Semana da Nostalgia Reversa – Spawn
Só relerei quando o inferno congelar. E não falo do Cocytos.
Sei que esse é quase trapaça em comparação aos outros exemplos dessa semana, mas ainda é um caso interessante. Isso porque eu já havia notado como era ruim muito tempo atrás. Mas mesmo assim ainda vale um pouco. Muito pouco. Na verdade estou esticando as regras aqui, mas como sou eu mesmo que faço as regras é um crime perfeito.
Enfim.
No começo dos anos 90, Todd Mcfarlane trabalhava na Marvel e estava acompanhando a trozoba que a editora estava metendo não apenas em Jack Kirby, mas nos outros artistas que a criaram também. E pensou que isso poderia acabar acontecendo com ele. Quer dizer, ele era uma das estrelas da empresa, mas se os caras tratavam os criadores dos personagens como lixo, o que dirá dele, daqui algum tempo?
Então ardilosamente ele se aproximou de outros nomes grandes da Marvel na época e tramaram uma retirada que se chamou Image Comics.
Ali ele criou o Spawn. Criou modo de dizer, mas vamos ver.
A historia é a mesma que foi recontada várias vezes com mais talento através dos séculos, um cara que faz um acordo com o diabo e vende sua alma em troca de alguma coisa, no caso de Al Simmons, a chance de rever a esposa, Wanda.
Mas é verdade que tem uns detalhes interessantes aqui. Como de praxe, o Demonio distorce o acordo: Ressuscita Simmons 5 anos no futuro e num corpo todo fodido, irreconhecivel e praticamente sem memórias. Ele logo descobre que tem vários poderes, começa a lutar contra outros seres sobrenaturais e contra agentes do governo.
Outra coisa interessante é que os poderes tinham um uso limitado. Ele podia fazer coisa pra cacete, criação e alteração de matéria, regeneração, lançar raios de energia, mas era drenado a cada uso, num contador que aparecia nos quadrinhos.
A arte também era legal e deu uma melhorada quando Greg Capullo assumiu, mesmo emulando o traço de Mcfarlane, ele evitava alguns erros mais grosseiros de anatomia.
O problema é que, com exceção de algumas edições especiais, o roteiro era do próprio Macfarlane, e não era nenhum primor. As coisas pioraram justamente quando foi se aproximando do numero 50 e a partir daí descambaram de vez sem possibilidade de melhora.
Eu já havia abandonado a revista na época da publicação original aqui, creio que lá pelo numero 50 e tantos e tentar reler isso atualmente foi quase excruciante. Se Mcfarlane tivesse apenas pego o conceito do Spawn, feito em várias séries fechadas, com Spawns diferentes, que é algo que é valido, já que o Spawn é um tipo de demônio, não o nome próprio de alguém, e com roteiristas melhores do que ele, poderia ser algo melhor do que um dos símbolos do pior dos anos 90.