A Divina Comédia – Parte 2

A segunda parte da trilogia de duas partes.

O Purgatório era na época um dogma relativamente novo. A chance da pessoa espiar seus pecados com um período de sofrimento, caso se arrependesse deles. Demais religiões em geral simplesmente colocam a pessoa no Paraíso ou no Inferno.

Apesar de a principio parecer haver pouca diferença entre o Purgatório e o Inferno, mas que existem são importantes. Deixam de haver os gritos e gemidos constantes do Inferno e passam a haver cânticos e louvores, pois esses sofredores tem uma coisa que está em falta em paragens infernais, esperança. Seu sofrimento não será eterno e a perseverança trará bons resultados.

Há um momento onde Dante e Virgilio presenciam um estranho desfile/parada/procissão/seilá, e numa obra repleta de simbolismos como essa, acaba sendo uma das passagens mais estranhas, pois não fica claro o seu significado, seja para o leitor, seja para a própria narrativa.

Mas vamos voltar para ela.

O Purgatório é representado como uma montanha em uma ilha no Hemisfério Sul. A montanha é dividida em 9 partes, indo para cima. O antepurgatorio, onde as almas chegam escoltadas por um anjo. Daí começam a subida pelos terraços, cada um representando um dos Pecados Mortais, o primeiro sendo o do Orgulho, ao qual Dante lembra que provavelmente já tem um lugar marcado para si mesmo ali futuramente. E já vê o que lhe aguarda: carregar uma imensa rocha nas costas.

Em seguida fica o Terraço da Inveja. O pessoal dali veste um acessório bem incomum com suas tunicas cinzas de penitente, arames de ferro costuram-lhes os olhos. Super Fashion.

O Terceiro Terraço abriga quem pecou pela Ira, andando ao redor da montanha envolvidos em uma fumaça fedorenta e acre. É outro lugar que Dante acredita que irá rever.

A cada exemplo de pecado, é mostrado um exemplo, em uma escultura ou algo do tipo, de uma virtude contraria á ele.

Os preguiçosos no Quarto Terraço tem que ficar em atividade sem parar, de forma tão frenética que é uma das menores partes do Poema, pois as almas não tem tempo para conversar com Dante, como tem sido padrão até aqui.

Os avarentos ficam no Quinto Terraço, deitados no chão de rosto para baixo e imóveis. Entre essa galera, Dante encontra Felipe IV da França, o sujeito que acabou com os Templários e prendeu o Papa Bonifácio VII (que está no Inferno).

O Quinto Terraço é um lugar repleto de arvores frutiferas e coisa e tal. Mas estão eternamente fora do alcance dos gulosos que ali estão.

Há um imenso muro de chamas no Sétimo Terraço, por onde todos os luxuriosos devem passar.

Ao subir mais, eles chegam ao Paraiso Terrestre, que representa o estado anterior ao pecado original. Lá Dante encontra, ou melhor, reencontra Beatriz, sua nova guia.

Virgilio explica que não pode ir adiante em direção ao Paraiso e Beatriz guiará o poeta agora.

Beatriz é um caso interessante. Dante a encontrou umas poucas vezes em sua vida. Na infância, uma vez, e outra depois de adultos, na qual ela já estaria casada com outro cara. É provável que eles nunca sequer tenham conversado. Mas a presença dela permeia todo o Poema, sendo o segundo nome mais mencionado, atrás apenas de Deus. O próprio nome de Dante, autor e personagem, só é mencionado uma vez. Ela teria morrido muito jovem, com talvez 24 anos e Dante a imortalizou de uma forma idealizada. Não há na verdade um consenso se a Beatriz literária seria a própria Beatriz Portinari.

De toda forma, é ela que conduz Dante até o rio Lete (Esquecimento) do qual ele bebe, apagando a memoria de seus pecados passados.

 

 

Pensando bem, vou fazer em três partes. Afinal se Dante levou 15 anos escrevendo por que não posso passar alguns minutos fazendo o mesmo?