Review Futebolístico- Pride: O Supercampeão
EU AMO A NOVA SAMPA! MELHOR EDITORA DE MANGÁS EVER!!!
Eu queria MUITO saber quem é que escolhe os títulos “mangásticos” a serem publicados pela Nova Sampa! Sim, porque a impressão que me dá é que eles fazem o seguinte “Hmmm…que mangá será que o leitores NÃO QUEREM LER?” e…pronto! Vemos títulos EXTREMAMENTE desconhecidos e pros quais ninguém dá um tostão furado chegando as bancas, como Dawn: Tsumetai Te, Variante (que, não, não é a história do carro brasileiro homônimo), Nightmare Maker, Queen’s Blade, Tarareba, Hitman e por aí vai. Os mais conhecidos até agora foram Old Boy, por causa do filme, Gurren Lagan, por causa do anime, e Drifters, por ser de autoria de Kouta Hirano, autor de Hellsing e que ganhou um trailer de sua série animada ao fim do OVA de Alucard e companhia.
Talvez a ideia fosse trazer títulos desconhecidos para o público sair um pouco do “mainstream”…MAS NÃO FUNCIONA ASSIM, CABOJES! Primeiro é preciso se firmar no mercado que já tem grandes competidores com títulos famosos e de sucesso, como a JBC e a Panini (e até a New Pop, que acerta em alguns momentos) pra, aí sim, começar a inventar moda! E tem UMA PORRADA de títulos que os fãs brasileiros adorariam ver publicados aqui desde sempre, como Shurato, Fly: O Pequeno Guerreiro (Dragon Quest: Dai no Daibouken, no original), Samurai Warriors, Digimon e até Supecampeões. Nenhum grande chavão, nenhum lá muito em alta e, talvez por isso, sem grandes dificuldades de negociação, creio eu. Mas aí o que a Nova Sampa faz? Parece pensar algo do tipo “Hmmm…Supercampeões é bem lembrado até hoje pelos fãs brasileiros…e se…a gente publicasse…OUTRO MANGÁ DO MESMO AUTOR!?”. E creio que foi mais o menos assim que Pride: O Supercampeão chegou em nossas bancas em uma edição digna dessa decisão cagada…
De autoria de Yoichi Takahashi e publicado originalmente em 2011, Pride, que só ganhou o subtítulo de “Supercampeões” por razões obvias de “pegar carona no sucesso do mangá que idiotamente não publicamos no lugar deste refugo”, é dividido em 4 volumes que, aparentemente, se focam em dois núcleos diferentes cujo as histórias se cruzarão mais adiante . Digo “aparentemente” por que “aparentemente” o mangá foi um fracasso e só chegou ao volume 2 no Brasil unicamente porque os dois números foram lançados ao mesmo tempo. Talvez numa jogada do tipo “RÁ! Vocês já compraram os dois primeiros volumes e não podem mais voltar atrás! Tomem os outros dois volumes na fuça agora!” que falhou miseravelmente. A questão é que o primeiro volume conta a história de um atacante que, após sofrer uma lesão grave, volta aos campos com sua confiança abalada e acaba sendo colocado pra jogar como zagueiro, onde acaba se redescobrindo. Já no volume 2 temos a história do personagem que tem a cara do Oliver Tsubasa, o cabelo do Oliver Tsubasa, o jeito do Oliver Tsubasa…MAS NÃO É O OLIVER TSUBASA! A história, mais uma vez, gira em torno de como uma lesão pode mudar vidas. Só que aqui, a história volta no tempo e mostra o passado do Oliver Tsubasa wannabe e é muito mais bacana que o volume 1, diga-se de passagem. O problema é que o volume 2 termina com um gancho para uma terceira edição que nunca veio e talvez nunca venha.
“Peraí, tio Hellbolha…é só isso de sinopse? Você não vai detalhar mais a história não? Dar nomes aos personagens e falar mais de seus dramas pessoais?” e eu DIGO-TE NÃO, confuso(a) leitor(a)! As histórias não tem nada de mais. São simples, tem seus draminhas, mas não é nada que a gente não tenha visto no próprio Supercampões. Aliás, o primeiro volume acaba sendo meio confuso e até chatinho e o segundo acaba dando uma melhorada boa, como eu já disse, mas acaba faltando o essencial em uma obra sobre futebol: O FUTEBOL! Sim, pouco dos jogos são mostrados, com a história preferindo se focar mais nos “doramas” dos personagens. MAAAS, como eu disse, não tem nada realmente digno de nota nesse quesito. O que é digno de nota mesmo são os desenhos de Yoichi Takahashi e a edição MARAVILHOSA da Nova Sampa!
Takahashi começou Captain Tsubasa em 1981, ou seja, ele ainda tinha aquele traço característico dos anos 70, assim como o “mestre” Kurumada, só que BEEEEM melhor. Se você já viu uma página de Capt…AH, VOU CHAMAR SÁPORRA DE SUPERCAMPEÕES E FOLODA-SE…se você já viu uma página de Supercampões vai ver que Takahashi conseguia ter uma narrativa MUITÍSSIMO mais dinâmica que o “mestre” Kurumada, além de fazer partidas de futebol mais emocionantes e violentas que qualquer lutinha dos adolescente enlatados. O grande problema é que Pride é de 2011 e, aparentemente, ao contrário do Kurumada, o Takahashi tentou “evoluir” o seu traço. O resultado é…assustador!
Todos os personagens sofrem do que costumo chamar de “efeito Sagat”, quando os personagens tem o corpo grande demais e a cabeça minúscula. O problema é que a desproporção da coisa, que poderia e deveria ser um estilo, acabo degringolando pra algo extremamente bizarro. De brinde, ainda temos os pés desenhados de forma tão diminuta quanto a cabeça. Fui dar uma olhada em algumas páginas de Supercampeões e percebi que Takahashi já havia adotado esse “estilo” em edições mais recentes. Aí veio o volume 2 de Pride e percebi uma coisa curiosa: Essas deformidades pareciam surgir apenas quando ele desenhava personagens já adultos ( o inverso do que acontece com desenhistas de comics, que fazem crianças parecendo anões disformes). E como o volume 2 conta o passado do Oliver Tsubasa genérico, os desenhos do Takahashi não sofrem dos mesmos exageros e…até que são bem bacanas! Bem…os pés continuam diminutos, mas é só isso! Ah, e é preciso lembrar que o cara ainda tem aquele traço sententista, mas, mais uma vez traçando o comparativo lógico, ele se saí muito melhor que o Kurumada por dois motivos:
1- Seu traço não precisou ser COMPLETAMENTE MODIFICADO pra ficar minimamente aceitável na adaptação para o anime.
2- Apesar dos pés pequenos, seu personagens obedecem regras anatômicas, não girando o tronco em 180 graus sobre a própria cintura, por exemplo.
De similar ao “mestre” Kurumada está o fato de Takahashi parece desenhar rostos com um carimbo, já que todo mundo tem a mesma cara e, as vezes, até o mesmo cabelo.
Mas agora vamos falar da cereja do bolo: A edição brasileira produzida pela Nova Sampa.
Pra começar, as duas edições estão COALHADAS de erros de digitação. São letras faltando, alguns erros de português e, o meu favorito: em alguns balões a letra “u” é substituído pelo..SIMBOLO DE UMA ESTRELINHA! Isso sem falar na tradição que o anime já razia de “abrasileirar” a narração, deixando o mangá com termos como “Ripa na chulipa! Pimba na Gorduchinha! Tá no Filó!” que dão uma certa vergonha alheia ao se ler.
Uma “opção estética maravilhosa” foi a de deixar textos inteiros nas páginas com a tradução abaixo ou do outro lado do quadrinho. Isso normalmente acontece quando o fundo da página tem algum detalhe ou aplicação de retícula e alguém ou muito preguiçoso, ou muito inabilidoso no photoshop, decidiu por não apagar e refazer o texto em português no lugar pra “evitar a fadiga”. O resultado é uma edição porca e com cara de feita nas coxas de deixar qualquer site de scan morrendo de ri do tamanho do amadorismo.
Bem, eu continuo me perguntando por que diabos a Nova Sampa não trouxe logo Supercampeões ao invés de uma obra menor do autor. Não tem lógica! Continuo me perguntando quais serão as próximas presepadas que a editora vai preparar, se é que ainda vai preparar, já que não parece ter dado uma dentro até agora. A coisa boa disso tudo? Agora você pode ir a banca mais próxima e comprar 3 edições de muitos dos mangás da editora por R$9,99 graças aos encalhes, que não devem ter sido poucos. Eu mesmo comprei algumas edições de algumas dessas obras mais desconhecidas e cheguei a conclusão que, não…eu não pagaria preço de capa mas NEM COM A MULESTA! Não que as obras sejam ruins em sua totalidade, algumas até são bacaninhas mas nada que justificasse o lançamento no Brasil, pois não apresentam nada de mais e as vezes a arte tem aquele ar de “fanzineiro começando”, como Dawn: Tsumetai Te, que, além disso, se arrasta um pouquinho demais em suas 6 edições.
Justamente por esses fracassos consecutivos, muitos dos mangás foram cancelados ou na metade, como foi o caso de Pride, ou faltando trocentas edições, como foi o caso de Hitman, que de suas mais de 30 edições teve apenas 6 publicadas. Honestamente, o único mangá da editora que eu queria que voltasse a ser lançado era Drifters, que teve suas 3 edições lançadas no brasil e acompanhou a edição japonesa mas agora já tem mais dois volumes a serem lançados e sua chegada na terrinha se tonou incerta enquanto os direitos forem da Nova Sampa.
Bem, confesso que esse post foi motivado por Pride mas tinha como objetivo falar dos equívocos da Nova Sampa em geral. Uma editora que tenta a todo custo entrar na competitivo mercado dos mangás mas é como colocar um fusca pra correr contra ferraris. Se a Nova Sampa ainda tem a pretensão de entrar nesse mercado com algum sucesso, é bom deixar de ser um fusca e se tornar um celta 2012 pra ver se chega aos 80kh/h…e começar a escolher uns títulos melhorzinhos e com apelo comercial de verdade.
Ah, e quanto a Pride:
Nota: 6,5 (mais pela segunda edição, que é bem divertida mas nunca vou saber o final…)