Review Oscilante- Vingadores: A Guerra Kree-Skrull!
Eis um review meio ranzinza…Olá, jovos e jovas, recentemente adquiri duas edições encadernadas de histórias da Marvel tidas como clássicas (se é que a Marvel tem clássicos…RATINHO-NHO-Nho-nho…). Um deles foi a curta fase de Roger Stern e John Byrne a frente do Capitão América, o outro foi a famigerado Vingadores: A Guerra Kree-Skrull, este recentemente lançando pela Salvat, tendo se tornado a campeã de erros da editora, tanto que foi vendida junto com o Demolidor do Mark Waid pelo preço de um encadernado só para alguns “sortudos” de SP,RJ e PB, e para o resto do Brasil já veio toda consertadinha. Ah, mas eu não paguei 40 golpes no meu, só pra constar. Eu comprei cada encadernado de capa cartonada por R$15 e estou de alma lavada POR NÃO PAGAR 40 CONTOS EM ALGO QUE A PANINI PUBLICOU A POUCO TEMPO POR R$22 NA FEDORENTA COLEÇÃO HISTÓRICA MARVEL!!! Eeeer…desculpem…eu me alterei um pouco…
Enfim, não li ainda a edição do Capitas, mas acabei de ler A Guerra Kree-Skrull ontem em um processo que durou uns 3 dias. E, não, não durou 3 dias devido a minha agenda lotada. Durou 3 dias por que a história tem longos e tortuosos momentos de CHATICE!!!
Seguinte, antes que comecem com a ladainha “Ain, você tem que ler com a cabeça da época”, eu já vou avisando: Sou leitor cachorro velho, sei como isso funciona! Não pensem que vou pegar uma edição da Liga da Justiça dos anos 60 e vou ler esperando ver The Authority. No entanto, essas HQs antigas funcionam pra mim como filmes ruins, tem aqueles que você assiste e morre de rir, por que a tosqueira mais diverte que incomoda, e tem aqueles cujo a tosqueira é tão agressiva que te tira da imersão e você só acha o filme…ruim mesmo (Vide BvS e Esquadrão Suicida). E Vingadores: A Guerra Kree-Skrull caminha nessa tênue linha pisando fora dela várias vezes mas fingindo que não de forma que você se força a fazer vista grossa até ela colocar os dois pés sobre a linha novamente.
Pra quem não conhece, a história é a seguinte: O Capitão Marvel tem divido o corpo com Rick Jones, aquele moleque imbecil que tava tocando gaita em um campo de testes no exato instante em que iam testar uma bomba gama. O idiota foi salvo por Bruce Banner, que acabou virando o Hulk e blá,blá,blá…mas este não é o foco aqui! Enfim, acontece que quando não estava no lugar de Rick Jones, o Capitão Marvel ficava vagando em um local chamado Zona Negativa. Quando finalmente Rick e Mar-Vell (nome Kree do Capitão Marvel. Genial, não!?É, eu sei que não…), se separam, acabam descobrindo que Mar-Vell veio da Zona Negativa entupido de uma estranha radiação e os Vingadores, em sua formação menos atraente (Visão, Mércurio, Feiticeira Escarlate, Clint Barton sob a alcunha de Golias) com a ajuda de Rick Jones vão em seu encalço para tentar avisá-lo. Ao invés disso, começa um quebra pau imbecil onde ninguém consegue proferir a frase “A gente quer te levar a um laboratório pra drenar a radiação da Zona Negativa do seu c*” antes de começar a trocar porrada como se fossem crianças de oitos anos com o pretexto de responder provocações condizente com tal idade mental.
Depois dessa porra toda, rola uma treta babaca envolvendo Ronan, o acusador, e seu robozinho de estimação com nome saído de ficção B dos anos 50, o Vigilante Intergalático 459 (credo). Tudo isso em um plot bem xexelento que se resume a Ronan usando raios anti-evolutivos pra transformar a humanidade em amebas novamente. O único ponto positivo nessa história é a revelação de como surgiram os Inumanos, que estão pra estrear em uma série televisiva que já vem pré-cagada de berço. Depois disso temos o protótipo do que viria a ser Lendas, aquela HQ da DC publicada recentemente pela Panini, com um politico estúpido colocando o Capitão Marvel e Ronan no mesmo balaio por ambos serem Krees, mesmo que Mar-Vell tenha sido reconhecidamente um herói até então, e, por tabela, acusando os Vingadores de estarem mancomunados com o “alienígena do mal”.
Aqui vale citar um detalhezinho: já se passaram QUATRO dos NOVE capítulos que compõem o encadernado e NADA DE GUERRA KREE-SKRULL! Eu até entendo que muitos elementos importantes pra quando essa budega começar, lááá pelo capítulo 7, são introduzidos nesses quatro primeiros e tortuosos capítulos, mas as histórias fedem a “Inventa qualquer merda pra fazer a revista desse mês aí, Roy Thomas” que você chega a abanar o ar pra afastar a catinga. Mas as coisas começam a mudar mesmo é no capítulo 5…
Até o capítulo 4 os desenhos ficavam a cargo do subestimado Sal Buscema. Em tempo, eu não acho os desenhos do Sal Buscema ruins, muito pelo contrário, eles tem aquela pegada clássica e até charmosa, no entanto o roteiro abobalhado do Roy Thomas não contribuiu pra fazer a arte te prender (e o senhor Buscema não conseguir fazer o Rick Jones manter o mesmo rosto e penteado por 4 capítulos, também não). O caso só se agrava quando você sabe que Neal Adams vem aí. E é no divertidíssimo capítulo 5 que Adams chega chutando o pau da cuíca e tira a revista do tom “Super Amigos” empregado pela dupla Thomas/Buscema até então, e nos joga em uma aventura de ficção com uma pegada cinematográfica. Seus desenhos, ao contrário dos traços de Sal Buscema e, arrisco a dizer, de qualquer outro desenhista da época, tinham dinâmica, velocidade e grandiosidade quase sem par. E a história do capítulo 5, Viagem ao Cento do Andróide, onde o Homem-Formiga entra (ui) no visão afim de reparar danos internos, é tão destoantemente boa do que foi lido até então, que não é de se espantar quando Roy Thomas confessa, ao fim do encadernado, que a ideia veio do próprio Adams.
E é só a partir do capítulo 6 que a tal Guerra Kree-Skrull começa de fato, de forma lenta, mas bem menos tortuosa que os 4 capítulos iniciais, muito disso graças a Neal Adams. A partir daqui temos o Capitão Marvel, Feiticeira Escarlate e Mercúrio sendo capturados por Skrulls que tentam forçar o herói Kree a criar uma arma de destruição jamais vista antes. No meio dessa quizumba, os Vingadores que realmente tem graça (Capitão América, Thor, Homem de Ferro com direito a patins, Visão e um Golias quase sem poderes, em pé de voltar a ser só o Gavião Arqueiro de novo) vão ao resgate após descobrirem que os Inumanos tem um pézinho na treta toda.
O ponto negativo, mesmo na parte com a bela arte do Neal Adams, é que o roteiro continua sendo do Roy Thomas, ou seja, apesar de termos momentos grandiosos (que tenho certeza, devem ter sido todos sugeridos por Adams), ainda veremos momentos dramáticos dignos das piores novelas mexicanas, personagens tomando decisões como se fossem um grupo de crianças brincando de policia e ladrão e uns 15 sub-plots amontoados, como a entrada brusca do Raio Negro e o envolvimento de seu irmão na treta toda. Ah, isso sem falar na ideia meio idiota de transformar Rick Jones no salvador da porra toda no final.
Enfim, após reclamar tanto, você me pergunta: Essa bagaça vale a pena? Bem, funciona de maneira muito simples…se você é um leitor da antigas e se amarrou na história quando foi publicada em formatinho, vale a pena sim ter em formato americano. Agora, se você é um leitor mais jovem, que não se agrada muito de história clássicas pela sua pegada mais infantilóide, é melhor ficar longe. Eu, particularmente, acho que a edição só emplaca mesmo depois que o Neal Adams entra e começa a dar pitaco no enredo, que é quando a Guerra Kree-Skrull começa DE VERDADE, segundo o próprio Roy Thomas. Mas é como o Caio Egon falou no Facebook:
“Mas é aquele lance de que, na época, não era “A Guerra Kree-Skrull”. Era só uma uma sequencia de historias que depois chamaram de saga” (EGON, Caio, 2017).
Enfim, apesar da falta de Guerra Kree-Skrull em grande parte de uma edição que carrega esse título, no fim ela ainda consegue divertir. É mais uma que cai na velha categoria “Mais fama do que merece” mas pelo menos não é um Terra X ou A Morte do Superman…
Nota:7,0
PS: Mais uma vez volto a bater na tecla…quer ler esta história mas não quer gastar 40 golpes na edição da Salvat? Vá atrás da Coleção Histórica Vingadores N º03. Ela tem duas edições a menos, que são a 89, que equivale ao capítulo 1, e a 92, que equivale ao capítulo 4. Mas, acreditem, elas não fazem grande falta realmente (sem falar que a edição 92 tem um dos resgates de um helicóptero em queda mais ridículos já vistos nos quadrinhos empreendido por um Capitão Marvel sem muita noção de lógica), além de manter toda a parte desenhada pelo Neal Adams intacta! Ah, e custa camaradas R$22,90, ou até menos se você encontrar em um sebo já que a edição é de 2014. #Fikaadika
PS 2: Destaque especial pra esta cena involuntariamente hilária, onde o Ronan dá um “bitch slap” no Rick Jones e , um quadro depois, resolve “Quer saber? Tu vai ser minua putinha!” e leva ele pela mão para o abate.