Mulher Maravilha – Deuses e Mortais
Revista boa, e safadeza editorial.
Existe divisão no Olimpo. Enquanto Ares, o Deus da Guerra, tenta convencer Zeus de que um grande derramamento de sangue se faz necessário para que a humanidade se coloque de joelhos perante as divindades, os demais Deuses, encabeçados por Atenas, procuram convencer o senhor do Olimpo a permitir a criação de uma nova estirpe de mulheres que serão um exemplo para o resto do mundo. Quando Ares se afasta como voto vencido, é iniciada a criação daquelas que seriam chamadas de Amazonas.
Decidido a tornar o mundo dos homens um grande campo de batalha, ganhando assim poder o bastante para tomar o lugar de seu pai, Ares começa a espalhar raiva e despeito entre os homens em relação a civilização das Amazonas. O seu plano chega ao ponto máximo quando ele consegue envenenar o orgulhoso coração de Hércules, que movido por mentiras acaba derrotando e aprisionando as mulheres guerreiras. Atenas as ajuda a se libertarem, e após subjugarem seus algozes, as mulheres são guiadas para um refúgio paradisíaco, longe de toda a dor e sofrimento mortal.
Após séculos na Ilha Paraíso, um lugar onde as amazonas continuam sua vida e sociedade enquanto gozam de juventude e vida eternas, Hipólita é incumbida por Atenas a criar com barra na praia a figura de um bebê, que ganhará vida e será dotado de habilidades dadas pelos deuses do Olimpo, e assim nasceu Diana de Temiscyra, princesa das Amazonas. O poder de Ares cresceu enquanto o de seus irmãos diminuiu nos últimos séculos, e mais uma vez ele pretende investir contra o mundo dos homens.
Para que Ares seja impedido, os deuses pedem às amazonas que uma campeã entre elas seja selecionada através d provas, e essa campeã deverá ser mandada para fora dos limites da Ilha Paraíso, ao mundo do patriarcado, como uma guerreira com a missão de impedir Ares mas também como uma embaixadora das amazonas, uma inspiração para o mundo. Diana acaba sendo a escolhida, e então se dá início à história da heroína conhecida como Mulher Maravilha.
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Uma história com tanta carga de texto que o resumo aí em cima mal pegou uma das sete edições que compõe esse encadernado. Tudo bem, depois da terceira edição o texto dá uma diminuída, mas é um começo e tanto. Com Roteiro de George Pérez, Len Wein e Greg Potter, além dos desenhos do próprio Perez, essa revista marca o grande recomeço da personagem após Crise nas Infinitas Terras. Durante muito tempo essa foi a origem irretocável de Diana, que talvez tenha realmente mudado durante os Novos 52 nas mãos de Brian Azzarello. Também é apontada por muitos como a melhor época da personagem, e não é a toa.
Tanto em roteiro, extenso em algumas passagens mas nunca repetitivo ou maçante, quanto nos desenhos de George Pérez, que praticamente estava voando baixo já há algum tempo (vide Jovens Titãs), a revista é excelente. Na verdade ainda dá pra dizer que ainda é a melhor origem da personagem ainda, mesmo com o bom trabalho do Azzarello. Em uma coleção cheia de volumes que transitem entre o questionável, o desnecessário e o aviltante, essa com certeza cabe aqui com todos os méritos.
A história extra fica por conta de Wonder Woman 1, de 1942, escrita pelo criador da heroína Charles Moulton e desenhada por Harry G. Peter. Mesmo sendo a revista número 1, acaba sendo a terceira aparição da amazona, que já havia debutado nos quadrinhos em All Star Comics 8, de 1941. Como é de esperar, a história possui valor histórico, mas como tudo escrito nessa época, é apenas uma história simples e rasa, divertimento infantil e para soldados durante a guerra.
Quanto a safadeza editorial, dessa vez a crítica é relação à Panini, visto que já tá batido ficar reclamando do prço absurdo dessa coleção. Desde o início da coleção Marvel Salvat, a Panini parece mais preocupada em lançar em outros formatos histórias já programadas em sair em tais coleções do que realmente fazer o seu trabalho e republicar outros materiais clássicos, além de coisa nova. Foi assim com títulos como Capitão Britânia, Doutor Estranho e Marvels, que ganhou mais um formato luxo. O mesmo ocorre com a DC, especialmente esse arco da Mulher Maravilha. Ok, a Panini não republica apenas os arcos iniciais, mas a fase toda, mesmo assim é muito curioso a proximidade entre lançamentos. Depois vem a avalanche de reclamações de que o mercado tá ruim e é preciso aumentar o preço.
Saldo final: Revista, foda, arco realmente clássico, mas por esse preço é melhor comprar a versão da safada Panini, que além de publicar as próximas histórias também fez um trabalho legalzinho e por metade do preço.