Passe vergonha como um profissional

Git gud or die

Recentemente uma discussão já meio antiga recebeu novo folego e mostrou ainda mais o abismo que separa o assim chamado “jornalismo profissional” dos…. bem, da realidade.

Dean Takahashi, um jornalista veterano recebeu uma cópia de avaliação do vindouro e interessante jogo Cuphead, que parece um daqueles desenhos do inicio do século 20. Bem legal.

Então o cara foi jogar para avaliar e passou minutos vergonhosos tentando avançar no tutorial. Entendam, não era uma parte dificil do tutorial, era literalmente a terceira coisa a se fazer depois de abaixar e pular. Uma tarefa simples, pular e fazer um dash, como descrito na tela.

Mas o sujeito fica quase dois minutos para fazer algo que levaria poucos centesimos de segundo. Não é como se ele estivesse jogando Super Meat Boy ou mesmo Dark Souls.

Naturalmente a internet não perdoou o sujeito e o espinafrou sem piedade. Um video mostra um menino de talvez três anos mostrando exatamente o que fazer. Outro compara o tempo que uma pomba leva para resolver um problema ao tempo do jornalista. E esse, misturado com a musica do Bob Espoja é dos melhores que vi.

https://www.youtube.com/watch?v=oibOcOQS48o

 

Claro que a classe jornalistica saiu em defesa do cara, quase de forma unanime, afirmando que “não é preciso ser bom jogador para ser jornalista de jogos.”

E claro, acusando os jogadores de serem elitistas e gamegaters. Sério. Isso entrou na conta do Gamergate também.

Alguns anos atrás, houve o infame video de um jornalista do site Polygon, também passando vergonha ao jogar o novo Doom.

E da mesma forma, a classe jornalistica se solidarizou com o cara. E também acusaram os jogadores de elitistas e gamegaters.

Da mesma forma daquela vez que um jornalista criticou Mass Effect porque não sabia como subir de level. Ou o que disse que Warhammer 40k copiou Gears of War.

O detalhe é que esses exemplos são do mesmo cara. O cara com “18 anos de experiencia em jornalismo de games” e defendido com fervor quase religioso pelos sites jornalisticos, porque uma de suas capacidades seria “escrever bem”. Dois livros sobre os consoles da Microsoft e colunas no Wall Street Journal Los Angeles Times. 

Não adianta contratar Luiz Fernando Verissimo para fazer um review de Kingdom Hearts. Pode até ser muito bem escrito, mas as pessoas saberiam que ele não tem a menor noção do que ele está escrevendo.

“Gatekeeping” é outra expressão usada pela imprensa para descrever a situação. Seria aquela atitude de, digamos, um metalhead chamando alguem de poser.

Caralhos, vi tweets de jornalistas ligando isso à eleição do Trump. E foi mais de um.

Não acho também que é preciso ser um puta jogador para fazer jornalismo de games, assim como não se exige que um jornalista de música seja um virtuoso ou um esportivo seja um craque. Mas é preciso que eles tenham noção sobre o que estão falando. Espera-se que um jornalista de quadrinhos saiba que é o Superman que usa uma capa vermelha e não o Hulk.