Review Thristie – Assassinato no Expresso do Oriente
Sobre bigodes e trens
Semana passada, fui pego de surpresa pelo trailer do filme “Assassinato no Expresso do Oriente”, para quem não viu, é issaqui Ó:
Olha, até que tem algumas coisas muito boas, como o cenário, o trem (locomotiva a vapor S2) e alguns personagens bem caracterizados. Mas a músiquinha POP no final do trailer, a escolha de alguns personagens (Penélope Cruz :P ) e esse Hercule Poirot certamente já estão errados.
Para quem leu os livros da velha, velha, velha mesmo, mas muito velha (pensa numa velha, então!) Agatha Christie, o Monsieur Hercule Poirot, é um detetive Belga (o maior de TODOS TODOS TODOS), que depois de deixar a polícia Belga (era inspetor salvo engano) muda-se para Inglaterra e passa a atuar como detetive particular, possuindo como características marcantes, seu jeito excêntrico e seu “belo bigode”. Pela descrição dos livros, ele seria mais ou menos assim:
Porém, no filme, o Monsier Poirot ficou desse jeito:
Naturalmente o bigode é falso, só resta saber agora que tipo de animal empalhado serviu de molde para ocupar o que está entre a boca e o nariz do Ator/Diretor (sim, ele é também o diretor e provavelmente deve ter feito esse CGI cagado no Paint do Windows 95). Enfim, de CGI cagado, acho que ta todo mundo vacinado por aqui. Além disso, também não senti no trailer o clima de suspense, ou de tensão que é tão marcante no livro, então certamente vou passar longe disso e esperar chegar na Tela de Sucessos do SBT, quem sabe com o título “Sr. Bigode e o Expresso do Barulho“.
Já sobre o livro, que é o assunto no qual quero falar, a coisa é diferente.
Assassinato no Expresso do Oriente é certamente um dos melhores livros da velha-velha Agatha e sem dúvida alguma, um dos melhores que já li! A premissa é bem simples:
Hercule Poirot acaba de resolver mais um complicado caso em Alepo, Síria e esta retornando para sua casa em Londres, Inglaterra. Para tanto, vai embarcar no famoso Expresso do Oriente, um trem expresso de luxo (o melhor da época), que sai da Turquia e vai até a França. Um dia antes da viagem, Poirot é abordado por um cliente, que diz que está com a vida ameaçada e que precisa da sua ajuda para encontrar o possível assassino, antes que o pior aconteça, porém, inesperadamente Poirot recusa o caso. Iniciada a viagem, em um determinado ponto do caminho, o trem fica preso no meio de uma tempestade de neve e não consegue avançar até que os trilhos sejam limpos. Próximo da meia-noite, um grito é ouvido no trem, no dia seguinte descobre que o tal cliente recusado foi assassinado. A primeira suspeita é de que o assassino fugiu do trem pela neve, só que do lado de fora, não há nenhuma pegada, ou marca de alguem que poderia ter escapado por ali, assim conclui-se que o assassino ainda está no trem, ou seja TODOS SÃO SUSPEITOS! Ao periciar o corpo, constatam ainda que a vítima foi morta a facadas, no entanto, os golpes variam, como se alguem destro E canhoto tivesse desferido os golpes, além dos golpes variarem de diferentes alturas e intensidades.
Pronto, é com esse brilhante enigma, que o livro é conduzido. O mais bacana é a condução da Autora quanto a trama, ela não se apega a descrever o cenário ou as vestimentas nos mínimos detalhes. Ela se apega na narração e nas falas dos personagens. Quem são? O que faziam na hora do crime? Conheciam a vítima? Porque estavam naquele trem?
Toda a estrutura do livro é brilhante, pois ao mesmo tempo que a trama segue como um romance qualquer, ao mesmo tempo, surge praticamente um inquérito policial dentro do livro. Com a descrição da cena do crime, a lista de passageiros, o mapa do vagão e os depoimentos.
Confesso que no final da leitura estava meio perdido, porque haviam alguns pontos absurdos e minhas suspeitas tinham ido pro espaço, pra no final, de forma fenomenal, o culpado ser revelado e te pegar de um jeito tão desprevenido que precisei reler o capítulo mais uma vez, apenas para absorver o golpe.
Incrível como um livro de 1934 (não disse que ela era velha), consegue ser tão surpreendente até hoje.