compaixão ambulante!

Depois disso é dito que após um período de peregrinação que se seguiu a saga Crise Infinita ( que eu não li nem lerei pois já tenho ojeriza a qualquer saga da DC que tenha a palavra “crise” no título assim como as sagas que tem a palavra “infinito” na Marvel, pois ambas não fazem diferença nem sentido algum em muitas delas), Batman prendeu todo super-bandido de Gotham, que agora passa por um período de relativa tranquilidade, e adotou oficialmente Tim Drake no processo. É quando Talia Al Ghul sequestra a mulher do professor Kirk Langstrom, o Morcego Humano, e diz que irá devolve-lá em troca do seu soro. O plano de Talia é criar um exército de morcegos ninja afim de tomar o Estreito de Gibraltar da Inglaterra e fazer de lá seu novo posto avançado. No processo, ela procura Bruce Wayne com um menino a tiracolo e diz “toma que o filho é teu”. Agora Batman terá que impedir Talia e seu exército de morcegos ninja (isso daria um ótimo desenho animado que seria acusado de plágio de certos quelônios) e ainda criar a porra de um filho de 10 anos homicida e que quer matar Tim Drake a todo custo pra tomar o lugar de Robin.

-Pai. Eu imaginei você mais alto
– E eu imaginei que você fosse desenhando como uma criança e não como um anão bizarro.

Como eu disse, a história parece um roteiro dos anos 90 que o Morrison tinha guardado na gaveta, tirou de lá e bateu a poeira quando a DC disse “Morrison, toma o Batman pra tu escrever”. Sério, a história vai do divertido descerebrado ao imbecil completo em segundo em muitos momentos. Pra piorar, o Morrison faz o Batman agir como um retardado em muitos momentos, como quando Talia aparece pra ele segurando na mão de um moleque e diz “Olha, a gente FUDEU ATÉ O TALO, UHUUUU,UHUUUU…lembra? E tu agora tem um filho! E tu tem que cuidar do garoto!” e o infeliz do Batman, olhando pra ela e pro menino bem na frente dele, diz “Garoto?”. Ô, CARAIO! TU NÃO É O MAIOR DETETIVE DA PORRA DO MUNDO! OLHA O “GAROTO” BEM NA TUA FRENTE, PEGANDO NA MÃO DA MULHER QUE TÁ DIZENDO QUE TU EMBUCHOU ELA! ISSO NÃO TE DIZ NADA NÃO, DOIDÓI? Bem…sendo justo com o Batman, talvez ele tenha ficado confuso com a palavra “garoto”, já que se tem uma coisa que o Andy Kubert NÃO SABE DESENHAR são garotos. Eis a prova:

O “pequeno” Logan com uns 10 anos de idade no traço do Andy Kubert.

O “pequeno” Damien Wayne com 10 anos de idade em Batman. Sásporra toma whey com fermento?

Por falar nos desenhos, eu gosto do traço do Andy Kubert, apesar de sua já provada incapacidade total e completa de desenhar crianças. Gosto do jeito propositalmente disforme que ele desenha seus personagens, é bem estiloso pois ele sabe o que está fazendo, ao contrário de certos Robs Liefelds por aí (pera…acho que depois do “certos” eu deveria ser mais indireto…). Ele claramente segue o visual do Batman mais “robusto” estabelecido por Jim Lee e isso fica bem claro quando ele claramente copia/homenageia algumas poses desenhadas pelo chinês de Tokyo em sua passagem pelo título ao lado do merdolento Jeph Loeb.

Essa página é um exemplo. Eu não achei o desenho original do Jim Lee mas quem leu Silêncio vai reconhecer a pose do Batman de lá.

Sim, Batman e Filho já havia sido lançado pela Panini em um encadernado capa dura que custava 55 contos. A diferença para esse encadernado, além do preço, está no fato que a versão da Planeta Deagostini/Eaglemoss vem com duas histórias a menos. Fui dar uma olhada online nas histórias que faltam nesse encadernado mas que estão presentes na versão da Panini e, honestamente, elas não fazem a menor diferença! Uma se chama “O Palhaço a Meia-Noite” e é praticamente um mini livro ilustrado com umas ilustrações em 3D que parecem ter saído de uma intro de jogo de PS1. A outra é “Belém” e mostra o Damien como o Batman em um possível futuro. Como eu disse, nenhuma das duas faz diferença pra trama central, que se fecha muito bem em si mesma (ou “quase” muito bem, já que a última história se chama “Casos Inexplicáveis” e deixa muitas pontas soltas que Morrison parece não se preocupar em fechar posteriormente fazendo jus ao título),mas seria legal ter a do Damien no encadernado também.

Quanto a qualidade gráfica da edição, ela não difere em nada de outros encadernados da Eaglemoss ou Salvat. O grande diferencial mesmo está no fato de não ter extra nenhum, nem mesmo uma ficha de personagens ou um pequeno texto falando da fase Morrison no Batman. É só um “a história até aqui” no começo pra localizar o leitor e a história principal, nada mais. Além do encadernado, o encarte ainda traz uma mini revista que fala um pouco mais da coleção e é basicamente o mesmo conjunto de informações que estão no site da Planeta Deagostini só que impressas.

Aqui entra uma experiência pessoal minha, que peguei essa primeira edição com felicidade mas, ao tirar do pacote, descobri que a cola quente utilizada pra colar a edição no encarte acabou derretendo o plástico e colando direto na contracapa.

Já fiz a troca na banca, mas a segunda edição que peguei também sofreu desse problema, mesmo que em menor escala. Então fica o aviso pra Planeta Deagostini: Maneirem na cola quente!

Ah, e lembra do ”A Lenda do Batman, uma coleção em 100 volumes só com “o melhor” do Cavaleiro das Trevas. Esse “o melhor” entre aspas eu explico depois…’‘ que eu coloquei no inicio do post? Então…acontece que esse “o melhor” está BEEEEEM longe de ser verdade! Claro que vão ter bons títulos no meio, sem dúvida, o problema é que grande parte deles já foram encadernados pela Panini e alguns você encontra bem mais barato que as edições dessa coleção, que fica por R$44,90 a partir do terceiro volume e corre o risco de aumentar a qualquer momento! Só que também tem o problema de algumas histórias BEEEEM RUINS estarem no meio, como a edição número 2, que eu fui procurar as edições correspondentes online e nada mais são que um monte de historietas fechadas com vários desenhistas diferentes, e a edição número 5, Aurora Dourada, que a Panini já lançou aqui em 2012 em capa cartonada e  lombada com grampos, no estilo das mensais atuais com o título “Batman Especial: O Cavaleiro das Trevas”. Eu já resenhei essa edição no falecido Hellbolha e vou repostar aqui no Superamiches só pra dar o alerta pra galera que pensa em comprá-lá. Mas já adianto: Não vale R$49,90! Na verdade nem valia os R$15,90 que a Panini cobrou na época…

Fonte da imagem: Guia dos Quadrinhos.

Por fim, essa nova coleção do Batman pela Planeta Deagostini mas que só leva o nome da Eaglemoss na edição (só achei o nome Planeta Deagostini no expediente do final da edição com os créditos de “distribuidora”) não é um investimento que vale a pena! No entanto, possivelmente vai ter um monte de imbecil comprando só pra montar o deseinho de lombada e eu quero mais é que esses lombadeiros tomem no meio do aro. “Ah, mas se não vale a pena, então por que você comprou a primeira edição, Hellbolha? e a resposta é muito simples…CAPA DURA POR R$9,90! ÓBVIO QUE EU VOU COMPRAR! Eu tenho todas as primeiras edições de todas essas coleções que chegaram ao Nordeste (as já canceladas Tex e Conan nunca viram a luz do dia por aqui ). E, algumas eu SÓ tenho essa primeira edição, pois me recuso a pagar mais de R$30 em uma HQ, o que dirá o “Apenas R$65,99” da Eaglemoss! Deus que me livre! Tomara que encalhe com violência! Mas pode pegar esse número, vale a pena! É meio nhé, mas é baratinho!

Nota: 7,0