Um pouco de historia- Os Hussardos Alados

♬ Polônia te dá asas…. ♪ ♫

Ao longo do tempo houveram muitos agrupamentos de sujeitos dispostos a deixar suas marcas na historia e nas faces de seus adversários.

Um dos mais eficazes e dispostos desses grupos foram os Hussardos Alados, a cavalaria polonesa que ficou duzentos anos pisoteando seus desafetos sob os cascos de seus cavalos. Não que esses devessem se importar muito, pois já tinham sido furados por uma lança de cerca de seis metros.

Ao se mencionar o nome dos Hussardos Alados, duas coisas geralmente vêm à mente.

A primeira é a razão desse nome e ela é muito simpla: o fato dos Hussardos terem enormes asas presas em suas armaduras. Há várias teorias do porque dessas asas, mas a mais corrente é que o barulho causado por elas durante a carga de cavalaria apavorava seus inimigos. Parece idiota, mas o impacto psicológico do barulho infernal de gritos sanguinários, cascos trovejantes e o assoviar de asas, acompanhado de mais que 600 quilos de cavalo e cavaleiro, com uma lança de seis metros vindo na direção do seu globo ocular a quase 200 quilômetros por hora certamente não pode ser subestimado.

 

 

Falando no seu equipamento, além da armadura alada e da lança, as outras armas dos Hussardos incluiam uma arma de fogo leve, uma adaga e dois tipos de espada. Sim. Duas espadas. O grau de comprometimento desses caras em fazer viúvas era qualquer coisa de espetacular.

 

 

A fama dos Hussardos Alados era tudo menos imerecida, já que em eles acabaram sendo conhecidos por vencer batalhas contra exércitos muito maiores com relativas poucas perdas de seu lado.

Em 1577 uma força alemã de 12 mil foi transformada em um tapete sangrento por uma coalizão Polonesa-Lituana, que por sua vez perdeu uns 88 caras, e desses, poucos poloneses.

Em 1601, foram os Suecos que levaram um sacode de mil Hussardos, mesmo com um exército quatro vezes maior. Numa demonstração de tremenda burrice, os suecos voltaram a tentar, quatro anos depois, desta vez com uma acachapante força de 11 mil. Novamente foram vencidos por mil caras, talvez até os mesmos de antes.

Provando uma incrível estupidez, os suecos tentaram novamente em 1610, desta vez aliados aos russos. A batalha de Klushino terminou com a derrota de fodendo 40.000 suecos e russos nas mãos, cascos e lanças de 4.000 Hussardos, dos quais apenas 100 morreram e não puderam pedir música na versão polonesa do Fantástico.

 

Uma pintura da batalha de Klushino

 

Há uma história bem conhecida sobre os Hussardos serem usados pateticamente contra Panzers nazistas durante a Segunda Guerra, brandindo suas lanças e sabres, a chamada Carga de Krojanty, mas todas as fontes dessa história são no minimo dúbias. Os Hussardos realmente lutaram na guerra, mas equipados com armas modernas.

Mas os hussardos alados não estragaram o dia só dos alemães, suecos, russos, e, bem, basicamente todo mundo que passasse na frente deles.

O que nos leva à sua mais famosa e importante contribuição para a História, a famosa Batalha de Viena em 1683, a segunda coisa que se vem à mente ao mencionar os Hussardos Alados.

Os turcos otomanos estavam há mais de 300 anos causando mais estragos pela Europa do que aquele filme do Rob Schneider. A queda de Viena, após um cerco de dois meses seria tudo o que o grão vizir Kara Mustafa e o sultão Maomé IV precisavam para abrir caminho para o restante da Europa, dada a posição estratégica da cidade.

Um gigantesco exército de 200 mil homens cercava o que restava da principal força do exército da Santa Liga (uma união de vários países realizada pelo papa Inocêncio XI para tentar combater o avanço otomano), parecia que a queda da cidade, e possivelmente do restante da Europa em seguida seria inevitável.

As coisas só começaram a degringolar para aquela dupla do barulho pela repentina chegada do rei polonês Jan Sobieski que comandou comandou três mil Hussardos Alados que, descendo pela região montanhosa próxima a cidade, realizaram a maior carga de cavalaria da história.

 

 

Após horas de luta, o rei polonês encontrou a tenda do vizir vazia. Kara Mustafa, embora alguns relatos digam ter lutado bravamente, se mandou quando percebeu que a batalha e o cerco estavam perdidos. Ele teria feito isso para impedir que uma flâmula supostamente pertencente ao profeta Maomé caísse em mãos cristãs. Mas isso não impediu que ele fosse morto pelos janízaros e sua cabeça enviada para o sultão, que teria ficado descontente com a derrota de seu exercito por uma força dezenas de vezes menor.

Os Hussardos Alados continuaram a espetar pessoas até o século 18, mas sua tradição de esbofeteamento generalizado e sua contribuição para a civilização continua sendo lembrada até hoje.

Nada mal para um grupo que teve sua origem em Stefan Bathory, antepassado da infame Elisabeth Bathory, um cara que lutou ao lado de Vlad Tepes contra os turcos.

Dificilmente algo assim daria errado.