Review Pocesso: Cadáver
Eu senti o cheiro da merda e, ainda assim, pisei nela…
Meg é uma ex policial que congelou em uma situação onde um suspeito estava armado. Como resultado, seu parceiro foi baleado e ela ficou traumatizada. Para tentar vencer seus demônios pessoais ela pensa “Sabe o que seria legal? Trabalhar num necrotério completamente sozinha no turno da noite!” e começa uma incrível aventura num necrotério tão tecnológico que parece ter saído do filme Rota de Fuga 2. Tudo ia bem até que o cadáver de uma jovem com marcas de mutilação e queimaduras e em uma posição estranha é levado as instalações. Meg começa a perceber que tem algo estranho com o tal corpo e acaba por descobrir que a jovem defunta havia sido “vitima” de um exorcismo que saiu mal. Agora ela viverá a noite mais assustadora de sua vida quando estranhos incidentes começarem a acontecer.
Sabe aquele filme que parece merda, cheira a merda, tem textura de merda mas, ainda assim, você coloca o dedo e põe na boca pra ter certeza de que é merda? Pois foi com isso em mente que resolvi assistir esse filmeco que já mostrava que seria uma porcaria pelo trailer! Primeiro porque o roteiro pouco inventivo escrito por Brian Sieve parecia uma cópia descarada do divertido A Autópsia, segundo porque a fórmula “mocinha possuída pelo demônio” já está mais que estagnada com um porrilhão de filmes horrendos de ruins e terceiro porque nem o título original conseguiu ser inventivo com o seu “The Possession of Hannah Grace” que acabou por ganhar um título de maior impacto no Brasil com o simples e sugestivo “Cadáver”. Mas vamos meter o dedo mais fundo nesse pedaço de cocô…
ATENÇÃO: SPOILERS DE UM FILME MERDA ADIANTE!
A história já começa com uma cena de exorcismo tão clichê ao ponto que eu revirei os olhos mais que a própria possuída. Hannah Grace está amarrada na cama com o cão no couro, chamando seu receptáculo de vadia, puta e afins, enquanto dois padres tentam expulsar o cramunhão sendo assistidos pelo pai da moça. O cramunhão usa seus poderes cramunhisticos para fazer um dos padres levitar na posição de crucificado e o lança contra a parede, fazendo sua cabeçar ser atravessada por uma coroa de espinhos inexplicavelmente exagerada que estava na cabeça de uma imagem de Jesus. Quando ela começa a levitar o segundo padre na mesma posição fazendo o expectador questionar se é só isso que esse capeta sabe fazer, o pai da menina resolver fazer seu próprio exorcismo de uma maneira mais pragmática . O sujeito mete um travesseiro na cara da menina, pois se não há corpo vivo não tem possessão. Eu pensei “Opa! Aí sim, algo diferente! Há potencial!” , mas fui inocente…
Aí vamos conhecer nossa “heroína”, que como eu já disse na sinopse, por alguma razão achou que pra acabar com um trauma de seus dias de policial seria legal trabalhar no necrotério mais bizarro do mundo, pois em um local tão grande parecia muito estranho ela, uma novata que NÃO TEVE TREINAMENTO NENHUM fosse deixada SÓ, a cargo de todo o serviço. Sério, eu posso estar enganado, me corrijam os amiches que trabalham na área de saúde, mas não é preciso ter um curso ou, pelo menos, um treinamento prévio pra se trabalhar num necrotério? Se não, eu acho que vou procurar emprego lá! Porque eu não consigo ver como o trabalho como policial de rua qualifica nossa nada querida Meg a trabalhar como “necronauta”!
A partir daí conhecemos outros personagens, como o pior e mais mal educado segurança do mundo na pele do gorducho Ernie, o outro segurança que parece o homem elefante sem precisar de maquiagem na pele do atrapalhado Dave, a enfermeira e amiga de Meg na pele da cética Lisa e o ex-namorado policial de Meg na pele do “sou bonito demais pra tudo isso” Andrew. Também descobrimos que devido ao seu trauma, Meg se tornou uma viciada, mas o filme não deixa muito claro se em álcool ou em remédios, já que ela diz que Lisa é sua madrinha no “AA” mas Lisa briga com ela por abuso de remédios. Outra coisa que o filme não esclarece bem é se Meg tinha alucinações devido ao trauma ou se devido ao abuso de remédios e isso acaba sendo um problema pois o filme tenta se apoiar no fato de ela ter alucinações pra tirar sua credibilidade sempre que tenta contar que viu algo estranho pra Lisa. O resultado é uma bagunça.
Agora vamos falar do tal cadáver da Hannah Grace. O cadáver já mostra que tem algo de errado quando começar a dar pau nos aparelhos eletrônicos do necrotério, o que mostra que o Pokédemônio é do tipo eletromagnético quando você olha na sua Pokédex. Depois temos espasmos e até uma hora em que a defunta solta ar pela boca e deixa Meg aterrorizada, o que, mais uma vez, mostra que ela NÃO DEVERIA ESTAR NESSE EMPREGO, pois até eu, que sou uma anta completa, sei que os cadáveres podem expelir gazes e e fazer sons por causa disso. E o atestado de JUMENTA de Meg é assinado quando Lisa precisa entrar em cena pra explicar isso!
Depois disso temos uns 15 minutos de tentativas de jump scares, até que a “capetola endefuntada” resolve atacar. E aí passamos de um filme de terror de possessão pra um slash movie (filme com assassino, tipo Pânico). Sim, o cadáver começa a matar o elenco de apoio um por um! Ah, esqueci de citar algo importante aqui! Existe uma pessoa misteriosa que invadiu o necrotério no começo do filme e tem um pequeno embate com Meg e com os seguranças. Descobrimos que é o pai de Hannah que tentou acabar o serviço e o estado do corpo , todo mutilado e queimado, se deu justamente por um sem número de tentativas frustradas. É ele quem revela mais uma informação imbecil: A Hannah Encapetada precisa matar pessoas para se curar aos poucos. Cada pessoa que ela mata ele fecha uma de suas feridas e, depois, descansa por alguns minutos. Sim, Hannah Grace agora é o Jeepers Creepers do filme Olhos Famintos!
Após matar quase todo o elenco de apoio praticamente do mesmo e nada inventivo jeito, que consiste em fazer a vitima levitar na posição de crucificado e, as vezes, lançar contra uma parede, Hannah acha que já é uma boa hora pra atacar a protagonista do filme, mesmo que tenha passado mais de uma hora stalkeando e dando sustinhos sem motivos na moça ao invés de matá-la de vez. E o embate final entre Hannah e Meg copia a cena final de Duro de Matar, já que Meg, pra salvar seu ex-namorado policial, toma coragem pra atirar em Hannah e evita que o incidente com seu antigo parceiro se repita. Isso mesmo, ela derrota o satanás NA BALA! ISSO NÃO FAZ O MENOR SENTIDO! Ah, mas a coisa piora…pois em determinado ponto do filme o pai de Hannah revela que a moça foi possuída pois tinha depressão, ansiedade e uma caralhada de outros problemas que Meg também tem! Quando eu vi o trailer e uma falar dizia “O demônio vai procurar outro corpo” eu já larguei um “Pronto, a protagonista é possuída e fim do filme” e achei que fosse acontecer mesmo. Aliás, o filme tem uma cena antes da morte de Hannah no incinerador que mostrar que o demônio deixou seu corpo. É quase certo que uma cena com Meg possuída foi filmada, mas o diretor achou melhor continuar copiando outros filmes e o final do filme temos Meg dando uma de Sarah Connors fazendo um discurso do tipo “Uma tempestade vem aí” enquanto mostra que voltou a sua vida normal e que agora pode matar demônios na base da bala sem medo. Tudo isso em 1:25hr que pareceram QUATRO!
Como deu pra notar, o filme é ruim! Mas não apenas ruim! Ele é chato, previsível, clichezento, pouco inventivo, entupido de situações forçadas e sem nexo e deixa uma sensação de “eu poderia ter carpido um lote esse tempo todo e seria muito mais divertido”. Mas é de todo ruim? Bem…é! Só isso. Sem mais. Passem longe! Estou puto demais pra procurar qualquer coisa de positiva nessa porcaria!
Nota: 2,0 (sim, sou generoso)