Dos Tempos do Formatinho: Homem-Aranha Anual Nº03

David Michelinie era um PÉSSIMO roteirista…misericórdia…

Bem, como todo mundo que acompanha o mundo dos quadrinhos sabe. a Panini perdeu de vez a noção do ridículo e agora é só questão de tempo para até as revistas mensais terem capa dura e formarem desenhos na lombada. Tá tudo caro pra porra e eu não tô com ânimo nem com dinheiro pra tá gastando em quadrinho, tenho prioridades maiores do que gastar R$10,00 em 48 páginas de fases duvidosas da Marvel ou DC. No entanto, ainda procuro coisinhas pra ler e esses preços filhos da puta me levaram a procurar opções mais baratas e surpreendentemente divertidas, como voltar a comprar formatinhos da Abril que eu não tinha e pagar entre R$2,00 e R$3,00 em pequenos encadernados de papel vagabundo mas com histórias completas. E foi numa dessas que adquiri Homem-Aranha Anual Nº03 : A volta do Sexteto Sinistro, escrita mal e porcamente por David Michelinie e desenhada divertidamente por um ainda meio engessado Erik Larsen.

Fonte da Imagem: Guia dos Quadrinhos

A história que percorre as 132 páginas da edição é muito, mas muito, mas absurdamente e ridiculamente MUUUUUITO simples! Após Dr. Octopus reunir Kraven, Electro, Mysterio, Homem-Areia e Abutre em uma aliança para tentar derrotar o Homem-Aranha que falha miseravelmente nas páginas da clássica Spider-Man Anual 1 de 1964  (e que pode ser vista em Os Heróis Mais Poderosos da Marvel Nº02 da Salvat) , Dr. Octopus julga que seria uma boa ideia reunir o velho time de novo, com exceção de Kraven,O Caçador, que teve que ser substituído pelo Duende Macabro por um pequeno problema com alergia a balas de espingarda na cabeça. O plano agora é injetar um gás venenoso em um satélite que soltaria um gás inofensivo na Terra afim de tornar as linhas de ley visíveis e reivindicar o controle do mundo em troca de um antidoto. Sim, Spider-Man Anual 1 de 1964 conseguia ter um plot MUITO melhor que essa porcaria…

Bem, antes de mais nada eu preciso dizer que a primeira vez que tive contato com o roteirista David Michelinie no Aranha foi na edição O Melhor do Homem-Aranha por Todd McFarlane 3 da editora Abril  que trazia o  Venom em alguns de seus embates com o Cabeça de Teia. Eu ADORAVA aquela edição e fiquei muito puto quando emprestei a um amigo que achou que seria legal deixar o sobrinho pequeno dele mexer nas minhas revistas e ela, junto de tantas outras, acabaram destruídas no processo. Anos depois recuperei parte das histórias desse encadernado na primeira edição da coleção Homem-Aranha: Grandes Desafios já pelas mãos da Panini que estava em um pacotinho promocional na banca por apenas R$4,99. Reli e percebi que ainda adorava aquelas histórias. Anos depois achei as demais edições de O Melhor do Homem-Aranha por Todd McFarlane da editora Abril e peguei sem pensar duas vezes. Qual não foi minha surpresa ao perceber o quanto os roteiros do Michelinie eram ruins e que, possivelmente, a fase que li na terceira edição já tinha um dedinho do McFarlane nos roteiros pra deixar a coisa mais palatável (tempos depois McFarlane assumiria os roteiros e transformaria as histórias do Homem-Aranha em histórias de terror que nada tinham a ver com o universo do personagem, transformando a revista do herói aracnídeo praticamente num proto-Spawn).

Fonte da imagem: Guia dos Quadrinhos

Isto posto, vou me concentrar no roteiro de Homem-Aranha Anual Nº03 que é HORROROSO! Michelinie enfia umas 4 ou 5 subtramas no meio de uma trama que já é ruim o suficiente com o seu “Vamos dominar o mundo!” de um Octopus que o roteirista insiste em esquecer que é só um senhor de meia-idade com tentáculos de metal e insiste em querer pintá-lo como a maior ameaça da galeria de vilões do Aranha, sendo capaz de derrotar facilmente seus outros cinco colegas de crime sem nem suar. Sério, bastava o Electro dar um choque nessas bostas desses tentáculos e o velhote com cabelo tigelinha caia feito uma jaca podre. Ou mesmo o Homem-Areia, que estava do lado dos mocinhos nessa época, poderia muito bem derrotá-lo entupindo o velhote com areia até o cu fazer bico em forma de castelinho, mas Michelinie ignora o tal fato e ainda arruma uma arma que faz Dr.Octopus transformá-lo em vidro.

Entre as subtramas temos uma sobre espionagem industrial que dura literalmente duas páginas e meia, uma sobre um maluco obcecado por Mary Jane que já a havia sequestrado na fase desenhada por Todd McFarlane e que Michelinie insiste em jogar nas suas histórias como se fosse grandes merdas, uma com um policial estranhamente parecido com o Dr. Octopus que também é obcecado por Mary Jane, uma com a Gata Negra tentando fazer ciúmes a Peter Parker namorando com Flash Thompson e se apaixonando por ele que se dura umas 7 páginas é muito, uma com Nathan Lubensky, um idoso cadeirante que era o par romântico da tia May e, junto com a velhota, formavam a dupla de idosos mais chatos do mundos dos quadrinhos. Para minha satisfação, é nessa história que este imbecil bate as botas após fazer da vida de Peter um inferno por tanto tempo. O problema é que essas histórias se abarrotam e acabam virando uma salada de pura confusão. É como se David Michelinie pensasse “O que fazia as histórias do Aranha do Stan Lee realmente boas eram os dramas pessoais. Já sei! Vou jogar 200 dramas pessoais e não desenvolver nenhum direito! Vai ser top!” e o resultado final é uma porcaria.

Mas nathan Lubensky não apenas morreu! Ele morreu tendo um ataque cardíaco de ponta cabeça enquanto caia das costas do abutre e era salvo pelo Homem-Aranha (que também salvou a tia May de morrer esmagada pelo corpo magrelo do velhote. PORRA, MICHELINIE! ERA TUA CHANCE DE POR UM FIM NESSA VELHA E TU JOGOU FORA!)

Ah, outra coisa que o Michelinie faz nessa história é jogar cameos de outros personagens com a mesma graça, destreza e sentimento de “pra que isso?” dos 200 sub-plots. Temos as aparições do Homem de Ferro, Capitão América, Nova, Dr. Estranho e Thor, as quais praticamente não fazem A MENOR DIFERENÇA pra fedorenta trama.

Dr. Estranho aparece pra literalmente NADA! Sério! Ele só diz algo do tipo “Hmmm…nada pra se ver aqui” e vai embora. Fim!

Nos desenhos, como já dito, temos Erik Larsen, contratado pra ser um substituto do McFarlane e atuando como um “McFarlane melhorado”.  Nessa história ele ainda tem um traço meio redondinho, talvez tentando emular um pouco mais do traço do McFarlane, mas, ainda assim, o resultado é muito bacana e acaba sendo o maior atrativo da HQ já que o roteiro é seu maior repelente. Cara…eu adorava o traço do Larsen dessa época. Pena que o tempo passou e hoje ele desenha praticamente igual ao Frank Miller em O Cavaleiro das Trevas 2. O tempo foi cruel contigo, Larsen….

Larsen e seu traço “ainda redondinho”.

 

Larsen e seu atual traço “Cavaleiro das Trevas 2”

Bem, o saldo final dessa edição foi bem negativo. Me divertiu pouco e foi bem trabalhosa de chegar ao final graças ao trabalho horrendo de David Michelinie. Mas enquanto Michelinie era a água que inundava o submarino, os desenhos de Erik Larsen eram o pequeno espaço onde se podia colocar a cabeça pra fora e respirar algum oxigênio. Ainda bem que as coisas mudaram no terceiro encontro do Sexteto Sinistro, que será tema de minha próxima resenha. Mas próxima é próxima e essa é essa e pra Homem-Aranha Anual Nº03: A Volta do Sexteto Sinistro só me resta dar uma…

Nota: 3,0

 

PS: Eu já disse que o David Michelinie é um roteirista MUITO RUIM?