Review DC(pcionado): Batman e a Liga da Justiça de Shiori Teshirogi

O que diabos aconteceu aqui…?

Há algum tempo atrás, mais precisamente em 2017, foi anunciado que a mangaká Shiori Teshirogi, autora de Saint Seiya: The Lost Canvas (tido por muitos como um mangá MUITO MELHOR que o original do “mestre” Masami Kurumada, o que, convenhamos, não é difícil…) produziria um mangá da Liga da Justiça para a DC a ser publicado na revista Champion Red no Japão. Muita gente adorou e muita gente torceu o nariz, como sempre acontece quando algo assim é anunciado. E dessas vez eu devo dizer que a galera que torceu o nariz estava com a razão…

Eu sou um sujeito de mente extremamente aberta quando se trata desse “intercambio” de personagens. Esse não é o primeiro mangá estrelado por personagens dos comics, já tivemos mangá do Homem-Aranha, do Hulk, dos X-Men (do qual eu já falei AQUI), do Wolverine e três versões do Batman em mangá (falei de uma delas AQUI). Uma coisa que todos esses mangás tem em comum (excetuando o dos X-Men, que nada mais era quem uma adaptação da série animada dos anos 90) são seus roteiros rasos, simples, clichezentos e até bregas, mas que não chegam a ofender e até divertem, se você estiver lendo descompromissadamente. Normalmente esses roteiros são compensados com uma arte bonita,estilosa e uma narrativa ágil tipica dos mangás, como é o caso do Batman do Kia Asamiya ou do Wolverine do Tsutomu Nihei. No entanto, em Batman e a Liga da Justiça nem o roteiro nem a arte conseguem se sobressair…

A trama é a seguinte: Rui Aramiya, nosso típico personagem japonês exclusivo inserido afim de causar identificação no público nipônico, é um jovem que viaja até Gotham afim de encontrar seus pais que foram dados como mortos em uma explosão ocorrida em uma das fábricas  que o velho senhor Aramiya tinha na cidade. Ao chegar lá, Rui é pronta e clichêmente atacado por bandidos, os quais estavam disfarçados de policiais, mas é previsivelmente salvo pelo Batman (mas não sem antes demonstrar algumas habilidades ninja). O Batman contacta o comissário Gordon e deixa Rui aos cuidados do bigodudo da lei. Enquanto isso, Batman investiga  uma estranha bebida que estava na viatura que os tais bandidos dirigiam. A tal bebida o leva até uma fábrica abandonada onde o morcegão descobre que é o Coringa  quem está por trás de tudo. E não apenas isso, o Príncipe Palhaço do Crime tem uma redoma onde uma mulher de longos cabelos brancos usando um quimono parece repousar envolta em uma estranha energia. Mais adiante descobrimos que essa mulher tem a capacidade de concentrar as energias das linhas de ley, energia essa que o coringa explica ter a capacidade de apagar as memórias das pessoas, transferindo-as para esta misteriosa mulher, e ainda despertar o pior do ser-humano, o que acaba por revelar que os tais bandidos vestidos de policiais eram, de fato, policiais sob o efeito da tal bebida que o Coringa estava impregnando com essa tal energia. É então que aparece Lex Luthor, revelando que está trabalhando em conjunto com o Coringa afim de criar uma liga de super-vilões (sim, a Legião do Mal). Assim sendo, Batman precisa reunir a Liga da Justiça e impedir os planos do Coringa e de Lex Luthor.

Sim, tem até referência a Morte em Família no encontro dos dois.

Sim, essa história furreca e mequetrefe, típica de uma cruza de super sentai com Superamigos é o plot que movimenta a coisa toda. Some a isso o fato de que o Rui cria um relacionamento do tipo “please, senpai, notice me” com o Bruce Wayne, que o até o capítulo 3 temos apenas Batman e nada de Liga da Justiça (O único outro membro que aparece efetivamente é o Superman no capítulo 3 só pra voltar a sumir no 4) e que temos um Lex Luthor com a atuação de um cigano Igor, dizendo que vai matar um esquadrão inteiro da policia em frente ao comissário Gordon, só pra, em seguida, dizer que estava brincando e que é bonzinho,e teremos mais impulso pra ir ladeira abaixo nesse cabaré de xola!

Nos moldes do clássico Feira da Fruta, Coringa revela que matou o passarinho do Batman!

“Ah…mas pelo menos a arte deve salvar, né, Hellbolha? Afinal é a Teshirogi e ela manda bem demais em Lost Canvas!” você deve retrucar, esperançoso leitor. E é com pesar que eu respondo um gigante NÃO!

Quem já leu Saint Seiya: The Lost Canvas sabe que a Shiori Teshirogi tem um traço LINDO, que desenha as armaduras de uma maneira magistral e mais crível que os rabiscos do “mestre” Kurumada e que faz cenas de batalhas ÉPICAS! Só que aqui, eu não sei o que deu na menina! O traço de Batman e a Liga da Justiça parece algo feito em inicio de carreira de tão inferior que é ao próprio Lost Canvas!  Teshirogi faz a máscara do Batman extremamente esquisita, deixa todos os personagens com ar juvenil demais, seu Coringa é um dos piores e menos ameaçadores que já vi (sem falar que a quantidade de dentes que ele possui varia de página pra página no “melhor”  estilo Liefeld) e suas poucas cenas de ação não tem impacto algum, são simples e sem inspiração. Sério, eu não sei o que aconteceu com a menina, se ela está fazendo algo em paralelo e está desenhando esse mangá as pressas ou se alguém da DC disse  “faça com o mesmo nível de qualidade de nosso filmes” e ela respondeu um confuso “Hãã…tá bom…” e começou a desenhar com o pé. O que sei é que o que eu mais queria ver era a Liga desenhada em todo o esplendor de seu fantástico traço…e ela me entrega a Liga com traços de livrinho do tipo “aprenda a desenhar mangá” feito por alguém que nem sabe desenhar direito.

Batman e sua máscara esquisita atacando.

Ah, vou fazer aqui uma critica que ninguém faz em site algum (pelo menos que eu saiba). Obviamente eu li os quatro capítulos em scans e o trabalho de tradução foi feito a partir de uma edição em espanhol. Não lembro o nome do responsável pela tradução para o português mas, rapaz… acho que vou dar os crédito ao Google Translator, por que, filhotes…que tradução porca e vagabunda! Frases sem sentido, diálogos sem pé nem cabeça, palavras ainda em espanhol…velho, se for pra traduzir, pelo menos de uma revisadinha de leve! Não é possível que alguém traduza algo tão sem sentido em tantos momentos e pense “hmmm..tá uma bosta…mas acho  que dá pra entender”!

Enfim, Batman e a Liga da Justiça é um mangá DCpcionante que não parece mostrar grandes indícios de melhoras futuras. Vou continuar lendo? Sim, se sair mais alguma coisa, já que o quinto capítulo estava previsto para dezembro de 2017 mas ainda não encontrei sinais dele online Vou dar uma buscadinha a mais e, qualquer coisa, faço mais um post informando se essa bagaça melhora de algum modo. No mais…

Nota: 3,0