A Sereia: Lago dos Mortos [RESENHA]
Spoiler: não tem sereia!
Isso mesmo, amiches. O filme russo A Sereia: Lago dos Mortos, que estreia hoje, tem, dentre inúmeros outros problemas, a total ausência de sereias.
O filme conta a história de um jovem casal – Roma, um atleta de natação e Marina, uma mulher que não sabe nadar – que herda uma casa velha na beira de um lago. Nesse lago tem um espírito vingativo com sérios problemas de carência afetiva, cuja backstory óbvia é apresentada lá pelo meio do filme, mas meio que não precisava, porque a gente entende. É o espírito de uma moça pálida de longos cabelos loiros, que aparece para os homens perguntando se eles “a amam”, no intuito de seduzir e levar pro fundo do lago. Meio que como uma sereia…
Mas espera aí… Eu tinha dito que não tem sereia no filme né? Deixa eu me defender: ela não tem rabo de peixe, ela não canta para atrair pescador, ela não veio do mar, não parece a Darryl Hannah e não tem um linguado e um caranguejo como sidekicks. Não é sereia!
E mais: o título em inglês é “The Mermaid”. E mermaid, até onde eu sei, é a sereia que eu acabei de descrever. Não tem no filme!
Mas esse é de longe o menos pior problema desse petardo.
Primeiro: ele é originalmente falado em russo, mas veio para cá do mercado americano, então, por isso, dublado em inglês. E a dublagem não é boa como a brasileira (que é provavelmente a melhor do mundo). Tem momentos em que os atores param de falar e as frases continuam, os dubladores são claramente mais velhos que os atores (tem um cara que deve estar no início dos seus 20 anos e acho que é dublado por um senhor de 70, com a voz de fumante cheia de pigarro!) e são todos péssimos! Não que os atores devam ser lá grandes coisas, mas as interpretações destoam de uma maneira que é quase torturante. Existem momentos de “overdublagem”, quando o dublador quer atuar mais intensamente do que o ator, sabe? Isso funciona em filmes trash, como o excelente japonês Machine Girl, cuja overdublagem em inglês só colabora para a maestria da trasheira, mas aqui, que é um filme que se propõe a ser um thriller de horror totalmente baseado em jump scares, meio na veia James Wan (e é ruim que nem os dele), não funcionou.
Mas se vocês conseguirem passar da barreira da dublagem, tem muitos outros problemas e furos de roteiro para garantir as risadas e o entretenimento de quem não leva nada a sério. Como o desfecho do filme e o artifício para se chegar nele, que parecem ter sido decididos na hora de filmar, pois não fecham com nada introduzido na história.
Enfim, essa é mais uma daquelas sugestões cinematográficas para quem é como eu e curte se divertir vendo filme de terror tosco, que não assusta ninguém. Quem curte dar risada com o quão ridículas e absurdas são as saídas de roteiro e que sabem que a única coisa assustadora que vão ver no dia é o preço da entrada e da pipoca.