A Kobra vai fumar.

Quando vi o anuncio dessa série não podia me importar menos. Karatê Kid é uma daquelas séries de filmes que foram ficando cada vez piores conforme as sequencias saiam, algo comum antigamente, quando não se pensava em filmes como trilogias.

A série começa mostrando Johnny Lawrence e sua vida, trinta anos depois da derrota para Daniel no torneio. Não dá para dizer que isso mudou sua vida (como mudou a de Daniel por exemplo), mas ainda é uma sombra perene, que o fato da cidade estar repleta de outdoors com a cara de Daniel anunciando sua bem sucedida loja de automóveis de luxo por toda cidade, certamente não ajuda a melhorar.

Depois de ser demitido de seu trampo de bosta por não saber ficar calado, Johnny meio bebaço presencia uns moleques dando um cacete num guri. E sendo Jonnhy Lawrence ele faz o esperado.

Ignora totalmente.

Até pelo menos eles jogarem o guri no seu já judiado carro. Então ele desce a porrada nos sujeitos. E ai começa.

A série exibida pelo triste YouTube Red, parece ser a justificativa da existência desse serviço. É boa assim. Há alguns desenvolvimentos que você vê chegando lá de longe, mas bem realizados, de forma que uma certa previsibilidade que seria ruim em outro lugar, aqui ela funciona a favor da série.

A forma como o elenco original é retratado é sinal de que quem escreveu a coisa fez sua lição de casa e gostou de fazer. Tomemos Daniel e Johnny como exemplos.

Daniel é um cara legal como lembramos, mas ainda com um temperamento irritadiço e rancoroso, se vermos a reação dele ao reabrimento do Cobra Kai. E isso é plenamente conforme ele sempre foi, basta lembrar o mau sucedido plano de molhar Johnny Lawrence no banheiro e suas atitudes impulsivas nos outros filmes.

Johnny continua sendo um babaca, com pouca paciência para sutileza, dado a dar apelidos pejorativos e ainda agressivo, embora não mais tão violento.

O relacionamento entre Daniel e Johnny é ruim, mas principalmente porque Johnny não consegue lidar bem com o que aconteceu, Daniel, à principio tenta ser simpático com ele.

O elenco jovem também está acima de muitas criticas e criou personagens interessantes o suficiente para seguir a historia.

Mesmo sendo um bando de perdedores, nerds, esquisitos…

As cenas de luta são bem feitas, um tanto mais coreografadas, mas melhores no geral.

É plenamente possível fazer uma obra dessas trazendo novos, e já que é tão importante atualmente, diversos, personagens sem desrespeitar as características dos originais, mesmo mostrando que eles mudaram um pouco com o tempo, mas deixando uma essência reconhecível, sem desrespeitar a obra original e ainda com um ar novo o bastante para atrair novo publico.

Quer dizer, Daniel LaRusso não virou um pedófilo canibal, ou um velho isolado numa fazenda bebendo leite direto das vacas porque fez uma coisa que nunca faria se fosse escrito com a personalidade que sempre teve.

E se parecer que estou sendo muito sutil, estou falando dos escombros de Luke Skywalker.

Enfim, é um Bantha muito morto já.

Como já foi confirmada a segunda temporada, assistam Cobra Kai, uma série que consegue evitar os perigos de ser cegada pela nostalgia ao mesmo tempo que nada de braçada nessa fonte.