Review Revolto: Variante [Requiem For The World]
Mais um mangá com o selo de “não-qualidade” Nova Sampa!
Como eu já cansei de dizer por aqui, eu ADORO a Nova Sampa, a MELHOR EDITORA DE MANGÁS DO BRASIL! Sim, porque só ela vende pacotes com 3 mangás por 10 mirréis já que eles acabaram encalhando HORRORES nas bancas, em parte por sua distribuição limitada (a região nordeste não recebia suas publicações em bancas, só em lojas especializadas e livrarias), quanto pela sua seleção de títulos EXTREMAMENTE QUESTIONÁVEIS! E esse é exatamente o caso de Variante [Requiem For The World], mangá que quer ser muitas coisas e acaba virando um cabaré de xola que tenta costurar um monte de plots copiados de outra obras em uma única e fedorenta obra!
A história básica é a seguinte: Aiko Honshô é uma colegial comum, até que um dia chega em casa e vê um monstro medonho e disforme transformando seus pais em amoeba. Quando as autoridades chegam ao local, encontram Aiko aparentemente tão defunta quanto seus pais. Acontece que no necrotério a menina volta a vida e acaba sendo transferida para uma misteriosa instalação. Ao acordar neste lugar, Aiko percebe que seu braço esquerdo está enfaixado e dolorido, mas não lembra como isso aconteceu. É nos revelado, então, que Aiko está nas instalações de uma corporação chamada Atheos e que está sob os cuidados da Dra. Kochigawa e do agente Sudô, um carinha gente fina que se preocupa com o bem estar de Aiko. Mais adiante descobrimos que existem estranhas e disformes criaturas que são chamadas de Quimeras e que uma delas foi a responsável pelo assassinato brutal dos pais de Aiko. E, como se desgraça pouca fosse bobagem, Aiko descobre que seu braço esquerdo, que agora parece o de um homem devido a estrutura muscular, age tal qual uma Quimera e que a Atheos pretende usar suas novas “habilidades” para caçar e destruir os bichões. Agora Aiko, Sudô e a Dra. Kochigawa vão se meter nas mais incríveis confusões!
De todos os “mangás em pacotinhos” da Nova Sampa, Variante foi o segundo que me deu mais trabalho para completar (o primeiro ainda é Gurren Lagan cujo os 3 primeiros números ainda espero com ansiedade), já que como os pacotes só vem com 3 edições, a quarta e última nunca aparecia. Até que um dia a Nova Sampa lançou um pacote com os números 2, 3 e 4 e finalmente fechei a coleção! Aí vi que toda a espera NÃO VALEU A PENA NEM UM POUCO! Olha, a Nova Sampa tem títulos HORRÍVEIS, como Ikkitousen (o qual tenho os 12 volumes lançados pela editora mas só consegui ler 5 com MUUUITO esforço), mas enquanto os mangás dos “Anjos Guerreiros” consegue ser UMA MERDA porque o autor prefere mostrar peitos, bundas e “tabacos” e se esquece de contar uma história minimamente coesa, Variante consegue a façanha de não mostrar putaria…mas não saber exatamente o que contar!
A trama é uma colcha de retalhos vergonhosa, onde tanto os plots quanto os personagens são claramente cópias descaradas de outra obras de sucesso. As mais notáveis são Evangelion, Project Arms, Resident Evil e, pasmem…Bastard! Sim, a trama começa com uma protagonista com um membro que parece ter vida própria e a torna uma máquina perfeita para o combate (Project Arms). Ela não aceita seu destino como arma e vive choramingando durante TODAS AS QUATRO MALDITAS EDIÇÕES enquanto é forçada a lutar pelo chefe da organização que parece não ter sentimentos, é cuidada por uma doutora que parece meio blazer e tem um guardião meio maluquinho mas que é sério quando precisa (Evangelion). Ao final, descobrimos a tal organização foi quem criou as tais Quimeras através de experimentos genéticos (Resident Evil). Agora, além de tentar controlar a Aiko, o chefe da tal organização quer ressuscitar sua mulher que se tornou uma Quimera (Evangelion) e quer ressuscitá-la em uma ritual maluco como se fosse uma deusa que traria o fim do mundo (Bastard). Essa porra não tem um pingo de originalidade!
A história começa até interessante e você espera que a Aiko abandone esse lado Shinji Ikari no volume 2 e vire a besta fubana assassina que a Atheos espera e que isso renda um monte de cenas de ação bacana. Mas é aí que a porca torce o rabo e a autora Iqura Sugimoto prefere transformar o mangá em uma novela sem fim, chata e arrastada pra cacete, cheia de momentos nojentamente previsíveis e piegas ao extremo. Os poucos bons momentos que são mostrados, como a revelação de a Aiko não era filha dos seus pais e a sua real origem ou o relacionamento de Sudô com uma menina que era cobaia da Atheos quando ele ainda era adolescente, acabam perdendo o status de “bom” quando você lembra que já viu essa história em um porrilhão de outros mangás/animes e começa a ponderar a lógica das coisas (Sudô resolveu trabalhar para a organização que matou sua amiga depois de adulto? Por que?). A coisa só dengrigola ainda mais no quarto e último volume, quando a autora parece ignorar várias tramas e leva a história, que era um amontoado de clichês, pra outra direção que TAMBÉM É UM AMONTOADO DE CLICHÊS mas que não se conectam em nada com os clichês estabelecidos até agora! DO NADA é jogado uma história de uma deusa e é revelado que somente Aiko poderia despertá-la. E o negócio é tão jogado, que no meio do laboratório ultra-tecnológico é revelada a existência de um altar que é claramente inspirado nos desenhos de Kazushi Hagiwara para a deusa Anthrax em Bastard. Ah, e a organização Atheos almejava usar Aiko como uma arma, sendo que ao fim do mangá é revelado que eles JÁ TEM A PORCARIA DE UM GRUPO BLACK OPS DE HOMENS-QUIMERA! Sério, sáporra foi complicada de ler até o final sem jogar na parede e dizer “FODA-SE! VOU LER UMA BULA DE IMOSEC QUE É MELHOR ESCRITA!”.
E se o roteiro é uma bosta xexelenta e fumegante, os desenhos por pouco não ficam atrás! Iqura (sim, se escreve assim mesmo) Sugimoto tem de mais relevante em seu currículo a versão mangá de Summer Wars, obra que é primordialmente conhecida pelo seu belíssimo longa animado. No entanto, ao dar uma olhada no mangá de Summer Wars muito antes de conhecer Variante, eu já não tinha gostado muito pelo fato da desenhista ter um traço extremamente pesado, em contraponto a leveza do traço do anime, cujo character design ficou a cargo de Yoshiuki Sadamoto de…vejam vocês…Evangelion! Em Variante a coisa não é diferente! O traço de Iqura é pesado, sua anatomia derrapa inúmeras vezes, sua narrativa fica confusa quando envolve as poucas cenas de batalha contra as Quimeras e, muitas vezes, lembra mais um fanzine do que um mangá produzido por uma profissional.
“Nossa…mas com esse tanto de defeitos, por que diabos a Nova Sampa escolheu esse mangá pra ser publicado no Brasil?” você deve estar se perguntando! Bem, todos os “louros” devem ser dados ao senhor Marcelo Del Greco, que teve uma curta passagem como editor pela Nova Sampa e, aparentemente, trouxe o mangá pra cá unicamente baseado na noticia de que o primeiro volume desta BOSTA tinha ficado entre os mais vendidos no Japão na época de seu lançamento. Isso é até compreensível, não fossem dois fatores: 1- Não é porque o primeiro volume vendeu bem que a série é boa de verdade ou garanta que os seguintes também vão vender. 2- Nem tudo que os japoneses gostam o público ocidental gosta também e vice-versa. Os maiores exemplos disso, usando o Brasil como referência, são Jaspion e Cavaleiros do Zodíaco, duas obras extremamente celebradas aqui mas que na terra do sol nascente não são lá grandes coisas em termos de popularidade, sobretudo Jaspion que já não gozava de grande fama na época em que era exibido por lá. Um dia quero entender porque a Nova Sampa prefere apostar no EXTREMAMENTE duvidoso com tantas certezas de sucesso a serem lançados no Brasil. Nova Sampa…Fly, filhotes…Shurato, queridões…Grappler Baki pra pegar carona no anime que a Netflix tá lançando, meus consagrados…
Enfim, Variante é um mangá HORRÍVEL, com cara de filme B da pior qualidade e que eu não aconselho a ninguém (só consigo aconselhar menos ainda Ikkitousen…aquele troço FEDE!). Quer gastar seus 10 continhos em pacotinhos de mangás nova sampa? Procure Gurren Lagan, Drifters e até Old Boy, que tem um final MEDONHO mas tem um desenrolar e desenhos bacanas. Mas mantenha-se longe de Variante [Requiem For The World], um dos mangás mais desinspirados e sem originalidade que li esse ano (mais uma vez excetuando Ikkitousen…aaargh…que mangá nojento…).
Nota: 2,0