Reaproveitando: A Morte do Capitão Marvel
Reaproveitando posts de outro site e na safadeza? SIIIIIIIIIIM!
Fala ae, galere… tudo em paz? Segue um breve texto sobre a minha graphic novel preferida. Creio que essa seja a melhor historia que já li. Não concorda? Pega uma senha! ;)
A HQ é do ano de 1982 e foi escrita/desenhada pelo fodão Jim Starlin. Porque eu gosto dessa história, quando eu poderia gostar mais de tantas outras? Bom, sei lá… Talvez por ela tratar um herói como um ser vivo mesmo. Talvez pela carga dramática. Talvez por mostrar como as vidas de heróis de verdade (nós, as pessoas comuns) são, como elas se desenvolvem e acabam.
Tudo começa com Mar-Vell (seu nome Kree) fazendo uma breve apresentação de sua história. Conta sua origem, fala um pouco sobre seus inimigos, apresenta seus poderes… enfim, aquela parte onde a personagem é apresentada. E é a partir daí que a história começa a desenrolar. Uma das habilidades de Mar-Vell é conhecida como consciência cósmica, e lhe garante, basicamente, o conhecimento das coisas do cosmos. Pois bem, isso também aplica-se para seu próprio corpo, o que garante a Mar-Vell conhecimento pleno sob sua situação: ele sabe de seu diagnóstico, Podridão Interna, Fim Negro ou, simplesmente, Câncer. Apesar da vontade de continuar a viver e lutar pela vida, Mar-Vell sempre soube (e aceitou) que sua história teria esse fim (silencioso).
E com isso chegamos à parte desesperadora da HQ, a corrida para o tratamento da referida doença. Diversas tentativas são realizadas, balanceando com as atitudes serenas de Mar-Vell. Ele vem realizando gravações (contando o máximo possível sobre si mesmo) desde o começo da história, porém agora percebemos tons mais amargurados, solitários… demonstrando, claramente, o peso desse fardo. As reações das outras pessoas ao receber a notícia exaltam a importância do personagem para esse universo. Dou destaque, aqui, para Rick Jones, que protagoniza uma das passagens mais comoventes da historia.
O tempo vai passando (o diagnóstico do computador de Mentor, Isaac, estimou 3 meses de vida para Mar-Vell) e conseguimos sentir a mudança de atitude do universo. Dor, desespero, impotência, nervosismo, ódio, tristeza, saudade. Quanto mais próximo do fim, o herói fica mais tenso, assim como todas as pessoas que o estão ajudando. E a sensibilização é geral: amigos; não tão amigos; rivais; inimigos. Todos contribuindo com o que sabem sobre esse inimigo. Por fim, descobrem que o que atrapalha o avanço do tratamento é o mesmo artefato que prolongou imensamente sua vida, os Braceletes Negativos. A doença foi obtida há muito tempo, em uma luta contra Nitro, onde houve um vazamento de um gás terrivelmente tóxico (nomeado Composto 13), em que Mar-Vell obteve contato. Graças ao bracelete, a doença manteve-se estável, o que, em contrapartida, possibilitou seu desenvolvimento, praticamente impossibilitando seu tratamento.
A partir disso, caminhamos à passos largos com Mar-Vell, rumo ao fim. O tempo é MUITO escasso e a sensibilização de todos os heróis e pessoas próximas são inevitáveis. Mar-Vell não dispõem de outra alternativa, precisa esperar sua hora. É chegado o grande momento, dezenas de heróis encontram-se próximos ao Capitão, todos estão lá para conversar uma última vez com, provavelmente, o maior herói do universo Marvel. Até seus arqui-inimigos Skrulls marcam presença, homenageando-o com medalhas e reconhecendo seu valor como guerreiro. É muito importante citar mais um dos momentos marcantes da história: a reação do Homem Aranha ao fato, enquanto conversa com o capitão e Coisa. Em todo o momento ele mostra-se indignado, porém impotente. O motivo? Mar-Vell não poderia morrer por causa de uma doença. Um tiro, facada ou raio? Por que não?! Mas uma doença era demais, não era assim que heróis deviam morrer. É um pensamento mais do que honesto, admitamos, mas todo esse tratamento dado ao Capitão Marvel é uma das coisas mais belas já feitas em HQs.
Em uma cena memorável (e igualmente triste) Mar-Vell afasta-se de tudo e todos. Mas, antes, tem uma última missão: inesperadamente, vê-se frente-a-frente com seu maior inimigo, Thanos (que encontra-se morto). Ele sabe que é a hora de mais uma grande tarefa, Impedir Thanos. Uma grande batalha é travada, mas nada é concluído. Mar-Vell, então, entende o significado de tudo aquilo: a luta por sua vida terminou. A “ilusão” é desfeita por Mar-Vell, que pode ver a Morte, não o conceito/estado, mas sim a personagem. Após a magnífica cena do beijo na mesma, ambos (o Capitão e Thanos) encontram-se preparados para avançar para a próxima etapa de sua existência, uma viagem para o que conhecemos como fim ou, como é definido por Thanos, “apenas o começo”.
E assim chegamos ao final de uma vida. Tão incrível quanto o final da vida de pessoas normais. Igualmente sofrido. Igualmente angustiante. Durante toda a leitura, nos lembramos de que somos normais. A imersão com a história nos proporciona muita reflexão. Não é um herói que aventura-se e perde um para um terrível vilão, é o herói que aventura-se e perde para NOSSO terrível vilão. =’)
OBSERVAÇÃO: Esse texto foi postado lá no Baile dos Enxutos, mas aparentemente rolou um problema e perda dos posts antigos, então resolvi republicar safadamente. Beijos mil!