Reciclando posts – Superman: Red Son (+18)
Obs: Texto originalmente enviado e publicado no site Baile dos Enxutos quando este que vos escreve era apenas um arroz de festa sem site próprio e que gostava de escrever. Resolvi publicar os textos que enviei pra lá aqui no site pois não dá mais pra linka-los, já que o uol fagocitou os posts antigos de nossos amigos.
Olá, sua corja de viadus, bixas, cornus mansus, volto mais uma vez a esse blog pobre e processado porém limpinho com a intenção de discorrer em relação a uma das minhas histórias favoritas: Superman: Red Son, ou como foi brilhantemente traduzido para terras tupiniquins, Super Homem: Entre a Foice e o Martelo.
Escrita pelo escritor escocês de histórias em quadrinhos nº 1, Mark Millar (chupa, Grant Morrison!), a história contada em três capítulos parte do seguinte pressuposto: “E se a nave que transportava o Super Homem tivesse caído em território socialista?”. A partir dessa simples pergunta Millar nos brinda com uma das melhores coisas escritas com o kryptoniano.
Ambientado nos anos 50, o primero volume já começa muito bem por pular a parte da nave caindo e o Azulão sendo criados por um casal humilde que já está todo mundo de saco cheio de saber. O que temos é na verdade algumas páginas mostrando o impacto que ele causa política e socialmente do lado de cá do meridiano de Greenwich, mesmo antes de sua apresentação oficial por parte do governo soviético. Toda aquela sensação de “FUDEU!” por parte do lado americano é muito bem construída por Millar. Somos apresentados também às modificações corriqueiras dos elseworlds (túnel do tempo de cu é rola), como o fato de Lois agora ser casada com Luthor e o bosta do Jimmy Olsen ser um agente federal.
Modificações à parte, conseguimos notar muito bem que a essência do Super como o conhecemos permanece preservada. O ser superior a todos simplesmente compelido a fazer o bem está intacto apesar de sua nova orientação política, pelo menos no início. Porém esses não são os planos que o seu governo tem para ele.
Deixando os spoilers de lado (afinal, eu não tô aqui para contar a história), a história não perde o ritmo em momento algum. A rivalidade entre o Azulão e Luthor dá o tom da hq, não há lado simpático aqui. A balança permanece sem pender para nenhum dos lados em momento algum. É impossível compactuar com as ações psicopatas de Lex, assim como não são justificáveis as ações de Kal-El a medida que a leitura progride. Outro ponto memorável é a construção e modificação do caráter e ações do Super no decorrer dos três capítulos. Por mais que o Superman salve pessoas, essa hq não pode ser exatamente chamada de “história de super heróis”. Não há heróis nessa hq com excessão do final.
Mais algum destaque? Sim, quanto aos outros personagens repaginados nessa hq. A Mulher Maravilha serve para mostrar o distanciamento do Super de seus ideais originais e a sua progressiva inapetêcia em relação aos relacionamentos humanos. O Bátima apresentado nesse elseworld é provavelmente a melhor versão já feita em algo do tipo, além de apresentar dois pontos positivos em relação ao original: 1- uma roupa menos gay e 2- ele morre (os Corto chora!). E o Lanterna Verde tem uma origem que faria John Rambo chorar de emoção.
É uma leitura que eu recomendo a todos, sendo fãs do Super ou não, sendo fãs da DC ou não. Uma história maravilhosa, muito bem escrita, muito bem conduzida e com um final muito foda. E quanto à arte da bagaça, eu realmente acho muito boa, apesar de não estar entre as minhas preferidas (mas até aí isso não quer dizer muita coisa, eu gosto da arte do Steve Dillon!).
Mas afinal, por que diabos eu me prontifiquei a fazer um texto sobre uma história que você só vai ler se encontrá-la em um sebo à venda ou baixar o scan (e enquanto isso a Panini publica o reboot, puta que pariu!)?
Bem, essa história é a responsável por eu ser hoje um fã de quadrinhos. Não somente ela, mas também o primeiro arco dos Supremos e uma história curta e não muito bem desenhada, mas fenomenalmente simples e bem escrita chamada “O Garoto Que Colecionava Homem Aranha”. Eu conheci essas histórias juntamente com muitas outras (Authorithy, A Pro, Monstro do Pântano, Watchmen…) no primeiro contato com scans que eu tive, através de um cd que um amigo me emprestou. E desde então eu sou um leitor e consumidor de quadrinhos. Scans não fazem desaparecer novos leitores, até porque ler no computador é um saco. Histórias ruins fazem sumir novos leitores. Mas parece que estão aprendendo com os erros de antigamente, pois estamos vendo surgir bons materiais a preços acessíveis ultimamente.
E como provavelmente todo mundo vai ver que o texto é grande e vão pular pro final, adivinha o que vai ter no fim do post?
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(Pausa pra tirar as crianças da sala)
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