Review Sorridente: Batman vs Tartarugas Ninja
Um filme maravilhoso, um filme mágico…
As 15 pessoas que leem os meus posts sabem que sempre que eu falo das animações da DC costumo “DC a lenha” (tum dum tss), pois a Warner/DC parece ter baixado a verba pros seu departamento de animação resultando em obras entupidas de defeitos técnicos e, pra agravar a coisa toda, resolveram transformar todos os seus longas animados em uma extensão do universo dos Novos 52, uma fase cheia de poucos altos e MUITOS baixos na editora. Com isso, decidiram padronizar os longas animados usando um único character design pra quase todas suas animações. O resultado? Longas sem personalidade e cheios de Damian Wayne onde quer que desse pra empurrar o moleque.
Claro que, vez ou outra, em um surto de bom senso, a Warner/DC resolvia fazer um longa animado fora desse padrão e os resultados sempre eram positivos. Foram os casos de Batman: Assalto ao Arkham (melhor filme do Esquadrão Suicida EVER), Liga da Justiça: Deuses e Monstros, Batman Ninja, Batman 1889, Batman e Robin: O Retorno da Dupla Dinâmica, Batman vs Duas Caras e Liga da Justiça vs O Quinteto Fatal. E Batman vs Tartarugas Ninja vem exatamente pra somar a esta lista de felizes decisões. E arrisco-me a dizer que é O MELHOR LONGA ANIMADO DA DC EM TEMPOS!
Antes de mais nada, uma pequena sinopse: Estranhos ataques a laboratórios que trabalham com tecnologia experimental veem acontecendo em Gotham. Ao que parece, ninjas sãos os responsáveis, é o que descobre Bárbara Gordon após sofrer um ataque de um grupo destes misteriosos orientais de pijama e ser salva por misteriosas criaturas. Mais adiante, descobrimos que as Tartarugas Ninja estão em Gotham em busca do Destruidor, o qual se aliou a Ra’s Al Guhl em um pacto que seria benéfico para ambos. Destruidor entregaria o Ooze para Ra’s Al Guhl começar um exército de ninjas mutantes em troca da localização do Poço de Lázaro. Só que as Tartarugas Ninja não tem conhecimento da existência de Ra’s Al Guhl e procuram o novo e misterioso “sócio” do Destruidor, o que as leva inicialmente a enfrentar o Pinguim e, em seguida, ao Batman, achando que este sim seria o sócio misterioso. Mais adiante eles descobrem que o Batman também está caçando o Destruidor, o qual lhe chutou a bunda de morcego, e agora vão se unir pra caçar a dupla de malucos ninjas do mal.
Sim, a história é ridiculamente simples e isso é deliciosamente ótimo! O ponto alto está nas relações entre os personagens, com destaque para Michelangelo, o qual acha tudo o máximo e está sempre ou soltando piadas hilárias ou fazendo palhaçadas, voluntárias ou não.
O filme é baseada em uma HQ de 2015 que reunia o morcegão aos quelônios ninja e o Batman dessa época ainda era o dos Novos 52. Quando o primeiro trailer foi lançado eu estranhei essa mudança de visual do Batman, que acabou deixando a armadura dos Novos 52 de lado e ficou com o velho uniforme azul e cinza mais “amigável” e, justamente por isso, acabei julgando que o motivo seria a animação ser voltada pra o publico infantil, já que era uma co-produção Warner/Nickelodeon. Rapaz…não é que eu mordi a língua tão forte que quase engoli o pedaço…
O visual “amigável” de Batman vs Tartarugas Ninja é inversamente proporcional a violência presente no longa. E eu não estou exagerando não! Eu tomei um baita susto quando, em uma das primeira cenas de luta, Rafael dá uma joelhada na cara de um dos capangas do Pinguim e a cena fica em câmera lenta mostrando o sangue espirrando junto com os dentes do sujeito. Fiquei surpreso mas achei que esse seria o máximo de violência mais gráfica que eu veria neste filme. Ledo engano! Minutos depois o Destruidor crava uma shuriken na cabeça de um de seus capangas que estava sendo interrogado pelo Batman em outra cena inesperadamente violenta. Mais não para por aí! Mais adiante temos uma decapitação com direito a corpo sem cabeça andando antes de cair e um personagem tendo seu braço quebrado sem dó nem piedade pelo Destruidor em uma cena de ranger os dentes! Eu não me surpreenderia com esse nível de violência nos longas animados da DC (que as vezes soam até gratuitas demais), mas JAMAIS esperaria isso de um filme com as Tartarugas Ninja (apesar de elas serem bem violentas nas HQs, mas aí é outra história) e com a mão da Nickelodeon! VOCÊ FICOU MALUCA, NICKELODEON? Se sim…obrigado!
E por falar em “visual amigável”, muito me alegrou terem tirado o character design das mãos de Dusty Abell, que foi o responsável por esse departamento em praticamente TODOS os longas animados da DC desde Liga da Justiça: Guerra e da série Justiça Jovem. Não que o sujeito seja ruim, muito pelo contrário! É só que, como eu já disse, acabei cansando da mesmice visual dos longas animados da DC e é um refresco pros olhos ver algo diferente. O character design do longa fica a cargo de Steven Choi que emula belissimamente o estilo visual do desenhista Andy Kuhn, o qual trabalhou na revista dos jabuti kung fu pela IDW. É um traço limpo com um sombreamento simples e grosso e pelo qual estou oficialmente apaixonado!
A qualidade técnica, da qual sempre reclamo nos outros longas animados, é pouco melhor aqui. No entanto a direção de Jake Castorena parece saber explorar melhor as limitações do que a direção padrão de Sam Liu. O sujeito trabalhou no departamento de arte de praticamente todas as animações DC dessa nova leva pós-Novos 52 e já dirigiu episódios de Justice League Action e tem nesse seu segundo trabalho como diretor de longas animados, sendo o primeiro o recente A Morte do Superman, que também acabou bem acima da média em termos de qualidade. Seu trabalho no departamento de arte era, em grande parte, com storyboards, o que talvez explique seu cuidado com detalhes, como uma cena onde Robin e Rafael sobem uma escada dando piruetas e Michelangelo as sobre normalmente e, do nada, tropeça em um degrau, se levanta e continua subindo. A cena é simples mas arranca risos pala genialidade da sutileza.
Agora vamos falar da relação dos personagens. Do lado dos heróis temos dois times de 4 integrantes cada e cada um deles formam pequenas duplas entre si. Batman e Leonardo são os líderes e responsáveis pelas estratégias e planos de ação do grupo. Esse espirito mais sério acaba criando uma relação de respeito entre ambos. Donatello e Batgirl são os cérebros da equipe e buscam entender o que Destruidor e Ra’s Al Guhl querem roubando tecnologia. A relação dos dois é a maia apagadinha do filme. Rafael e Damien são os esquentadinhos e estão sempre soltando farpas um contra o outro mas, no final, acabam percebendo que são muito parecidos e começam a ser dar bem…do jeito deles. E, pra terminar, temos Michelangelo e…pasmem…Alfred! Sim, a tartaruga maluca se apega ao mordomo de um jeito tal que acaba por se tornar uma das melhores coisas do filme. O jeito brincalhão e bagunceiro de Michelangelo contrasta totalmente com os modos do mordomo inglês que sempre preza pela graça e elegância. Essa relação cheia de conflitos rende uma cena tão engraçada quanto bonitinha quando os dois vão se despedir no final do filme.
Agora vou me estender um pouquinho mais no Michelangelo. Como eu já disse, o sujeito é a melhor coisa do filme! Ele acha tudo legal, maneiro e divertido e quando Donatello encontra a Batcaverna, ele age exatamente como um fã maluco do Batman agiria se fosse a um museu com todos os objetos usados nos filmes do morcegão e ele pudesse tocar, o que rende uma das melhores cenas do filme que envolve o uso de uma das capas do Batman e o tiranossauro gigante da Batcaverna.
Ah, eu nem falei dos vilões, né!? Não,eu não me refiro aos Destruidor e a Ra’s Al Guhl! Me refiro a alguns integrantes da galeria de vilões do Batman que tem sua participação garantida no longa, com destaque, é claro, para o Coringa, aqui com um design que lembra muito o desenhado por Marshall Rogers. A trama envolvendo eles é bem bobinha, mas rende momentos bem divertidos. Não quero dar spoilers mas digamos que envolve o uso de uma versão modificada do Ooze nos encanamentos do Asilo Arkham. Destaque para a cena em que o Bane tenta reprisar a cena em que quebra a coluna do Batman só que dessa vez com o Donatello. Eu gargalhei alto nessa hora!
Ah, antes de encerrar, vale dar uma destacada a trilha sonora. Eu não sei se a intenção era dar um ar oriental que remetesse ao mistério e ao perigo que o tema “ninja” do Clã do Pé e da Liga dos Assassinos evocava, mas o fato é que tem algumas músicas bem assustadoras de verdade, como a que abre o filme com uma espécie de vocal sobrenatural que dava a impressão de que eu estava prestes a ver um filme de terror. Mais um ponto positivo!
Bem o saldo final é extrema e inesperadamente positivo! Digo “inesperadamente” pois esperava um filme mais infantil e com piadinhas bobinhas mas fui apresentado a um filme cheio de humor genial e violência realmente inesperada. Então não percam tempo e assistam Batman vs Tartarugas Ninja assim que puderem. Ah, mas assistam dublado! Pois com áudio original você não vai poder ouvir o Michelangelo chamado o Alfred de “parça”, por exemplo!
Nota: 10
E, volto a dizer: