Doomsday Clock

Riders on the storm…

 

Finalmente, depois de muito tempo do anuncio, sai o primeiro numero de Doomsday Clock. Para quem não sabe, o Doomsday Clock, Relogio do Juizo Final, era o nome dado à um simbolismo criado na Universidade de Chicago, em  1947. Ele simbolizava a proximidade da possibilidade de um conflito ou mesmo uma catastrofe ambiental que significaria o fim da raça humana, que seria atingir a meia noite.

É um simbolismo muito presente pelas edições de Watchmen, da mesma forma representando a escalada que estaria levando aquele mundo à um fim nuclear.

Vou spoilerar coisas aqui, para aqueles que se importam com isso.

Acharam que eu mandaria aquela piada de spoiler de carro? Jamais. Sou muito sofisticado para isso.

Acharam que eu mandaria aquela piada de spoiler de carro? Jamais. Sou muito sofisticado para isso.

A historia se passa em 1992, anos depois dos acontecimentos de Watchmen, e como muita gente teorizou, as coisas estão indo pro brejo.

O plano do Ozzymandias foi descoberto, e as pessoas não levaram isso muito bem. Com o sumiço do Dr Manhattan, os russos começaram a esticar suas asinhas de novo, dessa vez em direção da sempre visada Polonia. A coisa está feia o bastante para justificar um sistema de avisos na tv para evacuações em caso de bombardeios.

a grande mentira

 

Logo no começo somos recebidos pela famosa narração do Rorschach, descrevendo as bostas que estão rolando enquanto ele se infiltra numa prisão para resgatar dois prisioneiros, a Manequim e o Mimico (no estilo tradicional de Watchmen, são releituras de personagens da Charlton Comics, Punch e Jewelee, aqui no Brasil, Pierrô e Colombina), leva-los até o atual parceiro de Rorschach, o desaparecido Ozymandias, numa missão para encontrar o Dr Manhattan, ou como diz Rorschach, Deus.

Vamos começar com o elefante na sala, Rorschach. Como ele tá vivo? Será que a iconica morte do cara não foi respeitada e aquela teoria que o Dr Manhattan não o vaporizou, e sim o mandou para junto do menino de Radio Flyer e a guria de Labirinto do Fauno procede? Reparem nessa imagem:

1

 

Podem notar uma pequena diferença ai. Vou dar um tempo para verem enquanto asso umas costelas no bafo.

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Notaram? É um cara negro. Alguem assumiu a identidade do Rorschach e isso já está levando ao muitas teorias sobre quem seria, uma delas de que seja o menino que está lendo Contos do Cargueiro Negro no original, já que ele teria sobrevivido, protegido pelo corpo do jornaleiro, e ficado lelé, devido ao impacto psiquico da lula gigante, que deixou um pessoal meio afetado.

2

 

Outros supoem que possa ser o Dr Malcolm, o psiquiatra que atendia o Rorschach, o que já acho menos provável. Muito cedo pra dizer. Naturalmente isso também dividiu opiniões. Há também quem ache que deveria ser o doidão original.

Os outros personagens de destaque são Ozzymandias, que nota a ironia terrivel do sobrenome que adotou e a atual situação do mundo e os interessantes Marionete e Mimico. E perto do final da edição, Clark Kent.

A equipe criativa é Geoff Johns que faz as letrinhas e Gary Frank fazendo os desenhos. São dois sujeitos que estão na parte talentosa do Relogio da Capacidade, mas o trabalho de Gary Frank aqui está excepcional, principalmente combinada com as cores de Brad Anderson, que emulam muito bem as cores do original.

Falando nisso, estou curioso para ver como as viuvas do Moore vão reagir a isso tudo, agora que Inês é morta. Isso porque as reaçoes desde que o projeto foi anunciado variavam de indignação sacrilega à curiosidade.

Minha propria era de indiferença, mesmo depois de The Button, onde as coisas começavam a aparecer no Universo DC regular, com o Bátima e o Flash analizando o famoso button do Comediante, da mesma forma que ignorei solenemente Before Watchmen. Mas desta vez admito que estou intrigado.

Rorschach tem a chave do seu coraçao. E do seu pancreas, figado e partes quebráveis do seu corpo

Rorschach tem a chave do seu coraçao. E do seu pancreas, figado e partes quebráveis do seu corpo

Porque definitivamente o primeiro numero ao menos é muito bem feito.

Tenho a tendencia a ser enviesado em relação à Allan Moore, de forma que não considero um sacrilegio, um ataque ao bezerro de ouro, uma revisita à Watchmen SE for bem feita. Before não parece ter sido, este primeiro numero é.

Talvez porque não considere Watchmen o melhor quadrinho de super herois de todos os tempos ou Allan Moore o melhor escritor de todos; alguem que comete Lost Girls e Prometea perde essa disputa. E se Cavaleiro das Trevas foi responsável pelos herois raivosos, em especial nos anos 90, Watchmen tem sua parcela de culpa em toda historia de “desconstrução” dos herois, raramente feita com o talento de Moore.

Naturalmente nem tudo são flores e rosas de Hiroshima. Geoff Johns prova que pode marvelizar as coisas e colocar analogias aos tempos atuais em uma historia que se passa mais de duas décadas atrás e nem se preocupa em fazer isso de forma muito sutil, como feito na obra original.

De toda forma vou continuar vendo enquanto me agradar, principalmente porque tem a intenção de explicar a zona que o Dr Manhattan fez no Universo DC e as implicações disso.