Demolidor 14
Agora vai?
Matt Murdock aparentemente conseguiu mais uma vez obter aquilo que sempre almeja: uma vida cheia de problemas. Se antes quando era um advogado conciliar sua identidade civil e sua outra vida de vigilante era problemática, agora que ele não faz mas os próprios horários trabalhando na promotoria de Nova York está muito mais difícil sair correndo pelos telhados sem pisar na bola no emprego. Além disso, ter um pupilo não é nada fácil, apesar do potencial do garoto.
Tanto potencial que começa chamar atenção indevida. Existe um mural no bairro de Sam onde as pessoas escrevem pedidos e notas de agradecimento para o Ponto Cego, só que dessa vez um convite foi deixado. Um convite para um armazém na zona portuária, onde um imenso painel foi pintado com o sangue de aproximadamente 110 pessoas. Enquanto procuram pelo responsável outra “obra de arte” é encontrada: uma série de esculturas com corpos de inumanos, o que faz Murdock procurar auxílio em Nova Attilan.
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Essa era a última chance que eu havia resolvido dar pra essa nova fase do Demolidor com roteiros de Charles Soule, desenhos de Ron Garney e cores de Matt Milla, e nos 45 minutos do segundo tempo o filho da puta fez um puta de um golaço. A única pergunta que fica é: precisava de nove edições pra finalmente acertar a mão?
Esse encadernado conta com cinco revistas que funcionam como um arco fechado, ou seja, a história começa e termina aqui mesmo. Longe da pegada heróica e colorida que Mark Waid imprimiu durante a sua passagem pelo título, os roteiros de Soule tentam passar uma pegada mais pesada, mais ácida. Nos dois últimos encadernados a única coisa que ele havia conseguido foi fazer os leitores sentirem muita saudade de Waid, tudo transitava entre o medíocre e o terrível.
Porém por alguma força divina ou editorial a situação se inverteu aqui, onde somos surpreendidos com uma história policial macabra pra fazer qualquer fã do filme Seven pular de alegria. Atém mesmo a péssima paleta de cores aqui contribui para o clima pesado da história. Com um bom uso de enquadramentos e um estilo mais “sujo” de desenho, quase desleixado, Ron Garney seria um destaque da revista não fosse mais uma vez essa escolha de cores horrível.
No balanço final, posso dizer que a revista do Demolidor ganhou mais uma chance de me decepcionar no futuro, porque dessa vez eu acabei lendo uma história do caralho