Amityville
Pensa num cagaço?
A família Lutz se mudou para a grande casa colonial na Ocean Avenue, número 112 no dia 18 de dezembro de 1975. Vazia e à procura de novos moradores por muito tempo, a casa que estava custando uma verdadeira bagatela visto o seu tamanho e localização, escondia um terrível segredo. Em novembro de 1974, Ronald DeFeo, o mais velho de cinco irmãos, assassinou os dois irmãos, duas irmãs e os pais na mesma casa com tiros de rifle. Quando o preso o mesmo não ofereceu resistência, e em seu julgamento afirmou que acabou matando-os pois vozes diziam para fazê-lo.
Mesmo ao saber do assustador destino dos antigos moradores, George e Kathy Lutz optaram mesmo assim por arriscarem todas as suas economias e ficarem com a casa. Não acreditavam em assombração ou forças sobrenaturais, além do fato de que uma casa daquelas e por aquele preço era uma oportunidade que não surgiria duas vezes na vida de ninguém. Esse foi o começo de um pesadelo que durou 28 dias, quando os Lutz finalmente saíram da casa às pressas, apenas com a roupa do corpo. Eles não voltaram a Amityville nem para buscar os seus pertences.
George, que era casado há pouco tempo com Kathy e que amava seus três enteados como se fossem do seu próprio sangue foi de início o mais afetado. Recusava-se a sair da casa ou a tomar banho, estava sempre irritado com Kathy e as crianças e sentia um frio absurdo, que o forçava a ficar sempre próximo a lareira, que alimentava constantemente com lenha até se tornar uma grande fogueira. Kathy também se sentia cada vez mais triste e estressada, e as crianças estavam mais birrentas e desobedientes.
Até mesmo as pessoas que não ficaram mais que alguns minutos no número 112 da Ocenan Avenue foram afetados, sendo que o pior caso foi do padre Mancuso, convidado para abençoar a nova residência dos Lutz. Após ter ido embora depois de sentir um terrível mal estar dentro da casa, o padre caiu de cama enfermo, sofrendo terríveis dores além de uma febre alta que não abaixava nem com medicamentos. O padre Mancuso jurava que havia escutado claramente uma voz quando estava sozinho em um dos cômodos, que apenas disse-lhe de maneira ameaçadora “vá embora”. Se os Lutz também tivessem escutado essa voz e o mesmo conselho repetido inúmeras vezes, talvez não teriam passado pelo inferno na Terra.
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Escrito por Jay Anson e publicado originalmente em 1977, Amityville ganhou uma edição maravilhosa em capa dura pela Darkside. Para escrever o livro que se tornou um best seller da sua época e inspira adaptações cinematográficas até o dia de hoje, Anson conduziu uma série de entrevistas com o casal Lutz e demais envolvidos com os fatos ocorridos em Amityville. Para ajudar na ambientação o livro conta inclusive com uma planta simplificada da casa na época (que hoje sofreu uma série de reformas) além de desenhos de Missy de seu amigo não tão imaginário Jodie.
Confesso que desde que li O Exorcista (que ainda se mantém bravamente na posição de melhor livro que já li) não sentia tanto medo enquanto passava os olhos pelas páginas de um livro. Talvez o fato de ser vendido como um caso supostamente real ajuda, mas não dá pra tirar o mérito da escrita de Anson. A edição da Darkside é simplesmente linda, com uma arte de capa aflitiva pra quem reconhece a casa tão famosa graças aos filmes dos anos oitenta e aquela porcaria com o Ryan Reinolds lançada em 2005.
Não tem muita coisa pra dizer além de façam o possível pra ler essa bagaça. Me agradeçam depois, ou não.