Semana do Dungeon Incomum – Dungeon Meshi

Vai querer fritas com seu Double Cheddar Wyvern?

Nunca gostei muito de dois tipos de programas que na teoria deu deveria achar interessantes, os survival e de cozinha tipo Master Chef e semelhados. Talvez por notar que o fator que menos parece importar é justamente aquele que aparentemente seria o destaque, a sobrevivência e a comida. Do pouco que vi, as picuinhas sempre tiveram mais destaque nesses programas.

O que talvez explique porque o unico reality show que vi mesmo foi The Osbournes.

Mas estou divagando. Porque nunca imaginei ver esses dois elementos misturados num dungeon crawler japones.

Um grupo de aventureiros está em uma missão dentro de um dungeon, lutando contra um dragão vermelho imenso. A batalha não vai bem, pois estão feridos e enfraquecidos. A irmã do cavaleiro Laius se sacrifica para teleportar o grupo de volta à superfície e acaba devorada pelo dragão.

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Laius então resolve voltar, pois seria possível ressuscitar a irmã, se pudessem recuperar os restos dela antes de serem totalmente digeridos, o que lhe daria alguns dias apenas. Mesmo sem tempo para se preparar adequadamente, comprar mantimentos ou até juntar dinheiro para isso ele resolve voltar, acompanhado dos únicos dois membros do grupo que permanecem com ele, a feiticeira elfa Marcille e o ranger halfling (em fantasia é outro nome para hobbit, usado para evitar processinhos) Chilchack.

Ele analisa que um fator da derrota deles foi justamente os mantimentos, que estavam acabando e não os mantinham bem alimentados. A solução de Laius é de uma simplicidade assustadora. É só comer os monstros.

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Essa conversa chama a atenção do anão Senshi que se dispõe a acompanha-los e é o principal responsável pelo cardápio conforme eles vão descendo até o nível onde está o dragão.

A história e os personagens acabam se mostrando muito interessantes, em especial o estranho Senshi, que transformou um escudo, herança de família, feito de um metal raro em uma panela. E a sempre relutante em comer coisas estranhas, Marcille, que não raramente se fode, como quando foi petrificada por um cocatrice  e até o efeito passar, foi usada pelos outros para pressionar picles.

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Outro destaque é para a criativa ecologia do dungeon, desde a razão de porque feitiços de ressurreição funcionam ali, passando em como as paredes estão inteiras mesmo com gente soltando bolas de fogo por ali, até em como o lugar fica limpo e onde ficam os banheiros.

E chegamos ao estranho motivo principal, a comida.

A cada novo encontro com monstros fica a possibilidade de ver como os dois mais empolgados com a perspectiva de um prato exotico, Laius e Senshi, vão aproveitar os recursos à mão e que prato vão produzir com o monstro, uma vez derrotado claro. E o negocio alem de ter belos desenhos dos pratos, não poucas vezes mostra o modo de preparo e o valor nutricional do negocio.

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Senshi em particular leva isso muito a sério, sempre insistindo que devem equilibrar alimentos caloricos com proteinas e tal, coisa bem de nutricionista de combate, por assim dizer. E na verdade, esse tipo de cuidado está permitindo o grupo avançar melhor que outros grupos até maiores, simplesmente por evitar a repetição diaria de carne, pão, frutas secas, vinho e agua, comuns entre aventureiros.

Então temos um mangá bem humorado e leve, com uns bons momentos de ação também e um uso muito criativo de monstros e sua ecologia, coisa fina que poderia aparecer em algum Monster Manual da vida.

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É uma boa recomendação para ler, em particular para aqueles que sempre quiseram saber o sabor de um Cubo Gelatinoso ou quantos servem um prato de Pantera Deslocadora. Afinal, o unico direito dos monstros é de serem gostosos.